Segundo informações obtidas pela Procuradoria-Geral da República, antes do atentado que matou a vereadora Marielle Franco (PSol-RJ), o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e o irmão dele, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, consideraram assassinar o deputado federal Marcelo Freixo.
OS irmãos desistiram da ideia porque Freixo
“gozava de grande projeção política”. “Eliminá-lo poderia gerar grande repercussão”, diz a PGR na denúncia apresentada nesta semana contra os irmãos Brazão. O policial militar Ronald Alves de Paula, o Major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, também foi denunciado.
A denúncia cita a atuação de Freixo na CPI das Milícias, em 2008, que mencionou os irmãos Brazão como beneficiários de um “curral eleitoral” em Oswaldo Cruz, bairro da Zona Norte do Rio comandado por milicianos. Além disso, a PGR lembra a atuação de Freixo e do PSOL para atrapalhar a ida de Brazão para o TCU, em 2015.
Segundo a denúncia, “foi nesse contexto que as atuações políticas do PSOL e, mais tarde, de Marielle Francisco da Silva, entraram em rota de colisão com os denunciados João Francisco e Domingos Brazão, que decidiram então matá-la, para impedir que a vereadora continuasse a prejudicar os seus interesses e para dissuadir outros integrantes do PSOL que pretendessem adotar a mesma postura”.
“Por esses fatores, impelidos pela finalidade de desencorajar qualquer oposição aos seus interesses econômicos e para imposição de suas propostas legislativas, buscando, ainda, atender às necessidades das milícias das quais eram aliados, Domingos Inácio Brazão e João Francisco Inácio Brazão decidiram por matar Marielle Francisco da Silva, o que também serviria como modo de intimidar o livre exercício da atividade político-partidária dos integrantes do PSOL”, diz outro trecho da denúncia.
O documento também trouxe à tona outro motivo para a morte de Marielle: um projeto de lei apresentado por ela que contrariava os interesses dos Brazão na Zona Oeste do Rio, onde a família se especializou em grilagem de terras. A atuação da Marielle, ainda que incipiente, já contrariava os interesses de Chiquinho e Domingos.
Diz ainda a denúncia que a Marielle estava começando a tratar de assuntos relacionados à regulação de terras e transformar áreas vazias em fins de habitação, e isso começou a interferir nos negócios da família Brazão. A Procuradoria Geral da República mostra, inclusive, escrituras de compras de terreno, uma delas assinada por Domingos Brazão, dois meses depois da morte da Marielle, relacionando a questão de terras com a morte da vereadora.
A PGR revela ainda como se daria o pagamento das pessoas envolvidas no crime, entre eles, o ex-PM Ronnie Lessa, preso como executor, e o policial Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé, que foi apontado como intermediário entre Lessa e os mandantes, e acabou assassinado em 2021. A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal chegaram à conclusão de que eles iam lotear espaços vazios na região do Tanque, na Zona Oeste do Rio, para formar uma nova área de milícia. Com isso, Macalé e Ronnie Lessa ganhariam o direito de explorar um conjunto habitacional no local.
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