ministro Flávio Dino comandará audiência de conciliação com AGU e advogados da Câmara e do Senado para saber se prática continua
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Na volta do recesso do Supremo Tribunal Federal (STF) , nesta quinta-feira (01), o ministro Flávio Dino comandara uma audiência que irá debater sobre a existência do Orçamento Secreto.
O ministro Flávio Dino, atual relator de uma ação sobre o tema, afirma que não houve a “comprovação cabal” do cumprimento da decisão da Corte, que proibiu o sistema em 2022.
Duas frentes estão abertas no Supremo para tentar inibir as práticas de orçamento secreto. A primeira é uma conciliação agendada para quinta-feira (1) pelo ministro Flávio Dino no caso das emendas do relator. A segunda é uma nova ação em curso proposta pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) que questiona as chamadas emendas Pix – modalidade de emenda parlamentar ao Orçamento para destinar verbas públicas diretamente às prefeituras ou ao governo local, sem a necessidade de apresentar projeto ou apontar em qual área a verba será aplicada.
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Para entender se há descumprimento da decisão do Supremo por outros Poderes, Dino quer ouvir, no processo de conciliação sobre as emendas de relator, a opinião do Procurador-Geral da República, do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), do Advogado-Geral da União, do chefe da Advocacia do Senado, do chefe da Advocacia da Câmara dos Deputados e do advogado do partido autor da ação (Psol). Ainda não está claro se a conciliação deve se estender para mais de um encontro. Isso vai depender do que for discutido na primeira reunião, que ocorrerá a portas fechadas.
O alerta de que a decisão do Supremo não está sendo cumprida veio de organizações não-governamentais como Transparência Internacional, Transparência Brasil e Contas Abertas – no entanto, elas não participarão da audiência de conciliação.
As entidades apontaram três eixos de descumprimento da decisão do STF. No primeiro, questionam os valores remanescentes das emendas de relator, identificadas com o código RP 9 e base do orçamento secreto.
Neste caso, os parlamentares acabaram destinando a maior parte deste remanescente para as emendas de comissão. Assim, as verbas ficaram em nome da comissão como um todo, não de parlamentares específicos, tornando o controle mais difícil.
Além disso, os parlamentares ampliaram em 2023 outra rubrica, que identifica os recursos próprios dos ministérios, sem qualquer forma de transparência sobre quem indicou a despesa.
“Os recursos passaram a ser pagos via ministérios, só que a determinação de como e onde esses recursos seriam destinados acabou sendo feito pelos parlamentares”, explica Guilherme France, gerente de pesquisa e advocacy da Transparência Internacional no Brasil.
“O Congresso Nacional e o Poder Executivo têm encontrado caminhos para seguir as mesmas práticas que impedem a identificação do efetivo requerente do recurso por práticas inovadoras como a transferência por ministérios e agora com os recursos via comissão. São mecanismos inventados pelo Congresso para descumprir a decisão original do Supremo”, complementa France.
Outro eixo apresentado pelas associações foi o descumprimento da determinação de publicar informações relativas à autoria das emendas RP 9 e a sua aplicação. E o terceiro eixo foram as emendas Pix, criadas com o argumento de facilitar a função administrativa, mas pouco transparentes e de difícil controle, pois realizados os repasses a competência de fiscalização não é mais federal, mas sim dos tribunais de contas estaduais e municipais, que não são obrigados a monitorar as transferências.
No entanto, neste caso, Dino entendeu que as emendas Pix foram instituídas pela emenda constitucional 105/2019, portanto, um instrumento diferente do dispositivo mencionado na ação na qual é relator. O ministro entendeu necessária outra ação no STF para discutir o tema e se absteve. A decisão de Dino contribuiu para a Abraji ajuizar nova ação na Corte.
“Não é porque mudou o governo que a gente vai parar de olhar para isso, não faz sentido. Foi uma surpresa quando o ministro Flávio Dino pediu os pronunciamentos. Espero que se faça impor realmente a decisão do STF de dar transparência à destinação desses recursos, porque não é possível que tenha uma decisão do Supremo e o governo e o Congresso simplesmente deem um jeito de burlar pela não-transparência”, analisa Juliana Sakai, diretora-executiva da Transparência Brasil.
Fonte: https://diariodopoder.com.br/brasil-e-regioes/e04-brasil/orcamento-secreto-volta-a-pauta-do-supremo-tribunal-federal