O premiado diretor de cinema norte-americano Spike Lee será homenageado com o Título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro. A proposta foi aprovada nesta terça-feira (6) pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), por iniciativa da deputada Dani Balbi (PCdoB).
Com uma trajetória marcada por uma abordagem contundente sobre questões raciais e sociais, Spike Lee tem uma relação antiga com o Brasil — e especialmente com a cidade do Rio de Janeiro.
O cineasta esteve pela primeira vez na capital fluminense em 1995, quando dirigiu o videoclipe de “They Don’t Care About Us”, de Michael Jackson, gravado no morro Santa Marta, na Zona Sul carioca. Em 2024, ele retornou ao local e fez questão de posar ao lado da estátua do cantor, instalada na comunidade.
“Spike Lee é um artista que sempre usou o cinema como ferramenta de denúncia, transformação e valorização das culturas negras. Sua conexão com o Brasil, com o povo do Rio, é profunda e merece ser reconhecida. É um gesto simbólico que celebra uma trajetória marcada pelo compromisso com a justiça racial”, afirmou a deputada.
Em 2014, Lee lançou o documentário “Go Brazil Go!”, no qual entrevistou dezenas de personalidades brasileiras — a maioria delas negras — para retratar a sociedade brasileira sob a ótica das desigualdades raciais.
Ele chegou a se reunir com a então presidente Dilma Rousseff, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, parlamentares e ativistas. O cineasta também acompanhou presencialmente o julgamento sobre a constitucionalidade das cotas raciais no Supremo Tribunal Federal.
Nascido em 20 de março de 1957, em Atlanta, na Geórgia (EUA), Spike Lee cresceu no bairro do Brooklyn, em Nova York, e é filho do compositor de jazz Bill Lee. Formou-se em comunicação pelo Morehouse College e, posteriormente, ingressou na prestigiada Graduate Film School da Universidade de Nova York, onde iniciou parcerias duradouras com profissionais como o diretor de fotografia Ernest Dickerson.
Sua estreia nos cinemas ocorreu em 1986, com She’s Gotta Have It, filme que escreveu, dirigiu, produziu e protagonizou. Com orçamento modesto de US$ 175 mil, o longa foi aclamado em Cannes e projetou Lee como um dos nomes mais relevantes da nova geração do cinema independente americano.
A partir daí, consolidou uma carreira marcada por obras que tratam diretamente de racismo, desigualdade e cultura afro-americana, como Jungle Fever (1991) e Entre no Ônibus (1996).
Fonte: https://agendadopoder.com.br/spike-lee-recebera-titulo-de-cidadao-do-estado-em-reconhecimento-a-sua-trajetoria-e-vinculo-com-o-brasil/