Conheça o poeta potiguar Marcos Antonio Campos

Com o objetivo de expressar sua visão de mundo, suas memórias e sua própria essência, Marcos Antonio Campos, escritor de 73 anos, natural do Rio Grande do Norte, encontrou na poesia a linguagem capaz de transformar suas experiências em arte. Desde que publicou sua primeira poesia, Anjos Tortos, em 2011, Marcos vem dedicando sua vida à escrita, explorando o poder das palavras para comunicar sentimentos, reflexões e vivências.

A poesia de Marcos é guiada por uma busca pela simplicidade e pela profundidade. Ele é especialmente atraído pelos poemas minimalistas, um estilo que sempre o inspirou. “Os poemas minimalistas sempre foram fontes de inspiração para mim”, diz ele, destacando a beleza de capturar grandes significados em poucas palavras. Em seus livros anteriores, como Um Bêbado Sonhador, Babel e Absinto, ele dedica capítulos inteiros a esse estilo.

Em sua obra mais recente, Dreamirim, o minimalismo ganha um espaço ainda maior, com um livro inteiro dedicado a essa forma de poesia, que Marcos descreve como uma verdadeira libertação criativa. Para ele, a poesia não tem limites, ela é um campo onde a imaginação e a interpretação do leitor podem se expandir sem restrições.

Em Dreamirim, Marcos explora a ideia de pequenos sonhos que, quando postos no papel, podem se tornar realidades. Para ele, esses sonhos podem ser simples, mas têm uma força enorme. “Cada qual com suas características básicas, com ou sem lirismo, seguindo sua métrica tradicional”, explica, mostrando que, embora a poesia possa ser despretensiosa, ela sempre carrega um significado profundo.

Livro Dreamirim por Marcos Antonio Campos. Foto: Divulgação

A simplicidade da poesia minimalista permite que o leitor, ao interagir com ela, encontre múltiplas interpretações, como se cada verso fosse uma chave para uma nova porta de significado. Embora sua poesia seja de um estilo mais contemporâneo, Marcos também carrega influências de grandes clássicos da literatura, como o famoso Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. A obra de Rosa, com suas complexas “veredas”, teve um papel importante na formação de seu estilo e visão literária.

“A primeira [vereda] é uma linha condutora que atravessa todas as páginas do livro. Representa uma homenagem à minha mãe, que era costureira”, revela. A segunda vereda, mais lírica, é formada pelos versos das Trovas do livro. Marcos, ao criar seus próprios caminhos literários, também constrói uma vereda pessoal que entrelaça suas vivências, suas influências e a paisagem do Rio Grande do Norte, com suas imagens potiguares, com o universo mais amplo.

Para ele, a poesia é, acima de tudo, um reflexo de quem ele é. “O que eu escrevo é o espelho do que sou”, diz Marcos, usando a metáfora do espelho de Narciso para ilustrar a relação entre o autor e suas palavras. A poesia, para ele, não é apenas uma arte ou um passatempo, mas um veículo para refletir suas experiências, emoções e a realidade ao seu redor.

Seus versos falam de sua cidade natal e de sua terra, mas também fazem referência a um mundo mais amplo, onde as imagens potiguares se misturam com as universais. Em Dreamirim, é possível encontrar o caranguejo uçá, o Farol de Mãe Luíza e o chão atapetado do jambeiro ao lado de referências globais, como se a obra de Marcos fosse uma ponte entre o local e o universal.

Marcos observa, com um olhar atento, o crescimento da literatura no Rio Grande do Norte, especialmente no campo da poesia. Ele vê o estado em um momento de grande efervescência literária, com poetas e escritores surgindo em cidades como Natal, Mossoró, Caicó e muitas outras.

No entanto, ele também percebe uma desconexão entre essa produção literária e o apoio institucional que deveria existir para fomentar e celebrar a arte potiguar. Para ele, a Casa do Poeta Potiguar, por exemplo, deveria ser mais do que apenas um nome; deveria ser um espaço que unisse os escritores e promovesse a poesia de forma coletiva, criando um ambiente de troca e incentivo.

Para Marcos, a poesia não é apenas sobre técnica. “Poesia é beleza”, ele diz, “e pode estar em qualquer linguagem.” Ele defende que o mais importante não é seguir regras rígidas, mas ser sincero e entregar-se à criação. Pois, como ele mesmo observa, “depois que o poema ganha o mundo, ele não é mais seu. Ele pertencerá ao imaginário de cada um.” A poesia, portanto, vai além do autor, ela se torna parte do público, pertencendo a todos que a leem e a interpretam.

Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/conheca-o-poeta-potiguar-marcos-antonio/