Com experiências que têm como cenário os municípios potiguares de Tibau do Sul, Felipe Guerra, Apodi e Serra de São Bento, o Rio Grande do Norte se mostra com potencial para o desenvolvimento do ecoturismo, é o que aponta a secretária de Turismo do RN, Marina Marinho. “Nosso estado reúne uma diversidade única de biomas e paisagens — desde o litoral com falésias, dunas e piscinas naturais até o sertão com suas formações rochosas, cavernas, trilhas e áreas de preservação ambiental”, destacou.
Ela explica que com uma “cultura rica e comunidades tradicionais”, a oportunidade de colocar o RN no mapa do turismo ecológico cresce ainda mais, complementando as experiências de contato com a natureza. “Clima favorável durante o ano inteiro e a hospitalidade do nosso povo também são diferenciais que fortalecem o ecoturismo como um segmento estratégico para o desenvolvimento sustentável do RN”, defende Marina.
A secretária aponta que o Estado conta com alguns destinos de sucesso, como o sítio arqueológico Lajedo de Soledade, localizado em Apodi e considerado um dos mais importantes do País, sendo a maior exposição de rocha calcária da Bacia Potiguar. Ela também cita que o município de Felipe Guerra também tem se consagrado como um polo importante para o ecoturismo, com o conjunto de cavernas e trilhas ecológicas dispostas para visitação.
“Além disso, o ecoturismo nas áreas litorâneas também ganha força em lugares como Galinhos, São Miguel do Gostoso, Tibau do Sul e Baía Formosa, onde é possível praticar atividades como caiaque, trilhas, observação de fauna e flora, sempre em contato com comunidades locais”, afirmou.
Em comparação com o turismo tradicional, especialmente no litoral do Estado, Marina Marinho explica que o turismo ecológico ainda não pode se equiparar, no entanto, existe uma oportunidade de um crescimento constante, impulsionado principalmente por um novo perfil de viajante que é mais consciente, interessado em experiências autênticas e que busca conexão genuína com a natureza. “Com isso, o ecoturismo tem se fortalecido como uma alternativa complementar e sustentável, beneficiando principalmente regiões do interior e comunidades tradicionais”, ressalta.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) também ressalta o turismo ecológico como um segmento de nicho de alto valor agregado e que pode contribuir cada vez mais para a diversificação da oferta turística potiguar, como uma alternativa para além do turismo tradicional e de litoral no RN. A entidade defende que é necessário ter mais progressos na infraestrutura de acesso, desenvolvimento de novos produtos e investimento em promoção para que o estado possa estar mais presente nas rotas do ecoturismo.
De acordo com a entidade, a infraestrutura ainda precisa de avanços, bem como a estruturação e divulgação de roteiros integrados, que contemplem produtos turísticos vinculados a este segmento, e a conscientização a respeito da importância do turismo sustentável. “O Sistema Fecomércio RN tem buscado contribuir neste sentido com participação efetiva em diversos fóruns de discussão sobre o tema, bem como desenvolvendo projetos e capacitações para preparar o setor produtivo para essas oportunidades”, informou, ao AGORA RN.
Por outro lado, a Fecomércio RN explica que reconhece o potencial do RN como um destino de ecoturismo de destaque, “com atrativos que encantam pela singularidade e beleza natural”. Entre eles, a entidade cita que destacam-se o Geoparque Seridó e as cavernas de Apodi e Felipe Guerra, como a Furna Feia e o Parque da Chapada do Apodi. Destinos como Tibau do Sul e Serra de São Bento, dentre outros, também aparecem entre rotas famosas por proporcionarem experiências do turista conectar-se com o meio ambiente.
O principal projeto da Fecomércio neste sentido é o Programa de Desenvolvimento Turismo Local (DEL Turismo), que tem, no turismo sustentável, um dos principais pilares. A iniciativa já atendeu mais de 10 cidades no RN e foi premiada internacionalmente, trabalhando o planejamento turístico e a governança dos destinos e investindo em capacitação da mão de obra, procurando desenvolver o potencial do segmento como um todo, mas com um foco especial no ecoturismo e no turismo de base comunitária em destinos como Tibau do Sul, São Miguel do Gostoso, Tibau e Galinhos, dentre outras cidades.
Para garantir o protagonismo do RN na rota do ecoturismo, a secretária Marina Marinho afirma que existe um trabalho estratégico da pasta em conjunto com o governo estadual. Segundo ela, o estado avançou significativamente com ações de capacitação, apoio técnico às comunidades, promoção de roteiros sustentáveis e parcerias com instituições como o Sebrae e o Instituto Vivejar. Ela também destaca o projeto Turismo de Base Comunitária, coordenado pela Secretaria de Turismo, como uma das iniciativas mais importantes para integrar o ecoturismo a territórios com alto potencial, como áreas indígenas, quilombolas e de ostreicultura.
Interior do RN é destaque entre oportunidades de ecoturismo no Estado, aponta Femurn
Especialmente no interior do estado, o RN tem a chance de gerar, por meio do turismo ecológico e sustentável, uma maior renda para os trabalhadores locais. O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Babá Pereira, defende que a prática “pode se tornar uma nova matriz econômica, respeitando o meio ambiente e valorizando a identidade local”.
“Posso afirmar com convicção que o RN possui um enorme potencial para o ecoturismo. Com cerca de 2,41% do território estadual protegido por Unidades de Conservação (UCs), enxergamos no ecoturismo uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento sustentável, em especial no interior do estado”, disse Babá.
Segundo ele, a Femurn tem realizado levantamentos que identificam e classificam áreas com potencial ecológico e turístico. “No nosso estado, temos mapeadas diversas Unidades de Conservação distribuídas por polos turísticos consolidados como o Costa das Dunas, Costa Branca, Seridó, Serrano e Agreste/Trairi”, citou.
Além disso, áreas que vão para fora desses polos, como o Parque Ecológico Pico do Cabugi e a Estação Ecológica do Seridó, também têm sido incluídas nos estudos da Femurn, conforme explica o presidente da entidade. Segundo ele, isso sinaliza um esforço crescente de descentralização e valorização das regiões menos exploradas turisticamente, a exemplo de localidades no interior do estado.
No entanto, ele argumenta que existem entraves para que o interior potiguar também seja destaque no turismo ecológico, como a ausência de conhecimento de Unidades de Conservação. “A falta de conhecimento da população local sobre as UCs, a ausência de instrumentos de gestão, como os planos de manejo, a presença de atividades ilegais, como caça e desmatamento, carência de infraestrutura básica e sinalização turística, bem como baixa divulgação dos atrativos e dependência de políticas públicas contínuas”, listou.
“Enfrentar essas dificuldades requer articulação interinstitucional, planejamento estratégico e investimento em qualificação e sensibilização ambiental”, completou. Ele cita que outras medidas, como estabelecer parcerias entre os governos municipais, estaduais e universidades e desenvolvimento de programas permanentes de educação ambiental, podem incitar uma maior atuação do turismo de forma sustentável, além da valorização do bioma da Caatinga, conforme aponta Babá. “Com planejamento, integração e apoio institucional, é possível transformar nossas riquezas naturais em vetores de desenvolvimento sustentável”, concluiu.
Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/felipe-guerra-tibau-do-sul-e-apodi-impulsionam-novas-rotas-de-ecoturismo-no-rn/