Cortejo do Boi Vagalume leva arte, resistência e alegria às ruas da Marambaia
Cortejo do Boi Vagalume leva arte, resistência e alegria às ruas da Marambaia
Cortejo do Boi Vagalume leva arte, resistência e alegria às ruas da Marambaia
Cortejo do Boi Vagalume leva arte, resistência e alegria às ruas da Marambaia
A periferia de Belém foi tomada pela cultura popular na tarde do último sábado (21). O Cortejo Junino 2025, desenvolvido pelo Ponto de Cultura Boi Vagalume da Marambaia, foi às ruas do bairro levando alegria à comunidade. A concentração ocorreu no Mercado Municipal da Marambaia, às 16h30, de onde saiu o cortejo rumo ao destino final, na Praça Tancredo Neves. Dezenas de brincantes e populares acompanharam o boi pelas ruas do bairro com muita alegria saudando o folguedo junino.
A 16a edição do cortejo junino foi um desfile artístico que reuniu músicos, brincantes, grupos de boi-bumbá, artistas de teatro popular, pernaltas, moradores e visitantes. Criado em 2010, por um grupo de amigos, o Boi Vagalume foi idealizado como forma de resistência à cultura dos boi-bumbás, já pouco presente na cidade de Belém. Dessa forma, o brinquedo simboliza a referência na luta de povos negros e indígenas, convidando a todos para agregar na construção do movimento.
“O boi-bumbá é uma referência da luta do povo preto e do povo índio contra toda a opressão que se pôs sobre ele. Nós sempre trabalhamos um tema que está na própria canção do ano. O Boi Vagalume é um boi com um contexto totalmente social na luta contra todo o preconceito, nas resistências da cultura, na integração dos movimentos, na junção do povo misturado. Então, a proposta é exatamente essa: acabar com o preconceito e juntar todo mundo independente da sua crença, da sua orientação sexual, da cor e da religião”, afirmou o fundador do Boi Vagalume, Cuité Marambaia.
Este ano, um dos convidados para avolumar o cortejo foi o Boi Marronzinho, tradicional brinquedo do bairro da Terra Firme. Segundo o artista Cuité Marambaia, o convite é uma tentativa de fomentar a cultura de bois e estreitar a relação entre os brincantes e organizadores do folguedo junino. “A importância disso é que a gente consegue deixar descendentes estimulando as novas gerações. É importante manter essa tradição por conta da resistência que isso representa, por causa da luta contra a desigualdade. Além de manter a relação cultural, eu trabalho essa questão da resistência de lutar contra todo tipo de preconceito, pela civilidade da humanidade e pela defesa do meio ambiente”, disse.
BRINCANTES
O professor e artista Mateus Moura, 37, é brincante do cortejo do Boi Vagalume há seis anos. Mas foi apenas quando se mudou para a Marambaia que os laços com o boi-bumbá do bairro se estreitaram. Atualmente, o brincante é um dos diretores do movimento cultural e tocador de banjo durante os cortejos do Vagalume.
“Para mim, a principal característica do Boi Vagalume é justamente essa. Ele é um boi que, nas toadas dele, na poética dele, ele é um boi guerrilheiro. E é isso que ele faz todo ano aqui na Marambaia, resiste mesmo sem apoio. Esse ano, mesmo sem apoio nenhum, a galera se reuniu e virou um ponto de cultura. Eu sou apaixonado pelo Boi Vagalume e tento contribuir de todas as formas. Eu tenho experiência com produção musical e a gente tá gravando o álbum do Boi Vagalume para imortalizar as canções”, disse Mateus.
Convidados para contribuir com o cortejo, os brincantes do Batalhão do Boi Marronzinho, da Terra Firme, estiveram presentes durante a manifestação cultural junina. Segundo o Mestre de Cultura Joelson Ataíde, amo do Boi Marronzinho há 32 anos, o convite é uma forma de aproximar a relação entre os brincantes e amantes dos boi-bumbás das periferias de Belém, que carregam entre si uma realidade próxima de negação ao acesso à cultura.
“Indiferente de ser Terra Firme ou Marambaia, a realidade periférica é a mesma, os direitos negados são os mesmos. Como a gente é o único Pontão de Cultura da Terra Firme, temos essa preocupação em fortalecer os movimentos culturais do folguedo do boi-bumbá. No nosso espaço temos essa necessidade de manter todos os movimentos que a discussão do direito à cidade, que é muito negado na periferia. Trazemos nosso batalhão, amanhã eles estarão lá com a gente, porque no nosso entendimento, a cultura tem que ter essa interligação, ela tem que ter essa rede”, afirmou o brincante.
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*Fotos: Antônio Melo – Diário do Pará
Fonte: https://diariodopara.com.br/belem/cortejo-do-boi-vagalume-leva-arte-resistencia-e-alegria-as-ruas-da-marambaia/