Marília Garcia e sua ilha de edição


“Sabemos que, na bolsa de valores culturais (e há tanto tempo que é difícil mensurar), o poema ocupa um lugar ‘de crise’, lugar em perpétua desvalorização. A ponto de gerar um mal-estar nos adeptos do ofício: quando perguntado se escreve poesia, o poeta sempre encontra um jeito de se esquivar da pergunta…”
Escreve isso quem não tem hábito de se esquivar de perguntas ou do fazer poético: a laureada Marília Garcia, cujo Câmera lenta faturou o ambicionadíssimo Prêmio Oceanos de 2018. O trecho faz parte do saboroso ensaio “Como o chocolate, a poesia”, que integra seu recém-lançado Pensar com as mãos.
O livro integra a coleção “Errar Melhor”. Inspirada em uma frase de Samuel Beckett (“Tente de novo. Falhe de novo. Falhe melhor”), a iniciativa da WMF Martins Fontes, dedicada a ensaios sobre escrita, já lançou Os mortos indóceis: Necroescritas e desapropriação, da mexicana Cristina Rivera Garza, vencedora do prêmio Pulitzer; e As aulas de Hebe Uhart, da argentina Liliana Villanueva.
Para quem se interessa não apenas pelo produto final da literatura, mas também pelos meandros da criação, é difícil não louvar uma iniciativa dessas. Pois já se vão distantes os tempos em que os jornais impressos abrigavam intelectuais públicos como Boris Schnaiderman e Paulo Rónai, com textos de fôlego que traziam e traduziam para uma audiência ampla as discussões do fazer literário.
Hoje há uma ou outra revista-trincheira que ainda comporta esse tipo de texto. Mas os jornais impressos viraram puxadinhos requentados de suas versões

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Fonte: https://revistacult.uol.com.br/home/marilia-garcia-e-sua-ilha-de-edicao/