Brasília além de Niemeyer: 7 nomes que influenciaram a história da capital

Brasília, a capital modernista do Brasil, não seria o que é hoje sem a contribuição de diversos talentos que moldaram sua personalidade única. Além do renomado arquiteto Oscar Niemeyer, conhecido por todos, outros nomes foram essenciais para a construção e o desenvolvimento da cidade.

Juscelino Kubitschek, como se sabe, foi o grande idealizador por trás da construção de Brasília. Compartilhando o sonho, Lúcio Costa se tornou o urbanista responsável pelo plano piloto da cidade, transformando-a em um destino moderno, funcional e, por que não, geométrico.

Athos Bulcão, com seus azulejos coloridos, deu vida aos prédios públicos da cidade, enquanto Darlan Rosa, com suas esculturas, e Burle Marx, com seus jardins, trouxeram leveza para o cenário brasiliense. As mulheres também desempenharam um papel crucial na construção de Brasília, como Dulcina de Moraes na cultura, ao fundar a primeira escola de teatro da cidade, e Sarah Kubitschek, que além de esposa de Juscelino, contribuiu para as iniciativas sociais e culturais da nova capital.

Esses grandes nomes, além de Niemeyer, deixaram suas marcas na cultura, política, arte e sociedade que se reúnem hoje na região Centro-Oeste do país. Saiba mais sobre eles abaixo:

  • Lúcio Costa: idealizador do projeto urbanístico da cidade

Brasília, capital do país, foi projetada segundo plano urbanístico de Lúcio Costa / Daniel Costa/Unsplash

Lúcio Costa foi o arquiteto responsável pelo plano urbanístico de Brasília, concebendo a ideia de uma cidade moderna e funcional. Seu projeto visionário foi fundamental para a construção da capital. Os traços de Lúcio Costa para Brasília são marcados pela simplicidade, e desde seus rascunhos é possível identificar os dois eixos cruzados em ângulo reto, como uma cruz.

Um dos eixos, levemente inclinado, se tornou uma área residencial, e o outro, chamado de Eixo Monumental, abriga a maioria dos prédios públicos, tão conhecidos. No centro estão a rodoviária e a torre de TV.

Um dos passeios para incluir no roteiro em Brasília é o Espaço Lúcio Costa, idealizado pelo amigo Oscar Niemeyer e inaugurado em 1992. O museu subterrâneo integra o Conjunto Cultural Três Poderes e abriga a Maquete de Brasília, rodeada por uma galeria com cópias dos croquis e do Relatório do Plano Piloto.

  • Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília

Construção dos edifícios ministeriais em Brasília em 1959
Construção dos edifícios ministeriais em Brasília em 1959 / Arquivo Público do DF

Juscelino Kubitschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, foi o responsável por transformar o sonho de Brasília em realidade. Sua determinação e visão política foram essenciais para a construção da nova capital com a ajuda de seu plano de metas, um projeto desenvolvimentista que ficou conhecido como “50 anos em 5”, que tinha como foco desenvolver áreas que eram gargalos para a economia brasileira.

Vale ressaltar que os planos para transferir a capital para o interior se desdobram desde a Colônia, com a ideia de proteger o território para longe do mar. Após estudos durante o Império e até uma comissão exploradora do Planalto Central no período republicano, a pedra fundamental da cidade foi lançada em 1922 em terreno próximo a Planaltina, em Goiás.

Foi somente três décadas depois, nos idos de 1950, que o projeto para a construção de Brasília saiu do papel sob o governo de JK. Em 1956, às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser, finalmente, erguida.

  • Sarah Kubitschek com iniciativas sociais

Estátua de Sarah e Juscelino Kubitschek com o Memorial JK ao fundo
Estátua de Sarah e Juscelino Kubitschek com o Memorial JK ao fundo / Roque de Sá/Agência Senado

Sarah Kubitschek, esposa do presidente Juscelino Kubitschek, desempenhou um papel importante na construção de Brasília. Ela foi uma das primeiras moradoras da cidade e participou ativamente de iniciativas sociais e culturais que ajudaram a moldar a identidade da capital.

Quando ainda era moradora de Belo Horizonte, na década de 1950, criou a Associação das Pioneiras Sociais, que garantia assistência social à crianças, mães, grávidas e famílias menos favorecidas da sociedade. Em 1960, é inaugurado em Brasília um centro de reabilitação ligado à entidade, que mais tarde, sob o nome Rede SARAH, viria a se tornar hospitalar, com unidades hoje também em Belo Horizonte, Belém, Salvador, São Luís, Macapá, Rio de Janeiro e Fortaleza.

Foi ela também a idealizadora do Memorial JK, hoje um museu e memorial na Praça do Cruzeiro, no Eixo Monumental, que ajuda a perpetuar a história de Juscelino na capital. O local tem autoria de Oscar Niemeyer e foi inaugurado em 1981 com adornos internos creditados também a Athos Bulcão.

  • Darlan Rosa e a leveza do aço

O artista plástico e criador do Zé Gotinha, Darlan Rosa posa para fotografia em sua residência.
O artista plástico e criador do Zé Gotinha, Darlan Rosa posa para fotografia em sua residência./Joédson Alves/Agência Brasil

Mineiro de Coromandel, Darlan Manoel Rosa chegou a Brasília em 1967 levando na bagagem o dom das artes. Iniciou-se neste mundo desde pequeno com seu pai, um escultor de mármore. O pintor, escultor, desenhista, programador visual e professor tem uma trajetória artística memorável. Darlan Rosa fez várias exposições nas principais capitais brasileiras, na Bienal Internacional de São Paulo (1976) e em vários países, como Alemanha, Cuba, França e Jordânia.

Suas obras mais famosas são as 46 esferas espalhadas por edifícios de Brasília e o Parque Casulo, no Centro Cultural Banco do Brasil. Darlan também é o criador do Zé Gotinha, que veio à tona em 1986 como parte da campanha para a erradicação da poliomelite. A campanha foi um sucesso, o que levou o personagem a ser o símbolo da vacinação no país.

  • Athos Bulcão, os azulejos geométricos de Brasília

Athos Bulcão e Oscar Niemeyer, em foto do acervo da Fundação Athos Bulcão.
Athos Bulcão e Oscar Niemeyer em foto do acervo da Fundação Athos Bulcão / Divulgação/Fundathos

Athos Bulcão foi um importante artista plástico brasileiro, conhecido por seus azulejos geométricos que decoram diversos prédios e espaços públicos de Brasília. Sua obra contribuiu significativamente para a estética e identidade visual da capital. Nascido no Rio de Janeiro em 1918, Athos é conhecido por seus grafismos e formas geométricas presentes no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto, na Catedral Metropolitana de Brasília e até em murais em Cabo Verde, Argélia, Itália, Argentina e França.

Sua obra é especialmente apreciada pelos moradores da cidade. Seus trabalhos não estão somente confinados em museus e galerias, já que podem ser apreciados também no caminho para a Universidade de Brasília, no Hospital Sarah Kubitschek e também em passeios no Cine Brasília, no Teatro Nacional Cláudio Santoro e até em paredes no Mercado das Flores.

  • Burle Marx, o paisagismo da capital

Fachada do Palácio do Itamaraty, em Brasília
Paisagismo dos jardins do Palácio do Itamaraty são de autoria de Burle Marx / Christoph Diewald/Flickr

Roberto Burle Marx foi um renomado paisagista brasileiro, responsável também por projeto de diversos espaços em Brasília, como o Palácio do Planalto e o Palácio da Alvorada. Sua obra influenciou a forma como a natureza é integrada à arquitetura da cidade – e de todo o país.

Seu papel no paisagismo e produção do espaço urbano com inclinação modernista está materializado na capital federal há mais de cinquenta anos. Além dos espaços acima, é possível ver o trabalho de Burle Marx na Superquadra 308 Sul e nos jardins do Palácio do Itamaraty, do Palácio do Jaburu e do Palácio da Justiça.

Suas iniciativas de trazer a natureza para o concreto, priorizando plantas nativas brasileiras, pode ser apreciado, também, no Instituto Inhotim, em Minas Gerais.

  • Dulcina de Moraes e os palcos

Dulcina nasceu em 1908, em Valença, no interior do Rio de Janeiro e era filha de dois grandes atores da época.
Dulcina nasceu em 1908, em Valença, no interior do Rio de Janeiro e era filha de dois grandes atores da época / Reprodução/Faculdade de Artes Dulcina de Moraes/Facebook

Dulcina de Moraes foi muito mais do que uma atriz. Ela foi uma empreendedora cultural visionária que deixou um legado significativo na cena teatral de Brasília. Filha de atores, ela respirava arte desde cedo e, em um movimento audacioso, fundou a primeira escola de teatro da cidade, o Teatro Dulcina.

Este espaço não só se tornou um importante centro cultural, mas também foi fundamental para a formação de muitos artistas locais. Seu teatro, projetado por ninguém menos que Oscar Niemeyer, foi inaugurado em 1980. Hoje, pertence à Fundação Brasileira de Teatro (FBT) e é um local de referência com 400 lugares, palco italiano, oito camarins e cabine de som e luz, além de abrigar uma faculdade de teatro.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/viagemegastronomia/cultura/brasilia-alem-de-niemeyer-7-nomes-que-influenciaram-a-historia-da-capital/