Governo já encontrou plano para enterrar de vez o PL da Anistia na Câmara

Foto:  Ricardo Stuckert –

Planalto quer colocar um ponto final na gritaria dos bolsonaristas que buscam perdão aos criminosos golpistas do 8/1, que, por tabela, livraria Bolsonaro da cadeia. Entenda o método

A aporrinhação do Projeto de Lei da Anistia, que pretende perdoar os criminosos golpistas do 8 de Janeiro de 2023 e de quebra livrar Jair Bolsonaro da cadeia, está com os dias contados na Câmara dos Deputados. Pelo menos é o que o governo Lula acredita após a elaboração de um plano que deve travar a iniciativa da extrema direita e enterrá-la definitivamente.

Os bolsonaristas conseguiram juntar 265 assinaturas para um requerimento de urgência na apreciação da matéria quando o exigido pelo regimento da Câmara é no mínimo 257. Mesmo assim, pautar em caráter de urgência esse PL dependeria da vontade e da anuência do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que desde o primeiro momento mostrou-se contrário à ideia, mas mudou bruscamente de atitude após uma postagem realizada na terça-feira (15) nas redes sociais na qual afirmou que deixará essa decisão para uma espécie de votação informal entre os integrantes dos Colégio de Líderes, o que na prática daria um resultado favorável à famigerada anistia e a colocaria para tramitar no parlamento.

Diante disso, o Planalto estudou o cenário, cogitou hipóteses e decidiu sobre qual medida levaria em frente para acabar de vez com um assunto que está atrapalhando o andamento de tudo no país e que sequer deveria estar sendo debatido pelo seu teor absurdo. A abordagem está relacionada ao número de deputados que aderiu à lista que pedia urgência para o Projeto de Lei.

A articulação política do Planalto e a bancada do governo na Câmara sabem que o que vale mesmo em termos de adesão ao regime de urgência de um Projeto de Lei é a votação em plenário e não os nomes na lista. Tendo os bolsonaristas obtido 265 adesões (oito a mais que o mínimo exigido, sendo ainda que 146 delas vindas de partidos em tese “governistas”), estabeleceu-se que bastaria a retirada de oito votos, embora na verdade trabalhe com uma cifra um pouco maior, de 12 a 15 parlamentares no universo dos 146 “governistas”, para que no dia da votação real a anistia não passe e a vitória do Planalto venha com folga.

Mas como isso seria feito? A resposta é simples: uma alteração banal e corriqueira em nomeações para alguns cargos desejados e a liberação de emendas para as bases eleitorais desses deputados. Aliás, para analistas ouvidos pela Fórum, muitos dos signatários da lista de urgência do PL da anistia já colocaram seus nomes lá propositalmente, sabendo que o governo poderia querer barganhar para que eles retirassem. Ou seja, algo que nem seria visto como tão anormal assim.

Fontes com trânsito no governo e no Congresso garantem que o plano é infalível e que as chances de dar errado seriam muito baixas, visto que boa parte dos signatários da lista, até mesmo a maioria deles, não é formada por parlamentares ideologicamente extremistas, além dos muitos moderados que passaram a ser pressionados de forma agressiva e violenta pela bancada bolsonarista. Há quem diga que, uma vez que a oferta de cargos e liberação de emendas seja feita, formaria até fila de interessados para retirar o nome da lista e votar contra a matéria no plenário.

Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/2025/4/16/governo-ja-encontrou-plano-para-enterrar-de-vez-pl-da-anistia-na-cmara-177586.html