O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste domingo (1º) a postura do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, em relação ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A declaração foi feita em resposta a um ofício enviado diretamente do Departamento de Justiça dos EUA ao Ministério da Justiça do Brasil, em que o governo americano manifesta repúdio a decisões judiciais brasileiras envolvendo o bloqueio de redes sociais americanas no país.
A medida foi interpretada como mais um episódio do estilo direto e confrontador da gestão Trump, agora em seu novo mandato.
“Você veja que os Estados Unidos quer processar o Alexandre de Moraes, porque ele tá querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro”, afirmou Lula durante entrevista. Em tom incisivo, o presidente questionou o posicionamento norte-americano: “Que história é essa de os Estados Unidos querer negar alguma coisa, e criticar a Justiça brasileira? Eu nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, eu nunca critiquei. Fazem tanta guerra, matam tanta gente. Por que que eles vão querer criticar o Brasil?””, afirmou Lula neste domingo, durante o Congresso do PSB.
Nos bastidores do Itamaraty, o gesto foi considerado fora do protocolo diplomático usual. Ainda assim, auxiliares do governo brasileiro apontam que esse tipo de comportamento já é esperado da atual administração Trump, marcada por intervenções diretas e uso político das redes sociais.
A escalada das tensões ganhou novo episódio após o consultor político Jason Miller, aliado de Trump, marcar Alexandre de Moraes em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), insinuando que o ministro seria alvo de eventuais represálias da nova política americana de restrição a autoridades estrangeiras consideradas “hostis” à liberdade de expressão — uma medida anunciada na esteira das decisões do STF que determinaram o bloqueio de contas e perfis usados para disseminar desinformação no Brasil.
Apesar da controvérsia, fontes do Planalto indicam que o governo brasileiro buscará uma resposta diplomática institucional, sem ampliar o atrito publicamente, ao menos neste momento. A posição de Lula, no entanto, sinaliza que o Planalto não aceitará ingerência estrangeira em decisões soberanas do Judiciário brasileiro.
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