Após meses de negociações, o União Brasil oficializou, nesta segunda-feira (28), sua adesão à federação partidária com o Progressistas (PP). A informação é do jornalista Lauriberto Pompeu, do portal G1. O anúncio formal da chamada “superfederação”, que reunirá 107 deputados federais e 14 senadores, está marcado para esta terça-feira (29).
Segundo o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, a federação será comandada inicialmente por uma co-presidência formada por ele e por Ciro Nogueira, atual presidente do PP. Esse modelo de gestão valerá até dezembro, quando uma nova eleição definirá quem assumirá o comando único da federação a partir de 2026.
“Inicialmente vai existir uma co-presidência até dezembro, Rueda e Ciro. A gente vai integrar os dois partidos nesse início e a partir de janeiro a gente terá uma presidência só”, explicou Rueda.
Nos bastidores, o Progressistas tentou emplacar o nome do deputado Arthur Lira (PP-AL) — ex-presidente da Câmara — como primeiro presidente da federação, mas o União Brasil preferiu Antonio Rueda, o que levou à solução de co-presidência. Lira, segundo interlocutores, manifestou insatisfação com a decisão, agravando tensões que já existiam por conta de disputas regionais.
A nova federação ultrapassará o PL de Jair Bolsonaro na Câmara, tornando-se a maior bancada da Casa. No Senado, o grupo empatará com o PL e o PSD, ocupando o posto de maior representação. A estrutura robusta incluirá ainda um fundo partidário estimado em R$ 954 milhões, além de seis governadores e mais de 1.300 prefeitos.
Tensões internas e janela partidária
Apesar do acordo, divergências internas ameaçam a estabilidade da superfederação. Deputados históricos do antigo DEM, como Mendonça Filho (União-PE) e Pauderney Avelino (União-AM), sinalizaram que podem deixar a sigla na próxima janela partidária, prevista para abril de 2026, quando a legislação permite a troca de partido sem perda de mandato.
Também há tensões no PP baiano, onde deputados aliados ao PT demonstram desconforto com a união ao União Brasil — que faz oposição ao governo estadual. Na Paraíba, a disputa entre o senador Efraim Filho (União-PB) e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) promete gerar novos conflitos à medida que se aproximarem as eleições de 2026.
Presidência da República em 2026
Outro ponto de atrito será a candidatura presidencial. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), já lançou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto. O líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), ponderou que a movimentação de Caiado será debatida internamente:
“Ele precisa dialogar com o campo que ele faz parte. Partido é isso, partido não pode ser levado por debaixo do braço de A, B ou C”, afirmou.
O vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, adotou tom conciliador e ressaltou que o Progressistas também pretende apoiar nomes, como o da senadora Tereza Cristina (PP-MS):
“O desejo é que a gente possa ter um papel decisivo, possa ser protagonista na construção de uma candidatura alternativa ao que o Brasil vive hoje”, declarou.
Relação com o governo Lula
Embora tanto União Brasil quanto PP sejam formalmente oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), integrantes das duas legendas ocupam ministérios na atual gestão. O União é representado por Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração Nacional) e Juscelino Filho (Comunicações, apadrinhado por Davi Alcolumbre). O PP conta com André Fufuca (Esporte).
ACM Neto afirmou que a decisão sobre eventuais saídas do governo será tomada posteriormente, após o registro da federação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
“Isso vai ser discutido em outro momento. Cada um tem a sua opinião e vamos decidir democraticamente”, disse.
A expectativa é que o TSE aprove a federação até o fim do primeiro semestre de 2025.
Futuro de Sergio Moro também será tema de disputa
Outro desafio para a nova superfederação será administrar as pretensões do senador Sergio Moro (União-PR), que deseja disputar o governo do Paraná em 2026. Moro enfrenta resistência dentro do Progressistas, especialmente do deputado Ricardo Barros (PP-PR) e do próprio Ciro Nogueira, seus antigos adversários políticos durante a operação Lava Jato.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/uniao-brasil-e-pp-selam-criacao-de-superfederacao-que-tera-a-maior-bancada-do-congresso/