A palavra mais usada entre integrantes do Palácio do Planalto para descrever o sentimento diante do apoio de mais de 100 deputados da base do presidente Lula ao requerimento de urgência da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro é uma só: indignação.
Segundo informa Bela Megale em sua coluna no jornal O GLOBO, a principal crítica entre membros do governo é que não faz sentido que parlamentares de partidos que compõem a base aliada endossem uma proposta que, na avaliação do Planalto, perdoaria golpistas responsáveis por tentar derrubar o atual governo e até mesmo ameaçar a vida do presidente da República.
Para o núcleo político do governo, a anistia não tem como foco figuras como a cabeleireira Débora Rodrigues — que se tornou símbolo da narrativa bolsonarista para justificar a medida —, mas sim personagens centrais da articulação golpista, como Jair Bolsonaro e os militares que integravam seu círculo mais próximo. Todos já se tornaram réus em ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), acusados de tentativa de golpe de Estado.
Em meio à repercussão, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, sinalizou na quinta-feira (10) que o governo está disposto a discutir a possibilidade de redução de penas para os envolvidos nos atos antidemocráticos, desde que os responsáveis pela liderança e articulação do golpe não sejam contemplados com o perdão. Gleisi se manifestou de forma contrária ao projeto que tramita na Câmara e alertou que, embora isso não esteja explícito no texto, a medida abre espaço para beneficiar Bolsonaro e os generais que participaram da tentativa de ruptura institucional.
O requerimento de urgência para que o projeto avance no plenário da Câmara exige ao menos 257 assinaturas. De acordo Sóstenes Cavancante (PL-RJ), líder do partido de Bolsonaro na Câmara, o número foi atingido. Dentre os signatários, mais de 115 são deputados de siglas que compõem a base do governo Lula, como MDB, União Brasil, PP, PSD e Republicanos — todos partidos com ministérios na Esplanada dos Ministérios.
Diante do cenário, integrantes do governo passaram a defender uma reação política mais incisiva para deixar claro a essas legendas o descontentamento com o comportamento de seus parlamentares. No entanto, ainda não há uma decisão concreta sobre qual será a resposta adotada pelo Planalto.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/planalto-reage-com-indignacao-a-apoio-de-deputados-da-base-do-governo-ao-projeto-de-anistia/