Zema compara moradores de rua a carros e propõe ‘guincho’ para removê-los das calçadas

Em mais um episódio que causou forte repercussão política, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparou moradores de rua a carros estacionados irregularmente e sugeriu que o Brasil deveria criar uma legislação que permitisse “guinchá-los” das vias públicas. A declaração foi dada durante entrevista à rádio Jovem Pan, na quinta-feira.

“Temos lá [em Belo Horizonte] moradores de rua ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora, fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que seja efetivo”, afirmou o governador ao comentar sobre desafios urbanos enfrentados por cidades como São Paulo e Belo Horizonte.

A fala foi imediatamente criticada por lideranças políticas e entidades sociais. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também mineiro, reagiu com dureza: “A insensibilidade do governador é revoltante! Zema erra para além da palavra. Alguém tem que ensinar a esse filhinho de papai que o correto, quando se trata de pessoas, é acolher”, escreveu nas redes sociais.

Essa é a segunda declaração controversa de Zema em menos de uma semana. Na terça-feira, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o governador evitou classificar o regime militar brasileiro como ditadura e tratou o tema como uma “questão de interpretação”. Questionado se considerava o período autoritário, respondeu: “Eu acho que tudo é questão de interpretação. Prefiro não responder, porque acho que há interpretações distintas. E houve terroristas naquela época? Houve também. Então fica aí. Acho que os historiadores é que têm de debater isso. Eu preciso me preocupar, hoje, com Minas Gerais.”

A declaração foi interpretada como uma tentativa de relativizar os crimes cometidos pelo regime militar entre 1964 e 1985, o que provocou reações críticas tanto da oposição quanto de setores moderados. Nos bastidores, aliados relataram desconforto com o discurso do governador, temendo impactos negativos para a imagem do vice-governador Mateus Simões (Novo), que se apresenta como figura mais moderada e é visto como potencial sucessor.

Zema vem intensificando sua presença no campo da direita bolsonarista e é cotado como pré-candidato à Presidência da República em 2026, ocupando o espaço deixado por Jair Bolsonaro, atualmente inelegível. Nos últimos meses, ele participou de atos públicos ao lado do ex-presidente, apoiou a proposta de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro e aumentou a frequência de críticas ao governo Lula.

Além de Zema, outros nomes do campo conservador se movimentam em direção à corrida presidencial, como os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Júnior (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul). A disputa por esse eleitorado pode se intensificar nos próximos meses, e o tom adotado nas falas públicas tende a ter papel determinante para a consolidação — ou desgaste — dessas lideranças.

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