Belém tem 389 áreas sob risco de inundação e erosão

Belém possui 301 setores sob risco de inundação e 88 áreas com risco de erosão, segundo mapeamento realizado pela Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Os dados integram o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) de Belém, que será apresentado nesta quarta-feira (18), em audiência pública, no auditório da biblioteca central da Ufra, das 8h às 13h.

Coordenado pela professora Milena Andrade e desenvolvido por uma equipe multidisciplinar do Grupo de Pesquisa e Extensão em Desastres e Geotecnologia na Amazônia (Geodesastres), o plano foi elaborado ao longo de 15 meses e identifica as principais áreas de vulnerabilidade da capital paraense frente a ameaças como a inundação e a erosão costeira.

O encontro vai reunir representantes da Defesa Civil, Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), lideranças comunitárias e instituições envolvidas. O PMRR de Belém faz parte de uma iniciativa nacional coordenada pelo Ministério das Cidades, com apoio da Fundação Oswaldo Cruz e de universidades brasileiras.

Bairros prioritários para intervenções

Entre os 37 bairros mapeados, cinco foram classificados como prioritários para obras e ações de mitigação: Tapanã, Curió-Utinga, Paracuri, Terra Firme e São João do Outeiro. Segundo a professora Milena, esses bairros concentram o maior número de setores com risco alto ou muito alto de desastres, além de exigirem obras mais complexas e custosas.

“O plano traz dados concretos sobre áreas que historicamente sofrem com alagamentos e processos erosivos. É uma ferramenta que pode ajudar na criação de uma cultura de prevenção e subsidiar ações efetivas de ordenamento territorial”, afirma a coordenadora.

As áreas de risco foram categorizadas conforme o grau de ameaça e vulnerabilidade. Além da análise técnica, o plano contou com participação da população por meio de mapeamentos participativos. Durante a audiência, serão divulgadas também as sugestões de intervenções estruturais, como obras de drenagem, canalização, dragagem e recomposição vegetal, além de propostas de medidas não estruturais, com foco em educação e prevenção.

Fatores de risco

De acordo com a equipe responsável, a formação geográfica da cidade, o crescimento urbano desordenado e a vulnerabilidade social das comunidades mais afetadas agravam os riscos. “Belém foi construída sobre áreas alagadiças, muitas delas aterradas, e isso interfere na drenagem natural da água. A combinação entre maré alta, chuvas intensas e urbanização mal planejada aumenta significativamente as chances de desastres”, explica Milena Andrade.

O plano também destaca a importância da manutenção de estruturas já existentes, como canais de macrodrenagem, que muitas vezes estão assoreados ou mal conservados. “A limpeza periódica dessas estruturas precisa fazer parte da agenda do município. Não basta construir, é preciso manter”, reforça a professora.

Propostas e próximos passos

O PMRR inclui uma estimativa de custos das obras propostas com base nos dados do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), da Caixa Econômica Federal. Pelo menos 31 bairros receberam propostas de intervenções estruturais com objetivo de reduzir os impactos dos desastres naturais.

Finalizado, o plano será encaminhado à Defesa Civil de Belém, podendo ser utilizado como instrumento técnico para captação de recursos e desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção de riscos.

Durante o evento desta quarta-feira, também serão distribuídos materiais educativos como cartilhas, folders e glossários voltados à educação ambiental e redução de riscos, que poderão ser utilizados em escolas e ações comunitárias.

Programação da audiência pública – PMRR Belém
Local: Auditório da Biblioteca Central da UFRA – Campus Belém
Data: 18 de junho de 2025
Horário: 8h às 13h

  • 8h | Credenciamento e acolhimento
  • 8h30 | Mesa de abertura com autoridades e lideranças
  • 9h30 | Exibição de vídeo e cartilhas educativas
  • 9h45 | Apresentação dos resultados do PMRR
  • 10h45 | Intervalo – Coffee break
  • 11h | Audiência pública com mediação da equipe do plano
  • 12h45 | Encerramento

Fonte: https://diariodopara.com.br/belem/belem-tem-389-areas-sob-risco-de-inundacao-e-erosao-aponta-estudo-da-ufra/