A CUT e a agonia do Fórum das centrais

Sérgio Nobre, presidente da CUT, deu uma dica do porquê da atual inércia da entidade. “A CUT não tem interesse nenhum na contribuição negocial” (contribuição de sócios e não sócios do sindicato, aprovada em assembleia da categoria por ocasião do acordo coletivo), afirmou no Instagram.

O governo Temer deu o maior golpe da história o movimento sindical: extinguiu a contribuição sindical e asfixiou financeiramente as entidades. Bolsonaro pegou a deixa e modificou mais de 100 artigos da CLT. Os sindicatos perderam 90% da sua receita e a retaliação da CLT legalizou a informalidade. Em relação à CLT e à Justiça do Trabalho, a CUT sempre considerou como entraves à “negociação direta”. Nobre defende o sindicato só para os sócios e que as relações do trabalho sejam geradas nessa negociação direta. “Para o sindicato ser forte, o trabalhador tem que se associar”. Afinal, “a negociação só é possível entre iguais”, deduz.

Ou seja, a culpa é, principalmente, do trabalhador.

O sindicato é fraco porque o trabalhador não participa. Para a CUT, na organização sindical, o que houve foi um avanço em relação a sua estratégia de negociação entre patrão e empregado.

Mas como ser igual diante de um capitalismo, em sua fase imperialista, controlando a máquina estatal, com o sistema financeiro assaltando a nação, com multinacionais quebrando a indústria nacional, com a polícia baixando o cacete no trabalhador, com o cartel da mídia antissindical?

Sem a rede de proteção ao trabalhador, sem a legislação trabalhista, sem as leis de proteção ao trabalhador, sem a Justiça Trabalhista, sem a fiscalização do Ministério do Trabalho, negociação direta é conversa mole.

Daí o incomodo…

O imposto sindical foi criado por Getúlio Vargas em 1940 – no valor de um dia de trabalho no ano ou 0,27% do total de rendimentos – em um período revolucionário, três anos antes da promulgação da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), uma das mais avançadas legislações do mundo. A Constituição de 1988 trocou o nome de imposto para contribuição sindical. Foi, até então, o custeio da estrutura confederativa e de garantia da unicidade sindical, sistema próximo ao adotado pela revolucionária União Soviética.

Em paradoxo, a CUT nasceu da negação da estrutura sindical, da unicidade e principalmente do imposto sindical. Importou o modelo do pluralismo sindical europeu e americano. Espalhou que a CLT era uma cópia da “Carta del Lavoro”, da Itália fascista.

Nobre, tenha ou não consciência, está pegando uma carona na reforma sindical e trabalhista de Temer e Bolsonaro. Por isso, propôs ao governo Lula um modelo de transição para o pluralismo sindical.

CARLOS PEREIRA

O post A CUT e a agonia do Fórum das centrais apareceu primeiro em Hora do Povo.

Fonte: https://horadopovo.com.br/a-cut-e-a-agonia-do-forum-das-centrais/