Adolescentes em semiliberdade produzem mural durante oficinas de grafite

A escadaria do bairro Mãe Luiza ganhou novas cores e significado no Centro de Atendimento Socioeducativo em Semiliberdade – Casemi Nazaré, em Natal. O espaço público foi retratado em parede na sala de convivência da unidade por adolescentes responsabilizados por atos infracionais. O painel inclui habitações populares e Jesus conversando com moradores.

O trabalho foi orientado pelo artista visual Gil Leal, que concluiu, na primeira semana de julho, série de oficinas de grafite e muralismo com a produção da arte pelo grupo participante. Para viabilizar a atividade, os servidores reuniram material  próprio da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio Grande do Norte (Fundase/RN) e doações.

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“Trouxe referências com livros e conversamos sobre o tema. Eles pintaram toda a sala e pensamos a arte que seria aplicada. Os adolescentes foram bem receptivos para a atividade. E depois que começa a pintar vira outra coisa, começam a se divertir. Nesse tipo de trabalho não há muita expectativa pelo resultado final. O foco é no processo, ele é o mais importante”, detalhou o facilitador.

Gil faz parte da produtora cultural colaborativa Fábrica de Inventos e se voluntariou a partir de contato da coordenadora de Gestão de Pessoas da Secretaria de Estado da Administração do Rio Grande do Norte (Sead-RN), Ilana von Sohsten.

“Projetos de arte e cultura dão oportunidade de conhecer coisas novas, desenvolvem a concentração, despertam o senso de colaboração no momento em que precisam decidir juntos, dividir o espaço e as tintas.”, avaliou Ilana, ao destacar que a partir de solicitação do presidente da Fundase, Herculano Campos, conheceu o Case Pitimbu, onde realizou oficinas. Mais tarde, ampliou a parceria incluindo a unidade de semiliberdade masculina em Natal.

Adolescentes em semiliberdade produzem mural durante oficinas de grafite

A gerente do Casemi, Flávia Santos, lembra que os adolescentes gostam de deixar alguma marca, o que também contribui para o engajamento nesse tipo de atividade: “Percebemos a evolução individual, a atividade trabalha autoconfiança, timidez com a interação em grupo e o respeito pela construção coletiva.”

A atividade foi encerrada com roda de conversa conduzida pelo psicólogo e professor do Departamento de Administração Pública e Gestão Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Antonio Alves Filho e participação de Gil Leal, Ilana von Sohsten e o estagiário da Sead de Gestão de Políticas Públicas Pedro Terto, além de servidores da unidade.

O momento foi de valorização do grafite e da arte. Os adolescentes compartilharam a vivência e como a atividade permitiu expressar emoções e visões de mundo.

“Nossa conversa foi no sentido de valorizar o trabalho que eles fizeram, mostrar para eles a importância daquilo, inclusive desconstruindo o preconceito com o grafite, que hoje inclusive é bastante valorizado. Falei sobre a oportunidade, inclusive profissional, para quem tivesse se identificado com aquela arte, que pode, lá fora, oportunamente fazer um trabalho desse em outros lugares, em outras instituições”, contou Antonio, que realizou também dinâmica com papel, desenhos e palavras.

“Fiquei muito satisfeito com a atividade, esperando ter contribuído para que eles possam refletir sobre a vida e acreditem que podem ser pessoas de sucesso, melhores, superando os erros que cometeram. Todo mundo comete erros. Foi bem bacana, bem emocionante. O objetivo principal foi a valorização e a reflexão para que, a partir das artes, não só o grafite, eles busquem possibilidades de mudança de vida.”, concluiu o psicólogo. 

Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/adolescentes-semiliberdade-mural-grafite/