Um brinde ao fim: Bar Suíço fecha as portas, mas vira lenda

Depois de 55 anos de história ininterrupta, o lendário Bar Suíço – reduto boêmio do bairro do Marco e um dos botecos mais tradicionais de Belém – encerrou suas atividades no último dia 03 de abril. O motivo: um aumento considerado desproporcional no valor do aluguel do imóvel, localizado na Travessa Lomas Valentinas com a Avenida Rômulo Maiorana.

O cenário que antes exalava aromas de feijoada fumegante e petiscos irresistíveis, embalado pelo som do samba e pelas conversas entre amigos no balcão, agora dá lugar a um simples aviso: “Aluga-se este ponto comercial”.

“Infelizmente, os micro e pequenos empresários sofrem muito aqui no Brasil”, desabafa Igor Cruz Soares, atual responsável pelo bar, que vinha administrando o negócio desde fevereiro de 2020, época do início da pandemia. “Pagava R$ 3 mil de aluguel. O proprietário queria assinar um novo contrato cobrando R$ 10 mil. É mais do que o triplo. Tentei negociar por seis meses, mas não houve acordo. Ficou inviável”, lamenta.

O Bar Suíço foi fundado em 1970 por Anivaldo Paranhos, avô de Igor, e sempre manteve sua essência simples e acolhedora. O espaço era conhecido pela culinária única, principalmente pela famosa feijoada e pelos petiscos que conquistavam qualquer paladar. Mas o grande charme era mesmo a atmosfera. Aos sábados à tarde, o bar lotava com apresentações ao vivo de grupos de samba, sem cobrança de entrada nem couvert artístico. Bastava achar um lugar entre as poucas mesas ou se encostar no disputado balcão.

O Legado do Bar Suíço e o Impacto do Aumento do Aluguel

Com o passar dos anos, o bar passou para a mãe de Igor, e ele assumiu o comando pouco antes da pandemia. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, o negócio resistiu. Mas agora, segundo Igor Cruz Soares, não há possibilidade de reabertura em 2025. “Estamos com um projeto de abrir um novo bar, especializado em samba, em parceria com uma cervejaria. Mas por enquanto, ainda estamos em busca de um novo ponto”, explica o empresário, que agora atua também no ramo de autopeças.

A chegada da COP 30, segundo Igor, acabou elevando de forma especulativa o preço dos aluguéis na região. “Tem muita gente gananciosa se aproveitando desse momento. Estão cobrando valores surreais. Empresários como eu acabam obrigados a fechar as portas. Tive muitos clientes fiéis que lamentaram profundamente o fechamento. Mas infelizmente, não havia mais o que fazer”, finaliza ele, lembrando que o bar sustentava seis funcionários.