Faleceu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, por causas naturais, o xilogravurista, cordelista, poeta e “patrimônio vivo de Pernambuco” José Francisco Borges, conhecido como J. Borges. O artista plástico nasceu em 1935 na cidade pernambucana de Bezerros, onde sempre manteve seu ateliê.
Segundo familiares, o pernambucano foi internado há duas semanas por problemas no pulmão e coração, mas recebeu alta e morreu em casa, por volta das 6h da manhã.
O artista será velado no Centro de Artesanato, que fica localizado no município de Bezerros. O velório está previsto para às 13h desta sexta-feira no Centro de Artesanato de Pernambuco em Bezerros. Já o sepultamento será às 15h do sábado (27), no Cemitério Parque dos Eucaliptos, também em Bezerros.
Conhecido como mestre da arte popular brasileira, ele só frequentou a escola por um ano, onde aprendeu a ler, escrever e fazer contas. Na juventude, foi carpinteiro e pedreiro, até descobrir a literatura de cordel. Há 60 anos, virou escritor.
A imagem da igrejinha foi a primeira xilogravura produzida por J. Borges, um dos grandes mestres dessa arte, primeiro esculpida em madeira e depois impressa no papel.
Sua arte está reunida em uma exposição gratuita no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, até 25 de março de 2025. “É uma das pessoas que ajudou a moldar uma ideia visual sobre o Nordeste e sobre a xilogravura brasileira”, afirma Lucas Vandebeuque, curador da exposição.
Além disso, tem obras expostas no Museu do Louvre, na França, e já expôs em países como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.
Ao longo de sua trajetória, J. Borges ganhou vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.
O encontro com o escritor Ariano Suassuna, no início da década de 1970, foi um marco na história de J. Borges. Encantado pela criatividade das gravuras, Ariano ajudou a levar a obra do amigo para o mundo. José Saramago era outro fã. O livro “O Lagarto”, do escritor português, ganhou ilustrações do artista pernambucano.
Ilustrou também a capa de livros de Eduardo Galeano, inspirou documentários e o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.
O falecimento de J. Borges foi comentado por Lula por meio das redes sociais. “Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores deste grande artista do nosso país”, postou o presidente.
Fonte: https://horadopovo.com.br/brasil-perde-j-borges-mestre-da-xilogravura-e-simbolo-da-cultura-popular-nacional/