Fabiana Cozza abre o “Noitada de Samba na UMES” nesta terça, 29

Foto: Divulgação

Cantora paulistana, filha do samba e pesquisadora da música brasileira, protagoniza o primeiro show do projeto que revive clássico do Teatro Opinião

Nesta terça-feira, 29 de abril, o Cine-Teatro Denoy de Oliveira, no Bixiga, será tomado pelo samba autêntico de Fabiana Cozza. A cantora abre o “Noitada de Samba na UMES”, que retoma a programação musical do Cine-Teatro.

Nascida em 1976 em São Paulo, Fabiana cresceu entre rodas de samba no quintal da avó, na Vila Madalena, e na quadra da Camisa Verde e Branco, escola de seu pai, Oswaldo dos Santos, ex-puxador de samba-enredo. Essa raiz se reflete em sua trajetória: desde o início na música, aos 19 anos, na Universidade Livre de Música Tom Jobim, até os 25 anos de carreira celebrados em 2023 com nove álbuns, três DVDs e prêmios como Melhor Cantora de Samba (Prêmio da Música Brasileira, 2013).

Seu trabalho transcende o palco: é pesquisadora da cultura afro-brasileira, mestra em Fonoaudiologia e doutoranda em Artes na Unicamp, investigando a relação entre voz e tambor. Em 2023, lançou “Urucungo”, disco em homenagem ao compositor Nei Lopes.

“Uma das vozes mais bonitas surgidas nos últimos tempos,
de timbre personalíssimo, Fabiana veio para ficar.”

Paulo César Pinheiro
apresentação para o CD “Fabiana Cozza” (2011)

NOITADA DE SAMBA

O projeto “Noitada de Samba na UMES”, promovido pelo Centro Popular de Cultura da UMES (CPC-UMES) resgata o espírito do lendário “Noitada de Samba”, realizado no Teatro Opinião (RJ) nos anos 1970, onde ícones como Cartola, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho e Clara Nunes ecoaram seus versos. “Queremos reeditar essa magia, trazendo a essência do samba para as novas gerações”, destaca a entidade.

Serão 20 shows, sempre às terças-feiras, a partir das 20h, com entrada gratuita, reunindo grandes nomes do gênero de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais.

Os convidados serão acompanhados pelos músicos Edmilson Capelupi (violão 7 cordas), João Poleto (sopro), Koka Peireira (percussão), Maik Oliveira (bandolim), Pedro Pita (percussão) e Rafael Toledo (percussão).

“Com esses espetáculos, trazemos muitos aspectos de importância para a cultura brasileira: a valorização da mais autêntica das vertentes musicais brasileiras – o Samba; a valorização de artistas que, apesar de sua importância fundamental, muitas vezes são pouco lembrados pela mídia e, por isso, ficam distantes das gerações mais jovens; o acesso gratuito de jovens ao melhor da música brasileira, de forma gratuita e promovido por uma entidade que lhes é muito cara”, completa a entidade. O projeto conta com apoio do Ministério da Cultura e do Governo Federal, parceria fundamental para garantirmos a sua realização.

O “Noitada de Samba na UMES” também homenageia Cristina Buarque, falecida em 20 de abril, figura central na preservação do samba. “Homenageamos sua obra e sua vida, de batalhadora incansável do samba, de pesquisadora que nunca poupou esforços para resgatar e divulgar compositores essenciais de nossa música. Homenageamos porque o samba resiste, se mantém e se fortalece por pessoas como ela, exemplos que inspiram este projeto e nossa defesa da cultura brasileira”, ressalta a UMES.

CONFIRA O PRIMEIRO BLOCO DE APRESENTAÇÕES:

ARTISTAS CONVIDADOS

FABIANA COZZA – 29/04/2025

Reconhecida como uma das grandes vozes de sua geração, Fabiana Cozza é elogiada por sua técnica impecável e sua capacidade dramática no palco, sendo comparada a ícones como Elis Regina, Elizeth Cardoso e Clara Nunes. Seu talento notável foi coroado com troféus no Prêmio da Música Brasileira, onde foi premiada como “Melhor Cantora de Samba” em 2012 e pelo seu “Melhor Álbum em Língua Estrangeira” em 2018, demonstrando sua versatilidade e excelência em diferentes estilos musicais.

Possui uma trajetória de envolvimento social, tendo sido presidente do grêmio estudantil de sua escola, e também pesquisa e atuação em prol da cultura negra, elementos que se manifestam na sua obra. Também participou do disco “Sobras Repletas”, homenagem realizada pela AMAR/SOMBRÁS e CPC-UMES ao grande compositor Maurício Tapajós, gravando a música “Vou Deixar pra Amanhã”.

Os álbuns mais recentes de Fabiana Cozza, “Dos Santos” (2020) e “Urucungo” (2023), são o testemunho vivo de sua posição como herdeira das ricas tradições afro- brasileiras. Com sua voz poderosa e interpretações emotivas, ela não apenas celebra as influências africanas no panorama musical brasileiro, mas também as reinscreve no cenário contemporâneo, revitalizando e renovando sua importância para as gerações presentes e futuras.

ADRIANA MOREIRA – 06/05/2025

Adriana Moreira, intérprete e pesquisadora, possui um trabalho dedicado às diversas linguagens da música afro-brasileira. Nascida na cidade de São Paulo, onde conviveu com lideranças do movimento negro. Pelas mãos da mãe, frequentou a Escola de Samba Camisa Verde e Branco e as rodas de samba paulistanas. Foi também influenciada pela trajetória do avô, Jayme de Aguiar, jornalista, professor, fundador de um dos principais jornais da Imprensa Negra de São Paulo “O Clarim da Alvorada”. Essa vivência transborda em sua voz e é a essência do seu trabalho musical potente, com a força de quem é fruto e raiz do Samba, da ancestralidade de África e Brasil.

Adriana possui dois álbuns em carreira solo, Direito de Sambar (2004), que traz composições do baiano Batatinha, e Cordão (2015), pelo qual recebeu o Prêmio Catavento da Rádio Cultura na categoria Melhor Disco de Samba, e com o qual participou do Festival de Música de Marrocos – Visa For Music, representando o Brasil. Em 2025 lançará seu terceiro álbum de carreira, intitulado Roda, com canções inéditas, pela gravadora YB Music.

CLÁUDIO JORGE – 13/05/2025

O compositor, violonista, cantor, arranjador e produtor musical Cláudio Jorge é criador de um estilo próprio de tocar violão. Se tornou referência no instrumento com o qual acompanhou – ao longo de cinquenta anos de carreira – nomes como Martinho da Vila, João Nogueira, Nelson Gonçalves, Wilson Das Neves, Cartola, Leila Pinheiro, Ismael Silva e outros.

Como violonista atuou em centenas de gravações no Brasil, e no exterior, nos discos de Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Alcione, Renato Russo, Lisa Ono, Sérgio Mendes, Dione Warvick e outros.

Por sete anos foi o guitarrista da banda de Sivuca, através de quem conheceu mais profundamente a cultura nordestina. Gravou em vários discos do mestre do acordeom e foi com Sivuca que aprimorou a técnica de tocar em grupo.

Em 2020, seu CD SambaJazzdeRaizCláudioJorge70foi agraciado com o prêmio Grammy Latino, como melhor disco na categoria Samba.

O show no Noitada de Samba na Umes será uma viagem pelos seus álbuns gravados desde 1980 até o mais recente, pontuada com histórias da sua carreira e dos seus parceiros.

THOBIAS DA VAI-VAI – 20/05/2025

Thobias da Vai-Vai iniciou sua carreira como intérprete no então bloco Gaviões da Fiel. Em 1984 passou a integrar o Vai Vai, como intérprete oficial. Durante a década de 90 foi também Vice-Presidente e Presidente da escola. Com a tradicional agremiação obteve nove títulos do carnaval paulistano. Em 40 anos de carreira participou de inúmeras gravações, com artistas como Beth Carvalho, Osvaldinho da Cuíca, Demônios da Garoa, entre tantos outros.

Tem oito discos solo de carreira. Viajou por diversos países do mundo com espetáculos de samba e carnaval, em turnês pelo Caribe, Argentina, Uruguai, Paraguai, Coréia e China, ao lado de Sargentelli, e também com seu próprio espetáculo. Em 2006, Thobias participou como ator dos filmes “Antônia” e “O Cheiro do Ralo”. Como radialista, realizou programas nas rádios FM Imprensa, Brasil 2000 e América.

É também um dos fundadores da Afrobrás – Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sociocultural, a mantenedora da UniPalmares – Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, da qual é ‘Presidente de Honra’. Circulou com seu espetáculo “O Templo da Gafieira”, que deu origem ao seu único DVD. Em 2013 passou a integrar o elenco do espetáculo “Sampa, O Musical”, dirigido por Ulysses Cruz. No mesmo ano, participou do carnaval de Calabar, na Nigéria, com seu grupo Brasil Samba Show. Em 2023, atuou como ator e cantor no musical “O Homem da Máscara de Ferro”, dirigido também por Ulysses Cruz.

ROQUE FERREIRA – 27/05/2025

Compositor, cantor e escritor. Nascido em Nazaré das Farinhas, começou a compor aos 14 anos, quando mudou-se para Salvador. Publicitário, trabalhou em várias agências durante 20 anos, abandonando a profissão para dedicar-se somente à música.

Compositor de mais de 400 canções, gravado por Clara Nunes, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Alcione, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Mariene de Castro, Maria Bethânia, Dona Edith do Prato, Fabiana Cozza, Roberta Sá, Pedro Miranda, Mônica Salmaso, e Zélia Duncan, Roque Ferreira é nome fundamental para compor a paisagem sonora brasileira dos séculos XX e XXI.

A obra abarca o riquíssimo universo do samba de roda do Recôncavo Baiano, patrimônio imaterial da humanidade, tombado pela Unesco, mergulha e reverencia a mitologia do Candomblé, e se espalha pela imensa diversidade do samba, para além da cultura baiana, misturado e consagrado no samba urbano, que se produz no Brasil todo, sobretudo no mercado fonográfico estabelecido no Sudeste.

Autor de grandes sucessos, como Samba pras Moças, lançado por Zeca Pagodinho em 1995, Roque é parceiro de importantes pilares da MPB, como Paulo César Pinheiro, Ederaldo Gentil, e também de nomes de uma geração mais recente de sambistas, como Dudu Nobre, Toninho Geraes e Mariene de Castro. A mesma transversalidade no tempo se nota em seus intérpretes: de Maria Bethânia e Martinho da Vila a Roberta Sá e Pedro Miranda.

RAQUEL TOBIAS – 03/06/2025

Raquel Tobias é compositora, cantora e intérprete paulista com vasto repertório de referências no samba raiz, samba contemporâneo, samba rock, soul e MPB. Possui timbre único, identidade forte, maestria e autenticidade no palco. Atualmente é intérprete das escolas de samba Moro da Casa Verde e Estrela do Terceiro Milênio, a última pertencente ao grupo especial das escolas de samba paulistas.

Começa sua carreira como pastora em um projeto paulista de roda de compositores chamado “Samba de Todos os Tempos”(2006), participando do lançamento do álbum independente “Samba de Todos os Tempos” (2014) e da coletânea independente “SP em retalhos”, um projeto de gravação de mulheres sambistas em São Paulo. Em 2012 Raquel Tobias se torna intérprete de escolas de samba em São Paulo e em Minas Gerais. No final de 2015 é convidada a ser a cantora principal do projeto “Resgatando Raízes”, que tem como intuito reconhecer toda mulher sambista e dar suporte resgatando talentos ainda no anonimato, trabalho que desenvolve até a atualidade.

ALDO BUENO – 10/06/2025

Aldo Bueno começou sua carreira de intérprete nos anos 1970, apadrinhado pelo baluarte Geraldo Filme. Incentivado por ele, assumiu o microfone no Paulistano da Glória e, tempos depois, seria intérprete da Vai-Vai, conduzindo o bicampeonato da escola em 1982 com o inesquecível samba “Orum Ayê – O Eterno Amanhecer”. Foi co-fundador da Banda Redonda, uma das mais antigas e tradicionais do carnaval paulistano, sob a tutela do dramaturgo Plínio Marcos. Com sua voz potente e marcante, dividiu o palco com nomes como Riachão, Moacyr Luz, Beth Carvalho, Nelson Sargento e o grupo Fundo de Quintal.

Como ator, participou de uma série de peças importantes no teatro, como “Ópera do malandro” e “Gota D’Água”, de Chico Buarque, e “Arena Conta Zumbi”. Além de inúmeros filmes, como “O Homem que Virou Suco” (1981), “Eles Não Usam Black Tie” (1981) e “A Próxima Vítima” (1983), onde ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival de Gramado de 1984.

É amigo de longa data do CPC-UMES. Foi apresentador e dividiu palco com os convidados no histórico “Fina Flor do Samba”, participou do espetáculo “História do Samba Paulista” e do disco de mesmo nome e também atuou no projeto “Balé de Arte Negra da UMES”. Em 2019 o CPC-UMES realizou uma exposição em homenagem à carreira desse grande artista.

SÉRGIO SANTOS – 17/06/2025

Cantor, violonista, arranjador e compositor mineiro, nascido em Varginha, sul de Minas Gerais. Possui longa trajetória musical, tendo participado em 1982 como cantor do espetáculo “Missa dos Quilombos” de Milton Nascimento. Em 1991, conhece o poeta Paulo César Pinheiro que vem a se tornar o seu grande parceiro. Com ele compõe uma obra de mais de 300 músicas. Essa obra é cantada por artistas como Leila Pinheiro, MPB4, Alcione, João Nogueira, Mônica Salmaso, Fátima Guedes, Olívia Hime e Milton Nascimento. É parceiro também de nomes como Francis Hime, Olívia Hime, Murilo Antunes, Fernando Brant, Joyce e André Mehmari.

Tem 10 discos gravados, nos quais participam artistas como Dori Caymmi, Raphael Rabello, Mônica Salmaso, Leila Pinheiro, Sivuca e Francis Hime. Sergio foi vencedor do Prêmio Rival BR em 2002, como o Melhor Disco do Ano, com seu CD ÁFRICO. Esse disco foi o primeiro a integrar a Discoteca Básica do Século XXI do Museu da Imagem e do Som. Em 2009 é indicado ao 11º Grammy Latino por seu CD LITORAL E INTERIOR. Já se apresentou em alguns dos mais importantes palcos do mundo, como o Hollywood Bowl em Los Angeles, no Herbst Theater em San Francisco, no Blue Note em Tokyo, e na sede da Unesco em Paris.

CARLINHOS VERGUEIRO – 24/06/2025

Carlinhos Vergueiro iniciou a carreira artística em 1973, gravando dois compactos quando ainda trabalhava na Bolsa de Valores de São Paulo. Em 1974 lançou “Brecha”, seu primeiro disco, quando passou a viver exclusivamente de música, o que faz até hoje. Em 1975 venceu o Festival Abertura na Rede Globo de Televisão, com a música “Como um Ladrão”, de sua autoria.

Ainda que o samba o tenha consagrado com composições como “Torresmo à Milanesa” (parceria com Adoniran Barbosa), “Dia Seguinte” (com J. Petrolino), “Lições de Vida” (com Toquinho) e “Leve” (dele e Chico Buarque), Carlinhos sempre teve a inspiração a serviço dos encontros. Isso o permitiu, ao longo das últimas décadas, interpretar Belchior ou Nelson Gonçalves, ser autor de boleros, ou valsas, e atuar como produtor musical de Chico Buarque, Geraldo Filme e Nelson Cavaquinho.

Trabalhou também como produtor fonográfico, tendo sido responsável pelos LPs “Geraldo Filme” (1980), “As flores em vida” (1985), último disco de Nelson Cavaquinho, “A ópera do malandro” (1985), de Chico Buarque – filme de Ruy Guerra – e pelo trabalho que reuniu sambas inéditos do compositor Candeia, em 1986.

NEI LOPES – 01/07/2025

Destacando-se inicialmente como compositor de música popular, consolidou um amplo repertório gravado, a partir de 1972, por grandes nomes da música popular brasileira, como Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Elza Soares, Elizeth Cardoso, Fátima Guedes, Grupo Fundo de Quintal, Guinga, Ivan Lins, MPB4, Zeca Pagodinho, Zezé Motta, entre outros, além de registros em sua própria voz.

Intérprete de suas próprias canções, Nei Lopes tem vários discos gravados, em registros solo ou em conjunto com outros artistas, como o CD “Nei Lopes – De Letra & Música” (Velas, 2000), em que recebe convidados como Chico Buarque, Emílio Santiago, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila, entre outros. No ano de 1999 lança pelo CPC-UMES o disco “Sincopando o Breque”, que busca destacar o sofisticado samba sincopado. Em 2005, seu CD “Partido ao Cubo” (Fina Flor) foi eleito o melhor disco de samba no Prêmio da Música Brasileira.

A partir de 1981, Nei Lopes se tornou escritor profissional. Desde então, vem publicando vasta obra de estudos africanos, centrada em livros de referência, sendo também autor de ensaios, romances, coletâneas de contos e de poemas. Essa produção também possui grande reconhecimento, já tendo conquistado dois Prêmios Jabuti.

Fonte: https://horadopovo.com.br/fabiana-cozza-abre-o-noitada-de-samba-na-umes-nesta-terca-29/