Tarcísio se enrola na bandeira de Israel em meio ao genocídio de palestinos 

O governador Tarcísio de Freitas com bandeira de Israel durante Marcha para Jesus em São Paulo – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Enquanto o governo de Israel segue com uma política de extermínio da população palestina que já matou mais de 65 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, em Gaza, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, participou da Marcha para Jesus enrolado em uma bandeira de Israel, exaltando um Estado acusado de violar leis internacionais de guerra, promover massacres contra civis e ignorar sistematicamente os tratados e convenções humanitárias.

Durante a 33ª edição do evento religioso, realizada na capital paulista nesta quinta-feira (19), Tarcísio celebrou seus 50 anos ao som do louvor “1.000 graus”, em cima de um trio elétrico, cercado por bandeiras de Israel, também empunhadas pelo prefeito Ricardo Nunes. A marcha também contou com a presença de figuras políticas como o ministro do STF André Mendonça, o presidente da Alesp, André do Prado, e o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

MASSACRE DE PALESTINOS

Enquanto Tarcísio fazia discursos sob o manto da bandeira do Estado genocida, Gaza vivia mais um dia de horror. Segundo a Defesa Civil local, ao menos 72 palestinos foram mortos nesta quinta-feira, incluindo 21 que esperavam por ajuda humanitária na fila da fome organizada pelo regime sionista. 

Os ataques ocorreram em Jan Yunis, no sul, no corredor de Netzarim, e em vários pontos no norte da Faixa. Entre os mortos, havia pessoas atingidas enquanto esperavam comida, prática recorrente nos bombardeios israelenses. As mortes foram causadas por tanques, aviões e drones, segundo relatos de testemunhas.

FALSOS PROFETAS

Mesmo diante das denúncias de genocídio e dos apelos da ONU sobre o risco de fome em massa em Gaza, os organizadores da Marcha para Jesus distribuiram milhares bandeiras de Israel ainda na estação de metrô Tiradentes tentando vender para os seguidores das religiões protestantes a ideia de que o governo genocida de Benjamin Netanyahu é o representante legítimo do povo escolhido citado na Biblía. 

Ao lado de Tarcísio, Cláudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita Brasileira, afirmou: “Esse povo que tá aqui tá emocionando. Essa identidade com Israel, o Estado que é referência, que luta por todos nós. Esse Estado que luta pela sobrevivência, que luta contra o terrorismo. Nós, judeus, estamos muito emocionados de estar aqui mais esse ano, por viver, vibrar e apoiar. E viva Israel!”

Nas palavras de Lottenberg, o genocídio em curso é convertido em “luta contra o terrorismo”, apagando o massacre de civis e o cerco imposto por Israel desde o início da guerra em outubro de 2023. Até a ONU já declarou que o bloqueio imposto por Tel Aviv à Faixa de Gaza criou uma catástrofe humanitária, agravada com a atuação da controversa GHF (Fundação Humanitária de Gaza), que opera centros de ajuda com apoio de Estados Unidos e Israel, também alvo de críticas e denúncias por parte de agências internacionais.

Enquanto a ajuda humanitária vira alvo de bombas, Tarcísio e outras autoridades desfilam lado a lado com símbolos de um regime cada vez mais isolado e questionado no cenário internacional. Israel continua violando os princípios básicos do direito internacional humanitário, enquanto recebe apoio político em solo brasileiro em plena marcha religiosa.

Foto: Conrado Corsalatte

RESISTÊNCIA

Uma personagem se destacou durante a Marcha. A dona de casa Marta Batista, 61 anos, foi à Marcha para Jesus com uma bandeira da Palestina. 

“Como evangélica, não aceito a política de eliminação de [Benjamin] Netanyahu [primeiro-ministro de Israel]“, disse Marta. Ela afirmou ter sido criticada por algumas pessoas, mas se manteve na marcha durante a passagem dos 7 carros de som.

Fonte: https://horadopovo.com.br/capacho-tarcisio-se-enrola-na-bandeira-de-israel-em-meio-ao-genocidio-de-palestinos/