Casos de síndromes gripais disparam em Belém com avanço do inverno amazônico

Com a intensificação das chuvas, aliada ao inverno amazônico, Belém vive um aumento expressivo nos casos de síndromes gripais. A capital paraense figura entre as 14 cidades brasileiras com nível de atividade alta para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com tendência de crescimento a longo prazo, segundo o último boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado no último sábado (26). 

O Pará apresenta nível muito alto de incidência de SRAG, e o alerta é de risco ou alto risco para a incidência, impulsionado, principalmente, pela circulação do vírus sincicial respiratório (VSR) entre crianças, idosos e pessoas com comorbidades. Por outro lado, mantém a taxa de covid-19 em patamar muito baixo, inferior ou igual a 20,47 casos por 100 mil habitantes. Já as maiores taxas foram registradas em Santa Catarina, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, variando de 1,80 a 3,90 casos por 100 mil habitantes.

De acordo com Giorlanda Saraiva, enfermeira da Vigilância Epidemiológica do Grupo Técnico de Vírus Respiratórios da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) de Belém, o crescimento dos casos é esperado para esta época do ano. 

“A gente observa um aumento no período do inverno amazônico, que vai de novembro até maio. Até agora, tivemos o registro de 3.143 casos de síndrome gripal apenas entre moradores de Belém, notificados entre janeiro e 27 de abril”, informou. Ela destacou que diversos vírus estão em circulação, como influenza A e B, além do rinovírus, mais presente ao longo do ano.

A prevenção continua sendo o principal caminho para conter a disseminação das infecções respiratórias, sobretudo entre os grupos mais vulneráveis. “A primeira coisa que a gente orienta é que quem tem comorbidade, criança, gestante, deve tomar cuidados extras. Se tiver sintomas gripais, é essencial lavar bem as mãos, usar máscara e evitar contato próximo com outras pessoas, principalmente aquelas em situação de risco, como pacientes oncológicos”, alertou.

Quem apresentar sintomas pode procurar atendimento nas unidades de saúde municipais, que também estão disponibilizando a vacina contra a gripe, a Influenza A. “A maioria das unidades tem salas de vacinação funcionando. Atualmente, a vacina está disponível para toda a população a partir dos seis meses de idade”, ressaltou a enfermeira.

REFLEXO

Nas farmácias, o reflexo do aumento de casos é sentido nas prateleiras. Na Drogaria Mix Popular, no bairro da Cremação, a farmacêutica Suelem Pantoja, 40, relatou uma procura crescente por antigripais e xaropes, cerca de 40% do habitual. “As pessoas vêm em busca principalmente de paracetamol, se queixando de muita dor no corpo, mas tem [os que apresentam] coriza, febre e congestão nasal. Também há grande procura por xaropes expectorantes, já que essa gripe começa com tosse seca e depois se torna produtiva”, relatou.

A venda de máscaras também voltou a ganhar força. “Tem muita gente vindo em busca de máscara. Vendemos tanto por unidade quanto em caixa para facilitar. A unidade custa entre R$1,00 e R$1,50”.

Já na Drogarias Belém, no bairro do Guamá, o farmacêutico Iradson Silva, 48, confirmou que, embora a procura esteja mais controlada, medicamentos como anti-inflamatórios e antigripais continuam sendo os mais vendidos. “Antibióticos só com receita, então o que sai mais são os medicamentos para alívio dos sintomas, como os xaropes”, explicou.

SAIBA MAIS

O Pará e o Mato Grosso ainda não identificaram o principal vírus responsável pelo aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No entanto, segundo a Fiocruz, o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é apontado como o principal causador de bronquiolites e pneumonias virais, sobretudo em idosos, bebês e crianças pequenas. 

O último boletim também alerta para o aumento das hospitalizações por influenza A em todo o país. Entre os casos positivos de SRAG viral nas quatro últimas semanas, 56,9% foram atribuídos ao vírus sincicial respiratório, seguido por rinovírus (25,5%), influenza A (15,7%), SARS-CoV-2 – covid-19 (3,9%) e influenza B (1%). O vírus sincicial, apesar de geralmente causar sintomas leves, pode evoluir para quadros graves, especialmente em bebês e idosos.

Entre as mortes com teste positivo para doenças respiratórias, 35,7% foram causadas pela covid-19, 30,4% pela Influenza A, 16,1% pelo Rinovírus, 10,1% pelo Vírus Sincicial Respiratório e 3,6% pela Influenza B.

Fonte: https://diariodopara.com.br/belem/casos-de-sindromes-gripais-disparam-em-belem-com-avanco-do-inverno-amazonico/