Coletiva de imprensa realizada pela direção do Andes-SN na manhã desta segunda-feira (3). Foto: ANDES-SN
A reunião desta segunda-feira (3), entre o governo e representantes dos docentes de universidades e institutos federais em greve, mais uma vez terminou sem solução para a reivindicação de reajuste salarial ainda este ano, apresentada pela categoria. Entre as propostas mais urgentes apresentadas pelos docentes federais está a reposição inflacionária dos últimos doze meses, com reajuste de 3,69% em agosto de 2024.
No encontro, na sede do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), representantes da pasta descartaram qualquer aumento na proposta salarial já apresentada pelo governo, com reajustes apenas a partir de 2025, e a reunião foi encerrada pelo secretário de Relações de Trabalho, José Lopez Feijóo, sem apresentação de novas datas para a continuidade das negociações.
De acordo com assessoria do MGI, “o governo informou que a negociação salarial com os docentes foi encerrada com o acordo assinado semana passada, mas permanece aberto para diálogo sobre pautas não-salariais em outras instâncias de governo”.
A proposta apresentada pelo governo foi aceita por uma das entidades que representa os docentes, a Proifes (Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), e rejeitada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes–SN) e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), entidades que representam a maioria da categoria. O caso foi parar na Justiça, que suspendeu o acordo.
OCUPAÇÃO DO MGI
A postura do governo na reunião gerou protestos dos servidores, que ocuparam a sala do MGI e exigiram a manutenção da negociação. “O que se viu foi uma indisposição de negociação, muitos ‘nãos’ durante a reunião, e comunicamos que não sairíamos do edifício até que tivéssemos a confirmação da mesa de negociação dos técnico-administrativos e dos docentes”, informou o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), no final da tarde desta segunda-feira. De acordo com o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), “a greve continua por tempo indeterminado, até o atendimento digno das reivindicações da categoria”.
O movimento dos docentes contou com o apoio das deputadas federais Dandara Tonantzin (PT/MG) e Fernanda Melchionna (Psol/RS) e, após a pressão se intensificar durante o dia, os servidores saíram com data marcada para as próximas reuniões. “O movimento grevista não recuou, fez vigília no MGI e arrancou novas reuniões com o governo federal. A próxima rodada de negociação com docentes acontece no dia 14 de junho, no Ministério da Educação. Já a mesa das e dos TAEs será realizada em 11 de junho”, informa a entidade.
“Mais uma vez, a reunião havia terminado com bravatas, negativas e intransigência do governo federal. Nos foi colocado que seria impossível hoje ter uma data para a continuidade das negociações das demandas dos professores e dos técnicos. Se cedêssemos e não insistíssemos, se não colocássemos em prática os bons métodos que nossa classe construiu, sairíamos com vazio, sem qualquer indicativo da necessária continuidade de negociação”, afirmou Gustavo Seferian, presidente do Andes-SN.
De acordo com Gustavo, a força do movimento, com a vigília dos servidores, amparada pela unidade das três entidades em greve – ANDES-SN, Sinasefe e Fasubra – “conseguiu fazer com que o governo federal recuasse e se movimentasse. Propôs inicialmente a data de 20 de junho, daqui mais de duas semanas, e dissemos ‘não’. Do mesmo modo, disse que até sexta daria uma devolutiva. Nós dissemos ‘não’, e seguimos esperando. Percebemos um movimento, com intervenção inclusive da ministra Esther Dweck, para garantir uma reunião na próxima semana.”
“E avançamos. O momento é que intensifiquemos nossas lutas e nossas ações. Nesse momento, nossas categorias seguem pulsantes. Hoje, mais duas universidades se somam à greve do Andes-SN. A Federal do Piauí e a Federal da Paraíba. Temos um movimento que está num processo afirmativo e crescente. Esperamos que a nossa mobilização, seguindo nesse compasso, possa trazer ganhos materiais e políticos. A greve segue, tem respostas da nossa luta unificada, e que possamos, no dia 14, colher bons frutos da nossa mobilização”, afirmou. Os docentes estão em greve desde 15 de abril, hoje com adesão de 61 universidades federais.
Fonte: https://horadopovo.com.br/governo-se-nega-a-apresentar-nova-proposta-e-docentes-mantem-greve-em-61-universidades-federais/