Gestão Tarcísio obriga policiais militares a revezarem coletes após equipamentos vencerem em SP

Equipamentos da PM perderam a validade – Foto: Reprodução/PM-SP

A crise na segurança pública no estado de São Paulo se agrava a cada dia. Diversos batalhões da capital, da região metropolitana e do interior têm sido orientados a revezar os coletes balísticos. Os coletes de policiais que estão em férias ou afastados por motivos de saúde também foram requisitados para o revezamento. A situação já afeta pelo menos Guarulhos, Campinas e Ribeirão Preto, além da capital paulista.

Uma ordem de serviço, divulgada pelo jornal O Globo, lista PMs que deveriam participar do “rodízio” de um dos, senão o mais importante equipamento de proteção individual (EPI) de uma força de segurança, “tendo em vista o prazo fora da validade” de quase 30 coletes que foram usados em um batalhão da capital até a última terça-feira (1°). O documento orienta os próprios policiais a fazerem a higienização do equipamento antes de repassá-lo a outro colega.

“O colete é um equipamento de proteção individual. A gente está muito em trabalho. Em dias quentes, então, o colete fica nojento. É insalubre essa situação de revezamento”, disse um policial militar ao jornal O Globo, que não quis ser identificado, sob risco de punições e represálias.

Policiais Militares de Campinas, no interior do estado, estão revezando os coletes à prova de balas pelo menos desde fevereiro deste ano. A orientação de revezamento dos coletes em bom estado ocorreu porque dezenas de equipamentos estão fora da validade e precisaram ser descartados.

De acordo com informações do Metrópoles, documentos internos mostram as instruções para que as equipes do 8º e do 47º Batalhões de Polícia Militar do Interior (BPM-I), ambos de Campinas, se planejem para revezar os coletes.

“A partir da data do vencimento do EPI [Equipamento de Proteção Individual], todos os CGPs [Comandos de Grupo Patrulha] e efetivo desta UOp [Unidade Operacional] deverão realizar ajustes necessários entre os policiais militares, abaixo citados, das suas respectivas equipes, a fim de promover revezamento de uso de coletes balísticos entre PMs, de modo que nenhum militar do Estado trabalhe no Serviço Operacional com colete balístico ‘vencido’”, diz um documento assinado pelo capitão Ricardo Aparecido Magalhães e direcionado à 2ª Companhia do 47º BPM-I.

DESGOVERNO SEM LIMITES

“Temos severas críticas à instituição da PM e ao modo como diversos agentes de segurança têm implementado uma política de terror e morte no estado, mas isso não nos impede de chamar a atenção para a falta de compromisso de Tarcísio com a segurança da corporação. O desgoverno de Tarcísio realmente não tem limites”, disse a deputada estadual Thainara Farias (PT).

Eleito sob a bandeira de cuidar da segurança pública e das forças de segurança, a gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem demonstrado que não passava de estelionato eleitoral, de falácia para ludibriar o povo que padece com a falta de políticas sociais para solucionar a violência crescente, o que já era denunciado por diversas figuras e mídias, incluindo aqui na Hora do Povo.

Já uma ordem de serviço do 8º BPM-I diz que 114 coletes do batalhão venceram em 15 de fevereiro e determina aos comandantes de companhia que se planejem e recolham os equipamentos dentro da validade para que eles possam ser revezados. O documento afirma ainda que 18 coletes da 1ª Companhia, 21 da 2ª, 18 da 3ª e mais 18 da 4ª atingiram o prazo de validade.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, na ocasião, apenas que “a Polícia Militar, por meio da Diretoria de Logística e do Centro de Material Bélico (CMB), adquiriu 17.000 coletes de proteção balística para o efetivo, com o objetivo de repor os coletes com vencimento previsto para 2025. Os equipamentos serão entregues gradativamente no decorrer deste ano”.

Diante dessa situação, tornam-se ainda mais graves os riscos enfrentados pelos PMs que, de acordo com pesquisa divulgada na última quinta-feira (3) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), têm morrido em serviço. Segundo a pesquisa, com base em dados coletados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) e do Ministério Público, desde 2022 houve um aumento de 133% nos óbitos de policiais.

Enquanto isso, os policiais militares rezam para não serem alvejados por disparos e, caso levem um tiro, que pelo menos seja no seu dia de estar com o colete.

Fonte: https://horadopovo.com.br/gestao-tarcisio-obriga-policiais-militares-a-revezarem-coletes-apos-equipamentos-vencerem-em-sp/