O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve nova sentença condenatória no âmbito da Operação Plata, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro vinculado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão da Justiça atinge Valdeci Alves dos Santos, Maria do Nascimento dos Santos, Siderley Nogueira de Medeiros e Valdinaldo Fernandes de Araújo. Todos foram condenados por lavagem de capitais e associação criminosa.
Segundo a sentença, Valdeci Alves dos Santos exerceu papel de liderança no esquema e foi reconhecido como um dos principais nomes do PCC fora do sistema prisional. Conforme os autos, “Valdeci coordenava a movimentação e dissimulação de valores provenientes de atividades ilícitas, utilizando familiares e terceiros como interpostas pessoas para aquisição de bens, transações imobiliárias e distribuição de numerário em espécie”.
A Justiça reconheceu 17 condutas autônomas de lavagem de dinheiro atribuídas ao réu, que foi condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias de reclusão, em regime fechado. Ele já cumpre pena por outras condenações e foi investigado por envolvimento em planos de resgate de lideranças do crime organizado, incluindo o próprio Marcola.
Maria do Nascimento dos Santos, irmã de Valdeci, foi condenada a 10 anos e 9 meses de reclusão, em regime fechado. A Justiça apontou que ela “simulou a compra e venda do imóvel rural conhecido como ‘Sítio Firmeza’ e recebeu valores em espécie sem comprovação de origem, atuando na ocultação patrimonial do irmão”.
Siderley Nogueira de Medeiros, advogado e procurador do município de Jardim de Piranhas, recebeu pena de 6 anos e 10 meses de reclusão, em regime semiaberto, com direito de apelar em liberdade. Segundo os autos, ele atuou como operador financeiro do grupo. “Parente por afinidade de Geraldo dos Santos Filho (‘Pastor Júnior’, irmão de Valdeci), movimentou elevadas quantias de origem ilícita por meio de depósitos fracionados e administração de numerário em espécie”, afirmou a sentença.
Valdinaldo Fernandes de Araújo, conhecido como “Novinho”, foi condenado a 9 anos e 10 meses de reclusão, em regime fechado, com manutenção da prisão preventiva e sem direito de recorrer em liberdade. Conforme as investigações, ele era operador financeiro de Valdeci na região do Seridó. “Mantinha relação de confiança e proximidade com o líder do PCC, movimentando grandes volumes de dinheiro em espécie, negociando veículos e utilizando contas bancárias para dissimular a origem dos recursos”, diz a sentença. Valdinaldo esteve foragido por quase dois anos, com mandado de prisão expedido desde 2022, e foi capturado apenas em novembro de 2024, durante a Operação Argento.
A Operação Plata revelou um esquema de lavagem de dinheiro com base familiar, envolvendo a utilização de empresas, imóveis, igrejas e contas bancárias de terceiros para ocultar recursos oriundos do tráfico de drogas. As investigações começaram em 2019 e utilizaram medidas como interceptações telefônicas, quebras de sigilo e buscas, resultando no oferecimento de denúncias e nas condenações judiciais.
Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/justica-4-pessoas-lavagem-dinheiro-pcc/