O Palácio do Planalto reafirmou, nesta quinta-feira (15), sua posição contrária à criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os descontos indevidos em benefícios do INSS. A movimentação ocorre após uma declaração do líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), que indicou apoio à instalação da comissão, em um gesto considerado não alinhado com a estratégia do governo. A informação é do O Globo.
Segundo interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a fala de Carvalho não foi previamente combinada com a articulação política do Executivo. Para o núcleo próximo de Lula, a criação da CPMI pode trazer consequências indesejadas ao Planalto, tanto no campo político quanto nas investigações em curso. A avaliação é que a comissão, com poderes para quebrar sigilos, poderia antecipar revelações cruciais para os trabalhos da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), prejudicando o andamento das apurações.
Além disso, há um receio evidente de que o debate em torno da comissão ganhe espaço prolongado na imprensa e cause desgaste à imagem do governo. Fontes palacianas ainda avaliam que a fala de Carvalho atrapalha a tentativa de desmobilizar parlamentares da base aliada que aderiram ao pedido de abertura da CPMI.
Rogério Carvalho, no entanto, manteve sua posição em defesa da investigação: “O partido vai assinar, sim, essa CPI, e nós vamos investigar olhando todos os fatos e todas as pessoas”, afirmou o senador.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também se pronunciou, destacando a confiança na atuação dos órgãos de controle. “Quem chamou a polícia e deixou ela investigar foi o presidente Lula. Eu não assino CPI, por achar que isto cabe à Polícia Federal. O Congresso deve cuidar dos problemas reais do Brasil, das matérias que importam. Mas, talvez eu assine essa, por acreditar que os ventos vão mudar”, declarou Wagner, sinalizando possível mudança de posição conforme o cenário político evolua.
Mesmo com a resistência do Planalto, a possibilidade de instalação da CPMI segue no radar do governo. Caso a comissão seja inevitável, a estratégia já desenhada é assegurar que aliados ocupem os cargos mais relevantes, como a presidência e a relatoria, para garantir algum controle sobre os rumos das investigações parlamentares.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/planalto-reage-a-lider-do-pt-e-reforca-oposicao-a-cpmi-do-inss/