“Não vejo um movimento de valorização”

Museu Câmara Cascudo é um dos mais tradicionais pontos culturais do RN. Foto:

O estado do Rio Grande do Norte possui diversos museus, de diferentes nichos, que em grande parte contam alguma parte da história do estado. De acordo com o Cadastro Nacional de Museus do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) são 87 museus registrados no RN. O AGORA RN conversou com o museólogo, Gildo Santos, sobre a situação atual dos museus no estado.

De história a mineração, passando por religião e até ciências, as variedades de museus que existem no Rio Grande do Norte são uma opção indispensável para quem quer fazer uma programação cultural ou até mesmo conhecer mais sobre a história de determinada região. Os 87 museus espalhados pelos municípios do estado contam uma história própria, mas cada um tem seu devido nicho.

O museólogo Gildo explicou a importância dos museus para o estado. “Numa sociedade, os museus devem ser encarados como ferramentas de desenvolvimento social, seja enquanto instâncias educativas, de comunicação do patrimônio histórico, científico, cultural e natural, fomentadoras do reforço das identidades culturais locais e com amplo potencial de inserção na economia da cultura”, disse ele.

O especialista em museus ressalta que essas dimensões que apoiam o desenvolvimento da sociedade norte-rio-grandense não são percebidas de uma forma geral. A desvalorização dos museus representa não apenas uma perda para a memória histórica e cultural do estado, mas também impacta negativamente o turismo cultural.

Gildo Santos explica que não enxerga valorização nos museus do estado. “Não vejo um movimento de valorização dos museus no estado. Vejo ausência de iniciativas de qualificação dos processos museológicos institucionais, de capacitação dos profissionais que atuam nessas instituições e falta dos necessários recursos para o desenvolvimento do campo museal no RN”, disse.

O museólogo complementa explicando que a falta de recursos voltados ao financiamento e custeio dos museus não é uma realidade apenas do RN, mas de vários outros estados. A ausência de recursos financeiros e apoio institucional tem resultado na falta de manutenção adequada das estruturas físicas dos museus e limitado oportunidades de uso dos espaços, seja para exposições ou para realização de outras atividades.

Museu Camara Cascudo 30
Museu Câmara Cascudo (MCC) é um dos mais tradicionais do estado. Foto: José Aldenir / Agora RN

Museu Câmara Cascudo

Dentre os diversos museus do estado está o Museu Câmara Cascudo (MCC), um dos mais tradicionais do estado. O museu foi inaugurado no dia 22 de novembro de 1960, o Instituto de Antropologia foi inaugurado pelo então reitor Onofre Lopes e os professores Luís da Câmara Cascudo, José Nunes Cabral de Carvalho, Nivaldo Monte e Veríssimo de Melo.

O objetivo inicial do projeto era estabelecer na universidade um grupo de trabalho focado no estudo de áreas pouco exploradas na região, como paleontologia, geologia, antropologia cultural e arqueologia. Em 1969, o instituto mudou-se para sua localização atual, ocupando parte do terreno da Sociedade de Assistência aos Filhos de Lázaros, no bairro do Tirol. Em 1973, devido a uma reforma universitária, o instituto foi transformado em um museu, tornando-se o maior do estado e destacando-se como uma das principais fontes de pesquisa realizadas na UFRN nas áreas de História, Antropologia e Geologia.

Gildo Batista é o museólogo responsável pelo Museu Câmara Cascudo e ressalta a importância histórica do equipamento para o estado. “O museu conta com recortes da ciência, da cultura e do ambiente potiguar em suas coleções, desde a formação da terra e surgimento da vida até o desenvolvimento humano no território desde tempos remotos chegando à contemporaneidade”, explica.

Ele ainda reforça a importância que tem para cada geração. “Por ser o maior museu do estado, também tem a dimensão afetiva de várias gerações em relação a suas exposições, onde pais, mães e avôs e avós que visitaram o museu ainda na infância trazem seus filhos e netos e ainda lembram de exposições antigas, já desmontadas, e dos acervos nelas expostos, muitas vezes com riqueza de detalhes”, disse.

O profissional completa explicando que o museu também é referência há décadas no atendimento a grupos escolares, convertendo-se, desta forma, em exemplo positivo quanto ao potencial de ações educativas em museus na cidade, atendendo a cerca de 15.000 alunos por ano.

Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/museus-no-rn-nao-vejo-um-movimento-de-valorizacao/