Boulos defende reestatizar Enel para impedir apagões em São Paulo

O candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) defendeu hoje a reestatização da Enel, empresa distribuidora de energia elétrica na capital paulista e região metropolitana, durante sabatina UOL/Folha realizada nesta segunda-feira, 21, uma semana antes do segundo turno.

Boulos defendeu que a distribuição de energia elétrica “seja retomada ao controle público”. “Fui contra a privatização da Sabesp, contra a privatização da Eletropaulo. Serviços essenciais têm que ter controle público sob a pena de a gente ficar à mercê de uma empresa incompetente, como nós ficamos nesses apagões todos”, afirmou o candidato do PSOL.

O candidato prometeu trabalhar para que novos apagões em São Paulo não aconteçam. “Na minha atuação, primeiro eu vou fazer a lição de casa, usando tecnologia para poda, manejo arbóreo, assumir responsabilidades. Um prefeito não pode fugir de responsabilidades. Em segundo lugar, é trabalhar, porque o prefeito de São Paulo tem que ser líder.”

“Tem que chegar no cara da Aneel, no ministro de Minas Energia, e construir uma condição. Não dá para essa empresa [Enel] ficar mais”, disse Boulos.

O temporal deixou milhões de pessoas sem luz este mês em toda a Grande São Paulo. Chuva de cerca de 40 minutos, segundo a Defesa Civil do estado, fez 3,1 milhões de clientes da Enel ficarem sem luz. A interrupção no fornecimento ocorreu menos de um ano depois de outro temporal que também deixou milhões de clientes sem luz em 2023.

SEGURANÇA PÚBLICA

Boulos disse que uma de suas “missões” na Prefeitura, se eleito, será “barrar a milicianização da política”. 

Ao ser questionado sobre como vai combater a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) em empresas de transporte e sobre as denúncias de que milícias formadas por guardas municipais extorquem moradores e comerciantes no centro, Boulos prometeu “tirar o crime organizado da máquina pública”. 

Sobre o uso de empresas de transporte para lavagem de dinheiro do crime organizado, Boulos declarou que “não tem rabo preso com eles, diferente do que parece com o atual prefeito”. 

O candidato prometeu “desbaratar a milícia” e afirmou que “quem usa a farda pra cometer crimes, tem que ser responsabilizado”.

Ele disse que se eleito irá “passar a limpo os contratos do transporte”. “Eu não vou aceitar crime organizado dentro da Prefeitura de São Paulo, doa a quem doer.”

DENÚNCIA CONTRA NUNES

Boulos disse que apresentará uma denúncia contra Nunes nesta semana. Segundo ele, essa denúncia irá resumir “a anatomia dos esquemas” que ocorrem na gestão do adversário.

Segundo Boulos, as informações só serão divulgadas na TV porque é o meio de comunicação com maior alcance. “Nós decidimos usar o maior espaço que nós temos, que é a televisão, para apresentar essas denúncias”, afirmou.

O candidato negou que tenha adotado a mesma estratégia que Marçal teve no 1º turno. “Não é uma emulação, não. A gente precisa dialogar com a sociedade. Às vezes se normaliza tanto um absurdo que, se você não chamar a atenção para ele, [fica esquecido]”, afirmou Boulos.

“O que eu estou falando sobre o Ricardo Nunes nos debates, nas sabatinas, são verdades. Não são mentiras. É uma estratégia diferente do Pablo Marçal. Por isso, vamos separar o joio do trigo, o que é a tática do Marçal e o que é a minha”, disse Guilherme Boulos.

REJEIÇÃO

Boulos afirmou que sua rejeição nas intenções de voto — 56%, segundo a última pesquisa Datafolha — foi provocada por notícias falsas. Boulos diz que enfrenta um “projeto de direita e extrema direita” que mira as eleições presidenciais de 2026.

Como exemplo, citou o caso de um eleitor de Guaianases, na zona leste, que teria afirmado que ficou sabendo, pelo WhatsApp, que o psolista “fabrica cocaína”. No primeiro turno, Pablo Marçal (PRTB) chegou a divulgar um laudo falso para afirmar que Boulos era usuário da droga.

Boulos prometeu restabelecer o aborto legal em São Paulo. Ele afirmou que, se eleito, reverterá a decisão de Nunes de interromper o serviço de interrupção da gravidez pelo hospital Vila Nova Cachoeirinha para os casos previstos em lei — gravidez em caso de estupro ou com risco à vida da mãe.

O candidato disse que fez uma promessa à mãe dele a respeito. A médica Maria Ivete Castro Boulos, mãe do candidato, coordena o núcleo de atendimento a mulheres vítimas de violência no Hospital das Clínicas, que é estadual. Em tom emocionado, Boulos disse que prometeu à mãe que, se for eleito, irá cumprir a lei, ou seja, restabelecer o serviço de aborto nos casos em que é permitido.

“Eu cresci com minha mãe contando histórias de mulheres abusadas, de meninas abusadas (…). Eu prometi para ela que eu, como prefeito de São Paulo, vou cumprir a lei”, disse.

LULA NA CAMPANHA

Boulos negou que Lula tenha participado pouco de sua campanha. O candidato disse que ele pode estar na cidade ao seu lado na reta final antes do segundo turno, após recuperação do acidente doméstico que sofreu no final de semana.

Segundo o psolista, sua campanha foi a que recebeu mais contribuições de Lula em todo o Brasil. “Que campanha o presidente Lula fez este ano? Ele foi agora para alguns estados, no máximo uma vez em cada um. O presidente Lula já esteve três vezes na minha campanha, fazendo cinco eventos diferentes”, afirmou ao dizer que Lula “foi exemplar”. “Estou extremamente grato e satisfeito com a participação e o compromisso [dele] com a nossa campanha.”

TARCÍSIO

Tarcísio “quer usar a cidade de São Paulo como trampolim” para uma candidatura presidencial em 2026, afirmou o candidato. Boulos denuncia que o projeto da extrema direita é lierado por setores que querem derrotar o presidente Lula (PT), em 2026, com um “bolsonarismo sem Bolsonaro”.

“O que eu enfrento hoje é o projeto de um grupo político de direita e extrema direita, ancorado em interesses econômicos. Quem é o líder desse projeto? Esse projeto está representado pelo governador Tarcísio, que quer usar a cidade de São Paulo como trampolim para viabilizar a candidatura presidencial dele em 2026”, disse Guilherme Boulos. 

Nunes também foi convidado a participar de sabatina, mas negou convite. Na semana passada, o candidato do MDB também cancelou, de última hora, a participação em um debate entre ele e Boulos organizado pelo pool formado por UOL, Folha e RedeTV!.

Fonte: https://horadopovo.com.br/boulos-defende-reestatizar-enel-para-impedir-apagoes-em-sao-paulo/