Mais de 60 entidades enviaram, nesta sexta-feira (20), uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), contra o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, devido ao aumento da violência policial no estado.
O documento, conforme informações da colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, solicita que a Comissão acompanhe os casos de abuso de força por parte de membros da Polícia Militar (PM) e emita recomendações ao governo brasileiro para reduzir a violência policial em todo o país.
A denúncia foi assinada por familiares de vítimas de operações policiais e organizações como Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado, Geledes — Instituto da Mulher Negra e Casa Sueli Carneiro. O grupo busca garantir que as autoridades brasileiras adotem medidas concretas para proteger os direitos humanos e combater o abuso policial.
Representantes das entidades realizaram uma audiência nesta sexta com o secretário de Segurança Multidimensional da OEA, Ivan Marques, para entregar o documento.
O pedido ocorre em um momento em que o estado vive uma crise na segurança pública frente aos recentes casos de abuso de força de policiais militares, alguns deles registrados por câmeras corporais, câmeras de monitoramento ou testemunhas.
A manifestação diz que é “inadmissível” que “a atuação policial continue sendo sinônimo de violação de direitos dos cidadãos e cidadãs”.
“A realidade demonstra a persistência de um modelo de segurança pública que opera à margem dos princípios constitucionais democráticos, utilizando a violência e o controle policial como instrumento de discriminação racial”, afirma ainda.
O documento relembra o posicionamento de Tarcísio contrários ao uso de câmeras corporais — e que voltou atrás e disse que errou nas críticas após os recentes episódios.
A denúncia também recorda a reação do governador frente às denúncias de abuso na Operação Verão, realizada na Baixada Santista após a morte do soldado Samuel Wesley Cosmo. Na época, ao ser questionado sobre o tema, Tarcísio afirmou que não estava “nem aí”.
“Tais ações geram precedentes perigosos de abuso de poder, comprometem a segurança jurídica e a confiança da população nas instituições democráticas”, segue o documento.
Em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, no último dia 15, Tarcísio afirmou que “combate ao crime não pode ser justificativa para o erro policial”.
“A gente tem uma deficiência na formulação de políticas públicas na segurança. Isso não é apenas em São Paulo, isso é geral. Mas a gente está fazendo essa reflexão aqui no estado de São Paulo”, disse o chefe do Executivo paulista. Tarcísio afirmou que está fazendo “correções de rota” na segurança pública paulista.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/mais-de-60-entidades-denunciam-tarcisio-e-derrite-na-comissao-interamericana-de-direitos-humanos-por-aumento-da-violencia-policial/