Centrais sindicais cobram redução dos juros em manifestação no Banco Central

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

As centrais sindicais realizaram, nesta terça-feira (18), um ato em defesa da queda da taxa básica de juros (Selic) em frente à sede do Banco Central (BC), na Avenida Paulista, região central da capital paulista. A manifestação aconteceu no primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Com bandeiras e carros de som, as centrais denunciaram a política de juros altos que atende ao setor financeiro, mantida por Roberto Campos Neto, presidente do BC indicado no governo Bolsonaro.

O presidente da CTB-SP, Renê Vicente, destacou a importância do ato unificado das centrais sindicais, enfatizando que ele marca um posicionamento claro contra a atual política de taxas de juros elevadas. “Estamos aqui pelo ‘Fora Roberto Campos Neto’ e por uma política desenvolvimentista que priorize juros baixos, valorização do trabalho, geração de emprego e distribuição de renda”, declarou Renê.

Ubiraci Dantas, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirmou que a situação atual é muito grave. “O ministro da Fazenda está preferindo o Banco Central do que os trabalhadores. Digo isso porque nos últimos 12 meses foram destinados ao capital financeiro R$ 770 bilhões ao setor financeiro. Além disso, ele está lutando pelo déficit zero, para tirar da educação, da saúde e pobres, para dar aos banqueiros. Isso não está correto. Se esse quadro não mudar, certamente nossos inimigos vão querer voltar para o governo federal. Então é necessário derrubar essas taxas de juros.”

Em nota conjunta, as centrais destacam que a manutenção da taxa de juros em 10,5% “é um entrave para o setor produtivo, para a geração de empregos decentes e para o consumo, verdadeiro motor da economia”.

“A alta taxa só beneficia a especulação e o rentismo. Ela restringe o potencial de crescimento do país e diminui a capacidade de investimentos em serviços públicos essenciais como educação, saúde e infraestrutura, uma vez que obriga o governo a pagar mais juros pela dívida pública”, continua o documento.

Na última reunião, no início de maio, o Copom reduziu a taxa pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano. Contudo, as entidades criticam os patamares dessa diminuição. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião, o que já era baixo. Na última vez, a redução foi de apenas 0,25 ponto percentual.

“Baixar os juros é fundamental para a retomada do crescimento sustentável, com inclusão do povo trabalhador na economia para além da mera subsistência. A taxa de juros mais baixa proporciona crédito mais acessível para pessoas e empresas; incentiva o consumo; previne a inadimplência e incrementa investimentos em pequenas e médias empresas, entre outros”, defendem as centrais.

A presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro dos Santos, explica que a alta taxa de juros transfere recursos que poderiam ser usados para a garantia de serviços públicos para a população para o bolso de especuladores financeiros e impacta diretamente no orçamento das famílias aumentando seu endividamento.

“A cada ponto percentual que os juros se mantêm nesse patamar significa R$ 38 bilhões na dívida pública. É dinheiro que o governo poderia estar investindo em outras coisas, em saúde, educação, infraestrutura, e está remunerando os juros da dívida, que quem ganha é um grupo de bilionários”, disse.

Fonte: https://horadopovo.com.br/centrais-sindicais-cobram-reducao-dos-juros-em-manifestacao-no-banco-central/