Em meio ao desgaste político provocado pelo apoio expressivo de parlamentares da base governista ao projeto que prevê anistia a participantes e organizadores dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma reunião com lideranças da Câmara dos Deputados. A informação é de O Globo.
O encontro deve ocorrer na próxima semana e seguirá o modelo do jantar promovido em 2 de abril com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e senadores de diferentes partidos. Desta vez, Lula receberá o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes de bancadas na tentativa de restaurar o alinhamento político da base aliada.
A articulação acontece em um momento de alerta para o Palácio do Planalto. Na última semana, o PL — partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — protocolou um pedido de urgência para a votação do projeto de lei que concede anistia a réus e condenados pelos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. A proposta teve apoio de 262 deputados, superando o mínimo necessário de 257 assinaturas. O dado que mais surpreendeu o núcleo político do governo foi que 146 desses apoiadores fazem parte de partidos considerados da base de sustentação de Lula.
Deputado da base não pode endossar esse tipo de iniciativa, diz Gleisi
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu com veemência à adesão dos aliados ao requerimento de urgência. Segundo ela, muitos deputados “não tinham conhecimento de que a proposta beneficia também os organizadores da tentativa de golpe”. Gleisi ainda classificou como “muito ruim” o fato de parlamentares da base assinarem o documento:
“Deputado que participa do governo não pode endossar esse tipo de iniciativa, que vai contra os valores democráticos”, declarou a ministra.
Entre os nomes que assinaram o requerimento está o líder do PP na Câmara, Professor Luizinho (RJ), que deve ser um dos convidados da reunião com o presidente. A presença de parlamentares que representam partidos do centrão e de bancadas influentes será estratégica para que Lula tente reverter o sinal de enfraquecimento da sua articulação política na Casa.
A movimentação também se dá em um contexto de mudança no comando da articulação política do governo. Com a saída de Alexandre Padilha da Secretaria de Relações Institucionais e a entrada de Gleisi Hoffmann, Lula busca estabelecer um canal mais direto e menos vulnerável com o Congresso, especialmente diante de pautas sensíveis como a anistia aos golpistas e o avanço de projetos conservadores no Legislativo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-articula-reuniao-com-lideres-da-camara-apos-adesao-da-base-a-anistia-de-golpistas-do-8-de-janeiro/