Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados –
Depois de permitir a patacoada envolvendo a votação para salvar Ramagem e o ex-presidente, sabendo que a manobra era ilegal, ele agora já tem uma nova ação contra o Supremo
Hugo Motta (Republicanos-PB) parece ter tirado de vez a pele de cordeiro e estar disposto a mostrar a todo o Brasil o lobo que habita a presidência da Câmara dos Deputados. Depois de permitir o andamento da descabida votação que tentou salvar a pele de Alexandre Ramagem (PL-RJ), de Jair Bolsonaro (PL) e dos principais colaboradores diretos do ex-presidente na ação penal que tramita no STF, que os julga pela tentativa de golpe de Estado fracassada, mesmo sabendo que a manobra era ilegal e que seria invalidada na Corte, o parlamentar paraibano que comanda a Câmara irá agora para cima do Supremo novamente.
A Fórum apurou que Motta está pronto para dar sequência no enfrentamento que vem patrocinando contra o STF, que por sua vez viu na atitude do presidente da Câmara na semana passada, ao permitir o avanço da grotesca pauta que livraria o pescoço de Ramagem e outros articuladores, uma molecagem que apenas pretende criar tensão entre os poderes da República e acentuar ainda mais a crise institucional instalada após a chegada do bolosnarismo ao poder.
O placar do julgamento sobre a ilegalidade da decisão da Câmara no caso Ramagem já está definido e foi por unanimidade (5 a 0), na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, embora não esteja encerrado, tendo em vista que ainda há formalidades para que se dê o procedimento como findado. Assim que a finalização for oficializada, Motta já tem na cabeça uma reação incendiária para tentar outra vez desestabilizar a Corte.
De acordo com interlocutores, a ideia inicial é a da publicação de uma espécie de carta criticando a atitude do Supremo de ter decretado a ilegalidade da decisão da Câmara ao livrar Ramagem e seus comparsas, sempre sob o argumento de que isso “fere a independência entre os poderes”. O discurso que se espera de Motta é uma cópia ipsis litteris da ladainha bolsonarista dos últimos anos, que acredita que, só pelo fato de as Casas que compõem o Congresso Nacional terem autonomia, elas podem sair por aí tomando as mais aberrativas decisões, inclusive ao arrepio da lei e da Constituição Federal, sem serem freadas pelo STF.
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, no Supremo, a ordem é seguir o ritmo e ignorar, tanto o enfrentamento irresponsável do agora mais bolsonarista do que nunca Hugo Motta, quanto qualquer decisão que vise exclusivamente se indispor com a Corte. Os julgamentos relacionados à tentativa de golpe de Estado seguirão e quem tiver que ser condenado e preso será, dizem interlocutores dos ministros.