Cotijuba tem história, praia e uma comunidade acolhedora 

Luiz Octávio Lucas

A primeira rota turística a ser visitada nesta edição inicial do ‘Na Estrada com o Diário 2024′ é uma ilha de Belém. Menos badalada que o Combu, mas tão exuberante quanto, Cotijuba é um convite a se desligar do agito do centro da capital paraense e se conectar com a natureza e um povo simples, que oferece um turismo de base comunitária distante apenas 40 minutos de barco do trapiche de Icoaraci, distrito da capital paraense.

A turismóloga Ana Karolina, da Vivenciar Turismo, leva visitantes para conhecer a ilha com a preocupação de valorizar a cultura e o patrimônio local. “O turismo não é feito só de paisagens e pontos turísticos, mas de pessoas que vivem e moram naquele local”, pontua.

“O visitante tem uma experiência de conhecer a comunidade. Não é só chegar, conhecer, tirar foto e ir embora. Ele participa de atividades dentro da comunidade para entender a importância daquela comunidade para a sociedade. Isso é o turismo de base comunitária”.

Com essa proposta, uma visita a Cotijuba tem como ponto de parada o contato com o Movimento das Mulheres das Ilhas de Belém (MMIB), reconhecido na região por promover trabalho, autonomia financeira, independência e aumento da autoestima para muitas mulheres.

Segundo Ana Karolina, desde sua fundação em 1998, o MMIB permitiu que as mulheres de Cotijuba transformassem as poucas oportunidades locais em um leque de possibilidades. A união, o associativismo e o trabalho conjunto foram pilares fundamentais para essa transformação.

Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Atualmente, o MMIB desenvolve diversos projetos que beneficiam desde os jovens da comunidade, com cursos de informática básica, até os idosos, com o Projeto Vida & Companhia, que oferece atividades de lazer e promoção de uma vida saudável. O movimento também mantém uma Sala de Leitura com mais de 300 livros, aberta a todos. Além disso, o MMIB tem parcerias com grandes empresas, como a Natura, para a comercialização de produtos naturais da Amazônia, como a Priprioca e o fruto do Tucumã.

“Elas utilizam para fazer as biojoias a semente do açaí e folha do ajiru desidratada. Além das biojoias, elas trabalham com o capim da priprioca para fazer papel artesanal, usado para embalagens, cadernos, bloquinhos, artesanatos que os turistas podem levar”, indica Ana Karolina. A experiência também inclui uma oficina de biojoias onde o turista produz seu próprio artesanato.

“Além desses artesanatos elas vendem camisas de Cotijuba, do MMIB, crochê, copos personalizado com a logo que elas criaram de Cotijuba”, descreve.

 Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Outro ponto de parada é o projeto Quintal Produtivo. “É um quintal que traz produção para a pessoa que mora como para a comunidade. A gente visita o quintal da Dona Deca. Nesse quintal se vê de perto a plantação de priprioca. Uma vez por ano elas fazem a colheita para vender para a Natura”, conta. “Além da priprioca, tem hortaliças, salsinha, couve, as árvores como taperebá e outras, tudo de forma orgânica. Você sempre vai encontrar frutas da época. Cotijuba tem muito essa cultura agrícola, fornece uma hortaliça de qualidade que é levada para Icoaraci e para uma feira no Entroncamento”.

Na parte histórica, o visitante conhece as ruínas do antigo Educandário de Cotijuba. “Como o trapiche fica na praça onde tem o Educandário, na chegada a gente conta logo a história dele e de Cotijuba. Lá era um espaço de ressocialização para menores infratores que eram levados de Belém. Na época da Ditadura virou um presídio e depois foi desativado e ficaram só as ruínas”, comenta a turismóloga.

O passeio, é claro, contempla as praias da ilha. “Visitamos a praia do Vai Quem Quer, que como o próprio nome já diz, fica um pouco mais distante e algumas vezes a Praia da Pedra Branca e a do Farol”, explica sobre os balneários que oferecem um banho de rio em temperatura ambiente e refrescante.

Os roteiros sugeridos para conhecer Cotijuba podem ser feitos em um bate-volta de um dia ou dois dias e uma noite, onde será possível apreciar com mais tranquilidade tudo de bom que a ilha tem para oferecer, inclusive sua gastronomia à base de pescados da própria região, servidos nos bares e restaurantes à beira da praia.

 

CURIOSIDADES 

  • A Ilha de Cotijuba está situada no extremo Oeste de Belém.
  • Possui belas praias em sua face oeste, de frente para a baía do Marajó.
  • Tem 18 km de trilhas e ruas, assim como de zona urbana e zona do ambiente natural
  • Conta com dez praias e diversas pousadas, além de lagos naturais em ecossistema de várzea.
  • No século XVII possuía um engenho de branqueamento de arroz.
  • No início do século XX, abrigava uma escola para reeducação de menores infratores – Educandário Nogueira de Farias -, mais tarde transformado em presídio.

 

COMO IR

De barco, a partir do Trapiche de Icoaraci em travessias que duram 40 minutos.

 

ONDE FICAR 

Pousada e Restaurante Farol

WhatsApp: 91-8134-2290

 

Pousada Aldeia Cotijuba

WhatsApp: 91 98284-4916

 

Pousada Grão

WhatsApp: 91-98841-6078/98486-7392

Fonte: https://diariodopara.dol.com.br/belem/cotijuba-tem-historia-praia-e-uma-comunidade-acolhedora-133862/