Analfabetismo atinge 150 mil pessoas no Amazonas, aponta IBGE

O Amazonas registrou, em 2024, 154 mil pessoas, de 15 anos ou mais de idade, analfabetas, correspondendo a uma taxa de analfabetismo de 4,9%. Na região Norte, no mesmo período, havia 876 mil pessoas analfabetas, na mesma faixa etária. Já no país, o total de pessoas analfabetas identificado foi de 9,1 milhão de pessoas. Os dados divulgados hoje, 13, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são do módulo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), referente à Educação.

Metodologia da PNAC- Educação

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), investiga ,trimestralmente, as características básicas de Educação, para pessoas de 5 anos ou mais de idade, desde 2012. Em 2016, com a introdução do módulo anual de educação, a PNAD-C passou a ampliar, durante cada segundo trimestre do ano, a investigação desse tema para todas as pessoas da amostra e coleta de informações. Além disso, a pesquisa também passou a coletar informações sobre educação profissional.

A pesquisa apresenta dados sobre quantidade de pessoas analfabetas; taxa de analfabetismo; nível de instrução e anos de estudo; número médio de anos de estudo; frequência à escola ou creche e os principais motivos da não frequência escolar. Também investiga o abandono escolar; a frequência à educação profissional; a qualificação profissional; a condição de estudo e a situação da ocupação das pessoas.

Analfabetismo por grupo de idade no Amazonas

A população residente do Amazonas, em 2024, era de 4,3 milhões de pessoas. Deste total, 951 mil estavam no grupo de 40 a 59 anos; 657 mil tinham entre 30 e 39 anos; 556 mil estavam na faixa etária de 18 a 24 anos; 421 mil tinham 60 anos ou mais; 384 mil tinham de 10 a 14 anos; 362 mil tinham de 25 a 29 anos; 287 mil estavam na faixa etária de 0 a 3 anos; 286 mil tinham idades de 6 a 9 anos; 229 mil tinham entre 15 e 17 anos; e 138 mil estavam com idades entre 4 e 5 anos.

A PNAD-C ,sobre Educação, revelou que, no Brasil, a taxa de analfabetismo é fortemente associada à idade e, no Amazonas, não é diferente. Do total de 421 mil pessoas ,de 60 anos ou mais, 19,7% eram analfabetas, em 2024. Conforme a idade reduzia, a taxa também apareceu menor. Para pessoas de 40 anos ou mais a taxa de analfabetismo atingia 9,9% ,do total; no grupo de 25 anos ou mais 6,3% eram analfabetos. Entre as pessoas de 18 anos ou mais, a taxa de analfabetismo alcançou apenas 5,2% do total de pessoas e, entre aqueles de 15 anos ou mais, a taxa foi de 4,9% de analfabetos.

Analfabetismo conforme o sexo no Amazonas

Assim como ocorre em âmbito nacional, onde a taxa de analfabetismo entre mulheres(5%), de 15 anos ou mais, foi menor que a de homens (5,6%), no Amazonas a taxa de analfabetismo de mulheres (4,8%) também ficou inferior a taxa de homens analfabetos (4,9%). Entre a população de 60 anos ou mais a taxa de mulheres analfabetas (19,7%) foi superior a dos homens (19,1%). Nas faixas etárias de 15 a 25 anos ou mais a taxa de homens analfabetos foi maior que a de mulheres.

 No país, a diferença das taxas de analfabetismo entre homens e mulheres segue como uma das menores da série histórica, indicando uma tendência de equilíbrio entre os sexos. Apesar das mulheres (15%), de 60 anos ou mais, aparecerem com taxa de analfabetismo levemente superior a dos homens (14,7%), a convergência das taxas especialmente entre os mais velhos sugere avanços na escolarização feminina nas gerações mais recentes, embora o legado de desigualdade educacional do passado ainda esteja presente.

Em se tratando da diferença entre o quantitativo de analfabetos por cor ou raça, no Amazonas, a PNAD-C, que trata da Educação, mostrou que entre os 154 mil analfabetos identificados no estado, em 2024, 15 mil eram brancos (2,9%) e 122 mil (4,9%) pretos ou pardos. Nas faixas etárias investigadas, a partir de 15 anos, os maiores percentuais estavam neste último grupo.

Analfabetismo por Unidade da Federação e Região

Entre as Unidades da Federação, o Amazonas (4,9%) ficou na décima quinta posição da taxa de analfabetismo, de pessoas de 15 anos ou mais. As maiores foram de Alagoas (14,3%),Piauí (13,8%) e Paraíba (12,8%). As menores taxas de analfabetismo foram identificadas no Distrito Federal (1,8%), Santa Catarina (1,9%) e Rio de Janeiro (2%).

O Plano Nacional de Educação (PNE), instituído pela Lei 13.005/2014, estabeleceu ,em sua meta 9, a redução da taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais para 6,5%, até 2015, e sua erradicação até 2024. Porém, até o ano passado, as taxas de analfabetismo continuaram refletindo as desigualdades regionais históricas. As regiões Nordeste (11,1%) e Norte (6%), respectivamente, tiveram os percentuais mais elevados, entre as pessoas de 15 anos ou mais de idade, apesar da região Norte se manter abaixo da meta de 6,5% (até 2015). Por outro lado, as menores taxas foram observadas nas regiões Sul (2,7%), Sudeste (2,8%) e Centro-Oeste (3,3%).

Pessoas de 15 anos ou mais pelo curso mais elevado que frequentou

Do total de 2,5 milhões pessoas, de 15 anos ou mais, no Amazonas, 1,3 milhão informou que o curso mais elevado que havia frequentado até 2024 era o ensino médio, EJA do ensino médio ou curso equivalente; 1,29 milhão respondeu apenas ensino médio ou curso equivalente; 722 mil pessoas disse que o curso mais elevado que havia frequentado era a classe de alfabetização, AJA, Ensino Fundamental, EJA do ensino fundamental ou curso equivalente; 676 mil citou como curso mais elevado que frequentou o ensino fundamental ou curso equivalente; 352 mil disse ter como curso mais elevado a graduação superior e 107 mil informaram ter especialização, mestrado ou doutorado.

Nível de instrução e analfabetismo no Amazonas

No Amazonas, conforme a pesquisa, segundo o nível de instrução, a maioria das pessoas (943 mil), de 25 anos ou mais de idade, tinha ensino médio completo ou equivalente, em 2024. Em seguida aparecem 538 mil pessoas com ensino fundamental incompleto ou equivalente; 435 mil pessoas com superior completo; 142 mil pessoas com ensino fundamental completo ou equivalente; 142 mil pessoas sem instrução; 98 mil pessoas com ensino superior incompleto ou equivalente; e 93 mil pessoas com ensino médio incompleto ou equivalente. 

O nível de instrução é o indicador que capta o nível educacional alcançado por cada pessoa, independentemente da duração dos cursos por ela frequentados. Esse indicador é mais bem avaliado entre aquelas pessoas que já poderiam ter concluído seu processo regular de escolarização, em geral , em torno dos 25 anos de idade.

Considerando a cor ou raça, a pesquisa mostra que, no estado, a maioria da pessoas (310 mil), de 25 anos ou mais, com ensino superior completo, era da cor preta ou parda. Da mesma forma, a maioria daquelas sem instrução (113 mil) também era de pessoas da cor preta ou parda.

Em se tratando de nível de instrução, a região Norte alcançou, em 2024, 53,4% da população , de 25 anos ou mais, com a educação básica concluída. Os maiores avanços foram das regiões Sudeste (61,3%), Centro-Oeste (59,8%), Sul (55,4%), Norte (53,4%) e Nordeste (47%). Observou-se avanço na proporção de pessoas, com 25 anos ou mais, que concluíram ao menos a educação básica obrigatória em todas as grandes regiões, ano passado.

Anos de estudo

No que se refere a anos de estudo, a pesquisa da PNAD-Contínua, sobre Educação, apontou que o maior grupo, com 12 anos ou mais de estudo, no Amazonas, foi o das mulheres (783 mil) contra 699 mil homens. Já no grupo das pessoas sem instrução ou com menos de 5 anos de estudo as mulheres foram a minoria (151 mil mulheres frente a 173 mil homens).

 Em Manaus, no ano da pesquisa, se encontrava a maior concentração de mulheres ,com 12 anos ou mais de estudo (537 mil frente a 482 mil homens).

 No Brasil, a média de anos de estudos, de pessoas de 25 anos ou mais, em 2024, foi de 10,1 anos, apresentando crescimento em relação aos 9,9 anos observados em 2023.

Frequência a escola ou creche

No Amazonas, em 2024, 165 mil crianças de 0 a 5 anos estavam matriculadas em escola ou creche. Deste total, 74 mil, na mesma faixa etária e condição de educação, residiam em Manaus.

A taxa de escolarização de crianças de 0 a 3 anos, no estado, ficou em 17% e na capital em 14,8%. Entre o grupo de crianças de 4 a 5 anos a taxa foi de 83,8% no estado e 82,4% em Manaus. Na faixa de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização foi de 99,2% no estado e de 99,1% na capital, evidenciando universalização do acesso à escola nessa faixa etária. Entre os jovens de 15 a 17 anos, a taxa de escolarização ficou em 92,3% no Amazonas e em 95,6% ,em Manaus. Para os grupos de 18 a 24 anos e de 25 anos ou mais, os percentuais de escolarização, no estado , foram, respectivamente, de 30% e 6,6%. Já em Manaus os percentuais foram de 32,2%me 6,9%.

A taxa de escolarização é um indicador que retrata a proporção de estudantes de determinada faixa etária em relação ao total de pessoas dessa mesma faixa etária.

 A taxa ajustada de frequência escolar líquida, que mede a adequação entre a idade e a etapa do ensino frequentado, mostrou que, no Amazonas, a maior taxa foi entre as faixas etárias de 6 a 14 anos, no ensino fundamental (94%); seguida por 6 a 10 anos, nos anos iniciais do ensino fundamental (89,7%); pelas faixas etárias de 11 a 14 anos, nos anos finais do ensino fundamental (84%); por pessoas de 15 a 17 anos, no ensino médio (72,9%) e por pessoas com idades entre 18 a 24 anos, no ensino superior (21,1%).  

 Em 2024, observou-se grande variação regional na frequência escolar entre os grupos etários mais jovens. Entre as crianças de 0 a 1 ano, os menores percentuais de escolarização foram registrados no Norte (4,8%) e Nordeste (8,1%). As regiões Sul (27%), Sudeste (25%) e Centro-Oeste (14,2%) mantiveram os maiores percentuais, mostrando padrão desigual de acesso à creche para crianças dessa faixa etária.

Entre as crianças de 2 e 3 anos a escolarização, apesar de mostrar estabilização na região Norte (38%) foi a menor entre as regiões. As maiores foram da Sudeste (65,9%), da Sul (61,7%) e Nordeste (60%) e Centro-Oeste (52,9%).

Na faixa etária de 4 a 5 anos, a região Norte (88%) ficou também com a menor taxa de escolarização. As maiores foram das regiões Nordeste (94,9%), Sudeste (94,6%), Sul (91,7%) e Centro-Oeste (91,4%).

A meta 1 do PNE prevê que ,até 2024, ao menos 50% das crianças de 0 a 3 anos deveriam estar frequentando creche, mas isso não foi alcançado. O Norte ficou com 21,4%, o Centro-Oeste com 33,5%, o Nordeste com 34%, o Sul com 44,4% e o Sudeste com 45,5%.

Principal motivo da não frequência a escola ou creche

Na região Norte, entre o total de 939 mil crianças, de 0 a 3 anos de idade, o principal motivo alegado para não frequência a escola ou creche foi a opção dos pais ou responsáveis (527 mil), seguida pela justificativa de não haver creche/escola na localidade, falta de vaga ou a escola não aceitava criança por conta da idade. Por fim, 33 mil pessoas apresentaram outros motivos.

Estudantes por curso frequentado e rede de ensino

No Amazonas, em 2024, a rede pública de ensino continuou sendo responsável pela maior parte das matrículas. A maioria dos estudantes (649 mil) frequentava o Avanço do Jovem na Aprendizagem (AJA), o ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA), do ensino fundamental, na rede pública de ensino. Só no ensino fundamental havia 631 mil estudantes, na rede pública. No ensino médio e EJA do ensino médio foram identificados 225 mil estudantes na rede pública. No ensino médio estavam 208 mil pessoas. Na creche e pré-escola foram identificadas 164 mil crianças na rede pública de ensino. Por outro lado, na graduação de ensino superior estavam 136 mil estudantes, na rede privada de educação. Cursando especialização, mestrado e doutorado, também na rede privada de ensino, foram encontrados 35 mil estudantes.

Abandono escolar e o analfabetismo no Amazonas

A PNAD-Contínua, sobre educação também investigou o grupo de pessoas de 14 a 29 anos que nunca frequentaram escola ou que já frequentaram e não concluíram o ensino médio ou curso equivalente e descobriu alguns dos principais motivos de muitos terem deixado ou nunca terem frequentado escola. Na região Norte do país, 1 milhão de pessoas foram identificadas neste grupo. O maior motivo, alegado por 384 mil pessoas, foi a necessidade de trabalhar. Mas, além deste, outro grande grupo (232 mil pessoas) informaram que não tinham interesse em estudar e 131 mil informaram que o abandono dos estudos foi por motivo de gravidez.

Entre as grandes regiões, a maior quantidade de pessoas que alegou necessidade de trabalhar estava na região Sudeste (1,3 milhão de pessoas), seguida pela Nordeste (1,1 milhão de pessoas), pela Sul (686 mil pessoas), pela Norte (384 mil pessoas) e pela Centro-Oeste (308 mil pessoas).

No país, 8,7 milhões não havia completado o ensino médio em 2024, seja por terem abandonado a escola a antes do término dessa etapa ou por nunca a terem frequentado. As maiores justificativas foram a necessidade de trabalhar (3,8 milhões de pessoas) e 2,2 milhões informaram que não tinham interesse em estudar. Outros motivos também foram alegações do terceiro maior grupo de pessoas, nas regiões, para o abandono da escola ou por nunca ter frequentado.

Ao analisar os dados a pesquisa revelou que, em termos regionais, o abandono precoce (até os 13 anos) foi mais elevado nas regiões Nordeste (7,8%) e Norte (6,1%). Já o abandono aos 14 anos foi maior nas regiões Sul (7,3%) e Sudeste (7,2%). No intervalo de 16 a 18 anos os maiores percentuais do abandono escolar foram nas regiões Sul (62,9%), Sudeste (60,8%) e Nordeste (60,2%). Os jovens que deixaram a escola com 19 anos ou mais aparecem mais nas regiões Norte (21,2% e Nordeste (21,2%).

Frequência a educação profissional

No Norte do país, entre um total de 5,7 milhões de pessoas, de 14 anos ou mais, 330 mil frequentavam curso técnico de nível médio ou curso normal (magistério), em 2024; 170 mil frequentavam a qualificação profissional; e 5.2 milhões não frequentavam curso técnico de nível médio, nem curso normal (magistério) e nem cursos de qualificação profissional.

Por outro lado, no grupo de pessoas de 15 a 29 anos de idade, com nível de instrução até o superior incompleto, e que residiam no Norte, 10,4% não tinham, em 2024, frequência à escola e cursos de educação profissional ou pré-vestibular.

A educação profissional e tecnológica abrange cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; de educação profissional técnica de nível médio; e de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação.

* Com informações do IBGE

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Fonte: https://emtempo.com.br/408736/amazonas/analfabetismo-atinge-150-mil-pessoas-no-amazonas-aponta-ibge/