Mudanças climáticas acendem alerta para doenças tropicais no Amazonas

O Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta segunda-feira (7), destaca os desafios enfrentados pela saúde pública em diversas partes do mundo. Instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a data tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância do acesso universal à saúde e do fortalecimento dos sistemas de atendimento médico.

No Amazonas, um dos principais desafios é o combate às doenças tropicais, como dengue, zika, malária e leishmaniose. O impacto das mudanças climáticas tem sido cada vez mais evidente na proliferação dessas doenças, exigindo estratégias contínuas de vigilância e controle.

Na última semana, o estado registrou a primeira morte por dengue em 2025, acendendo um alerta sobre a circulação do vírus e reforçando a necessidade de medidas preventivas. Embora os dados mais recentes apontem uma redução nos casos da doença, especialistas alertam que a crise climática pode favorecer o aumento dos surtos, tornando-os mais frequentes e severos.

O impacto do clima na proliferação de doenças

O infectologista Antônio Magela explica que as doenças tropicais são endêmicas, ou seja, ocorrem ao longo de todo o ano em regiões de clima quente e úmido, como a Amazônia. Segundo ele, as alterações climáticas influenciam diretamente esse cenário, pois afetam a interação entre os agentes causadores das doenças, seus vetores e os seres humanos.

“Temperaturas mais elevadas aceleram a reprodução de insetos transmissores, como os mosquitos, aumentando a incidência de doenças como dengue e malária”, explica Magela. Além disso, chuvas intensas e irregulares criam condições ideais para a proliferação de criadouros.

Entre as doenças favorecidas pelo período chuvoso estão a dengue, zika e chikungunya, todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Isso ocorre porque o acúmulo de água parada, comum após fortes chuvas, forma criadouros para os mosquitos. Já a malária costuma ter maior incidência no período de estiagem, quando a água dos criadouros se estabiliza, favorecendo a reprodução do Anopheles, mosquito transmissor da doença.

A leptospirose, por sua vez, apresenta um padrão sazonal bem definido, com aumento dos casos durante enchentes. A doença é causada pelo contato com água contaminada pela urina de roedores. “Há doenças que podem ocorrer o ano todo, mas que registram surtos mais intensos em determinadas épocas devido às condições ambientais”, acrescenta Magela.

O especialista também chama atenção para a capacidade de adaptação do Aedes aegypti ao ambiente urbano, o que tem tornado seu controle um desafio constante. Esse mosquito se aproveita de pequenos recipientes com água parada, comuns em residências e áreas públicas. Além disso, seus ovos podem sobreviver por meses em superfícies secas, aguardando a chegada da água para eclodirem, o que mantém a infestação mesmo em períodos de estiagem.

Prevenção e conscientização

Para lidar com surtos cada vez mais frequentes, Magela ressalta que a prevenção depende de um esforço conjunto entre poder público e população. Ele explica que, enquanto algumas doenças podem ser erradicadas por meio de vacinação e campanhas educativas, outras, como a malária, continuarão existindo devido às condições naturais da Amazônia.

O controle dessas doenças passa por medidas preventivas, como a eliminação de criadouros de mosquitos, além de investimentos em saneamento básico e infraestrutura de saúde. Magela enfatiza que o engajamento social é essencial no combate às arboviroses.

“Se em uma rua com dez casas, nove eliminarem os focos de mosquito e apenas uma não tomar as medidas necessárias, essa única residência pode comprometer todo o esforço coletivo”, alerta o infectologista.

Além das ações da população, políticas públicas eficazes e a conscientização ambiental são fundamentais para conter o avanço dessas doenças. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), as doenças tropicais mais incidentes no estado incluem dengue, malária, zika, doença de Chagas, leishmaniose e tuberculose.

Cada uma dessas enfermidades possui características específicas para diagnóstico e tratamento. Por isso, a FVS reforça a orientação para que qualquer pessoa com sintomas suspeitos procure atendimento médico em uma unidade de saúde. O diagnóstico correto permite a adoção de medidas adequadas para o tratamento e controle da infecção.

A fundação também destaca a importância da preservação ambiental no combate às doenças tropicais. O desmatamento altera os ecossistemas e favorece o surgimento de novos focos de transmissão. Além disso, as queimadas aumentam os riscos à saúde pública, agravando doenças respiratórias e intensificando os impactos das mudanças climáticas na região.

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LS

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Fonte: https://emtempo.com.br/389618/amazonas/mudancas-climaticas-acendem-alerta-para-doencas-tropicais-no-amazonas/