O Papa Francisco, que faleceu nesta segunda-feira 21 no Vaticano, foi o pontífice responsável pela canonização dos 30 mártires de Cunhaú e Uruaçu, católicos mortos durante os massacres ocorridos em 1645, no Rio Grande do Norte, durante as invasões holandesas ao Brasil. A cerimônia que os declarou santos aconteceu em 15 de outubro de 2017, na Praça São Pedro, no Vaticano, e reuniu cerca de 50 mil fiéis.
A missa de canonização foi presidida pelo cardeal Angelo Amato, então prefeito da Congregação da Causa dos Santos, sob a autoridade do papa Francisco. Participaram da celebração 450 concelebrantes. Durante a homilia, o papa afirmou: “Que estes que agora são santos indiquem a todos nós o verdadeiro caminho do amor e da intercessão junto ao Senhor para um mundo mais justo.”
Entre os presentes na cerimônia, esteve a Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte, regida pelo monsenhor Pedro Ferreira, que executou cânticos sacros. Os mártires canonizados tornaram-se os primeiros oficialmente reconhecidos do Brasil e são conhecidos também como os Protomártires do Brasil.
Os massacres ocorreram nas atuais cidades de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante. Em Cunhaú, o ataque aconteceu no Engenho Cunhaú, em 16 de julho de 1645, durante missa celebrada pelo padre André de Soveral. Em Uruaçu, o massacre foi registrado em 3 de outubro do mesmo ano. Os ataques foram conduzidos por tropas aliadas aos invasores holandeses, lideradas por Jacob Rabbi.
Relatos históricos indicam que, em Uruaçu, os fiéis foram mutilados, línguas foram arrancadas para impedir orações e crianças foram degoladas. Entre os mortos, estavam o padre Ambrósio Francisco Ferro e o camponês Mateus Moreira, que, segundo testemunhos, teria exclamado: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento” mesmo após ter o coração arrancado. Também foram assassinados outros leigos, incluindo homens, mulheres e crianças.
O processo de beatificação teve início em 1989. Em 1998, o martírio foi reconhecido oficialmente pela Igreja Católica, e a beatificação foi realizada em 5 de março de 2000, presidida pelo papa João Paulo II.
Em homenagem aos mártires, o governo do Rio Grande do Norte instituiu o feriado estadual no dia 3 de outubro, por meio da Lei Nº 8.913. Em São Gonçalo do Amarante, foi inaugurado no ano 2000 o Monumento aos Mártires, com capacidade para 20 mil pessoas. O local é aberto ao público, situado em terreno doado pela família Veríssimo, e o projeto arquitetônico é de autoria de Francisco Soares Júnior.
*Com informações da 98FM
Fonte: https://agorarn.com.br/ultimas/papa-francisco-martires-de-cunhau-e-uruacu/