Avanços na indústria moldam mobilidade de Manaus

Há 58 anos, a Zona Franca de Manaus (ZFM) desempenha um papel fundamental no crescimento e no desenvolvimento da capital amazonense. Com a missão de integrar a Amazônia ao progresso nacional, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) celebra mais um ano de existência nesta sexta-feira (28), destacando os avanços impulsionados na cidade, que a transformaram em uma grande metrópole.

Na capital, parte da indústria é localizada no bairro Distrito Industrial, que abrange as zonas Leste e Sul da cidade.

“O Distrito Industrial é uma iniciativa que surgiu por volta dos anos 60 e 70, durante o regime militar, e ele é fundamental para o que chamamos de terceiro ciclo de migrações, ou terceiro ciclo de expansão urbana da cidade de Manaus. Principalmente nos últimos 50 anos, talvez seja o evento mais importante para moldar e impulsionar o desenvolvimento urbano da cidade de Manaus”, explicou o sociólogo Israel Pinheiro.

O Polo Industrial de Manaus abriga aproximadamente 500 indústrias de alta tecnologia, gerando mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos, principalmente nos segmentos de eletroeletrônicos, bens de informática e duas rodas.

A instalação do Polo Industrial de Manaus atraiu muitos migrantes, que vieram para a capital do Amazonas em busca de novas oportunidades de emprego. Assim, grupos de diversas cidades e países foram integrados à realidade amazônica.

“A presença dos migrantes já era algo observado nos registros históricos e estatísticos anteriores a esse período. Especificamente com a implementação do Distrito Industrial, tivemos uma aceleração desse processo de mobilidade e migração. E, concomitantemente, houve a expansão urbana da malha urbana da cidade de Manaus”, destacou o profissional.

Expansão populacional

Foto: SkySat • Sccon Geospatial

O Censo de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que Manaus é a capital mais populosa da região Norte do país, com 2.063.547 habitantes. No cenário nacional, a cidade ocupa o sétimo lugar, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte.

Apesar de ter um polo industrial atrativo, grande parte da população se instalou fora das imediações do parque industrial. Com base no último Censo, o Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) revelou que o Distrito Industrial, que abriga o PIM, é o segundo menos populoso da cidade, com 3.088 habitantes.

“A gente tem diversos fenômenos que acontecem, como a gentrificação, que leva o encarecimento dos bairros ao redor do Centro, fazendo com que pessoas com menos poder aquisitivo se mudem para regiões mais periféricas, ou até o contrário. São multifatores que podem determinar isso, mas essa sensação de não se ter um local para ficar faz com que as pessoas ocupem espaços para poder construir suas casas”, disse Israel Pinheiro.

Em ritmo de expansão, a cidade de Manaus passou, e ainda passa, por mudanças estruturais que visam atender ao fluxo de habitantes e às empresas instaladas no PIM.

Rapidão

Foto: Alex Pazuello / Secom

O maior empreendimento de mobilidade urbana da capital amazonense, o Rapidão Rodoanel Metropolitano de Manaus, por exemplo, facilita o escoamento da produção industrial do Distrito Industrial 2, como parte do Polo Industrial de Manaus (PIM).

A obra, realizada pelo Governo do Amazonas, recebeu um investimento total de R$ 18,4 milhões e gerou aproximadamente 250 empregos diretos e indiretos.

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), entre os benefícios do rodoanel para a população estão a maior fluidez no tráfego, encurtamento de distâncias entre zonas da cidade, desvio da circulação de veículos pesados do Centro de Manaus, proporcionando mais segurança, redução do congestionamento, do consumo de combustível e do tempo de transporte, atendimento da atual demanda dos veículos da cidade, além da facilidade no escoamento da produção rural dos municípios de Rio Preto da Eva, Itacoatiara, Silves e Itapiranga até o porto de Manaus.

Ainda de acordo com a Seinfra, estes benefícios trazem um impacto positivo para todo o setor industrial, que também tem garantido facilidade no trajeto dos veículos que saem do Distrito Industrial com destino ao aeroporto Eduardo Gomes e às rodovias AM-010 e BR-174, facilitando o transporte de insumos e contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico da capital e da região metropolitana.

“Este é o maior viaduto da cidade, e está localizado em uma área estratégica, que liga o cruzamento da [avenida] Oitis com a alameda Cosme Ferreira. Aqui passarão os caminhões que seguirão por esse anel Leste até a Reserva Adolpho Ducke, com destinos ao Aeroporto, AM 010 e BR 174”, disse o Governador Wilson Lima durante a inauguração do trecho.

Somente o Polo Industrial de Manaus corresponde a 80% da receita do Amazonas, informou o economista e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fieam), Nelson Azevedo.

Dragagem

Foto: Prefeitura de Benjamin Constant/Divulgação

As mudanças ocasionadas pelo Polo Industrial em Manaus não se limitaram apenas à terra firme, mas também chegaram aos rios da Amazônia. Segundo a Defesa Civil do Amazonas, em 2023, o decreto de estado de emergência pela estiagem atingiu 62 municípios do Estado, afetando aproximadamente 628.000 pessoas, além de impactar a produção no Polo Industrial de Manaus.

Para evitar o desabastecimento nas fábricas, desde o final de outubro de 2024, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realiza dragagens nos rios do Estado e, até o início de 2025, já foram dragados 1,9 milhão de metros cúbicos de sedimentos.

Essas obras fazem parte do Plano Anual de Dragagem de Manutenção Aquaviária (PADMA) e do Plano de Sinalização Náutica do Estado do Amazonas, com o objetivo de assegurar a navegabilidade em rotas essenciais, como Manaus-Itacoatiara, Tabatinga-Benjamin Constant, Benjamin Constant-São Paulo de Olivença e Coari-Codajás.

O investimento total estimado para o projeto é de R$ 400 milhões, com execução prevista ao longo de cinco anos, fortalecendo a infraestrutura fluvial e garantindo o transporte seguro de mercadorias essenciais para a economia local e regional.

Píer provisório

Foto: Divulgação

Outra alternativa para contornar os efeitos da seca e assegurar o pleno funcionamento da Zona Franca de Manaus durante a estiagem foi a instalação de um píer flutuante provisório, responsável por receber os navios cargueiros que não conseguiram atracar nos portos da capital devido à crise hídrica.

Em 2024, o Grupo Chibatão implantou um píer provisório em Itacoatiara, o que resultou em um faturamento recorde superior a R$ 200 bilhões.

Após o sucesso do ano anterior, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e representantes do Grupo Chibatão se reuniram em janeiro para alinhar expectativas, compartilhar informações e elaborar um plano estratégico com ações táticas e operacionais para enfrentar a estiagem de 2025.

O encontro teve como foco a antecipação das ações, considerando a tendência de antecipação dos períodos de seca, conforme destacou o analista do Grupo Chibatão, Marcelo Tavares.

“Em 2023, a estiagem começou em outubro. Em 2024, ocorreu já em setembro. Se essa tendência continuar, podemos esperar que, em 2025, a seca comece em agosto. Por isso, é essencial que nos antecipemos e elaboremos um plano estratégico com todos os cenários externos possíveis, para que internamente possamos fazer o desdobramento e planejamento das ações a nível tático e operacional”, disse Marcelo.

A experiência de 2024, quando ações preventivas, como a antecipação da compra de insumos e a instalação de um porto flutuante em Itacoatiara, evitaram interrupções na circulação de cargas, serviu de aprendizado crucial.

A Suframa pretende manter e aprimorar a estratégia de 2024, que incluiu a criação de um comitê interinstitucional de enfrentamento, com a participação de órgãos estaduais, federais e da iniciativa privada.

O superintendente-adjunto Executivo da Suframa, Frederico Aguiar, ressaltou o papel da Autarquia na implementação de medidas preventivas.

“A Suframa poderá atuar em dois eixos principais: na articulação de ações com os demais órgãos federais e recebendo informações diretamente da indústria local. Durante as visitas que realizamos às fábricas, percebemos que já há a formação de uma cultura cada vez mais proativa, com a antecipação da compra de insumos para evitar desabastecimento e interrupções de produção, como as que ocorreram em 2023. O trabalho colaborativo é uma das lições aprendidas que deve ser repetido para mitigar os impactos econômicos e garantir a continuidade das operações logísticas e industriais no estado do Amazonas”, finalizou.

Leia mais: Polêmica na Suframa: Bosco Saraiva acusa governo Bolsonaro de ter tentado fechar ZFM; Coronel Menezes rebate

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Fonte: https://emtempo.com.br/377261/amazonas/suframa-58-anos-avancos-na-industria-moldam-mobilidade-de-manaus/