Atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, o filme de terror nacional “A Herança” coloca um casal gay no centro de uma trama que explora tradições familiares e casas de veraneio assustadoras. Dirigido por João Cândido Zacharias, o longa tem sido exibido em festivais de cinema de gênero ao redor do mundo.
O filme narra a história de Thomaz, interpretado por Diego Montez (“O Sequestro do Voo 375″), que volta ao Brasil após a morte de sua mãe. Após o episódio, ele descobre ser o único herdeiro de uma casa que pertencera a uma avó que ele nunca conheceu.
Mas ao chegar à propriedade, seu namorado, interpretado pelo francês Yohan Levy (“A Grande Volta”), começa a perceber que algo sombrio pode estar escondido por trás da aparente tranquilidade da vida no campo.
Em entrevista à CNN, o diretor explicou que, embora a produção tenha sido pensada para entreter o público, colocar um casal gay no centro da narrativa foi essencial para subverter as tradições da sociedade. “A ideia da família tradicional, com o homem da casa sentado à cabeceira da mesa, ou as tradições que reforçam papéis, sempre estiveram presentes em nossa sociedade. A diferença agora é que essas questões estão mais escancaradas”, afirmou ele.
“O grande conflito da história é, de fato, o embate interno de Thomas: a vida que ele escolheu para si contra a tradição que o chama de volta“, explicou o diretor. “Esse é um dilema que, em algum nível, todos enfrentam — o que a família te oferece versus o que você busca no mundo. O filme reflete isso simbolicamente, explorando a ideia de que, em muitos casos, uma parte da sociedade acredita que a tradição e os valores familiares representam o ‘certo’, enquanto tudo o que é diferente é visto como ‘errado’.”
Para ilustrar melhor esse raciocínio, o filme coloca figuras tradicionais como bruxas e criaturas malignas que aterrorizam um casal não convencional. “Isso ajuda a criar um embate interessante e reflexivo na trama”, completa o diretor.
Casa mal-assombrada?
Outro elemento essencial para o sucesso de “A Herança” como produção de terror é sua ambientação. A casa onde o filme foi gravado possui uma atmosfera gótica que se encaixa perfeitamente no clima da história. No entanto, essa combinação acaba sendo tão perfeita que parece quase excessiva.
Tatiana Leite, produtora de “A Herança”, recorda que até a própria equipe do filme começou a sentir coisas estranhas na casa. “Tivemos várias experiências curiosas e assustadoras lá. Em um dia, alguém disse ter ouvido uma pessoa tocando piano durante a noite. No dia seguinte, todos estavam assustados e não queriam entrar na casa. Além disso, surgiram diversas histórias de assombrações enquanto começávamos a ocupar o espaço”, relata.
Para isso, como em qualquer bom filme de terror, o elenco e os produtores decidiram submeter a casa a um ritual de purificação. “A equipe estava em pânico, e foi necessário que uma pessoa fosse até lá para benzer a casa e pedir permissão para que pudéssemos entrar e começar o trabalho”, ela acrescenta.
O elenco de “A Herança” também conta ainda com Ana Carbatti (“Os Últimos Dias de Gilda”), Luiza Kosovski (“Ainda Estou Aqui”), Jimmy London (“Cidade Invisível”), Analu Prestes (“Filhas de Eva”), Cristina Pereira (“O Clube das Mulheres de Negócios”) e Gilda Nomacce (“Nua por Dentro do Couro”).
“A Herança” foi destaque no Festival do Rio 2024, na 48ª da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e no 32º Festival MixBrasil. Internacionalmente, a produção conquistou o prêmio de melhor longa-metragem ibero-americano na 9ª edição do Festival Internacional de Cinema de Terror e Fantástico de Córdoba.
Assista ao trailer de “A Herança”:
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Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/a-heranca-terror-gay-que-subverte-tradicoes-teve-set-assombrado-entenda/