PCdoB lança 16º Congresso e defende avançar na construção de um projeto nacional e isolar a extrema direita

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Live com mais de mil de militantes deu início ao processo de mobilização para o 16º Congresso; plenária nacional acontece de 16 a 19 de outubro, em Brasília

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) deu início nesta terça-feira (17) ao processo de mobilização para seu 16º Congresso Nacional, que ocorrerá de 16 a 19 de outubro em Brasília. Em uma live transmitida pelo YouTube e acompanhada por mais de mil militantes, a direção nacional apresentou as principais bandeiras do próximo Congresso.

A presidenta do PCdoB e ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que o Congresso acontece em um momento de polarização política e desafios à democracia. “Os desafios políticos no Brasil são imensos porque embora a gente tenha ganhado as eleições de 2022, continuamos com o país polarizado, a institucionalidade fragilizada e, portanto, com muitos obstáculos a serem superados para que a gente possa consolidar a democracia e a soberania nacional”.

Por isso, acrescentou, “penso que a principal síntese do nosso Projeto de Resolução, no plano da política, é conquistar uma nova vitória da nação e da classe trabalhadora em 2026 e realizar mudanças estruturais para impulsionar o desenvolvimento soberano”.

Ela ressaltou que a vitória no ano que vem só será possível “com uma unidade ampla, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é essencial para derrotar a extrema direita no Brasil” e defendeu “a necessidade de o país avançar na construção de um projeto nacional e no isolamento da extrema direita. “Precisamos lutar pelo protagonismo da esquerda, impulsionar a unidade e a mobilização do nosso povo”, enfatizou.

Luciana argumentou, ainda, que a frente ampla conquistada em 2022 “teve caráter democrático, de retomada das políticas públicas, mas não era uma frente ampla do ponto de vista da agenda econômica — e temos de superar isso. Precisamos ter mais forças políticas que enfrentem a centralidade do que é necessário hoje para retomar o crescimento, que é lutar contra a política de juros praticada pelo Banco Central e contra aspectos da política macroeconômica que hoje são impeditivos do crescimento nacional”.

A dirigente enfatizou que “esse é o nosso papel de vanguarda: apontar o que precisa ser superado para podermos garantir mais bem-estar social para o povo”.

Presidente do PCdoB, Luciana Santos – Foto: Reprodução

Luciana destacou que o Brasil de Lula teve conquistas incontestes que precisam ser ressaltadas, entre as quais estão o crescimento econômico maior do que o mercado financeiro anunciava; geração de emprego; aumento da renda; lei do salário igual entre homens e mulheres; programas sociais como o Desenrola e o Pé-de-Meia; a retomada de outros como o Minha Casa, Minha Vida e do Bolsa Família sobre novas bases e o processo de reindustrialização.

Na avaliação de Luciana, a Nova Indústria Brasil (NIB), o PAC e a sinergia com os chineses “são as três grandes ações estruturantes que vão ao encontro de um novo projeto nacional de desenvolvimento”. Neste sentido, destacou o papel do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. “É claro que esse desenvolvimento só terá consistência se ele se der sobre novas bases tecnológicas e esse é o conceito que move a agenda da reindustrialização. Estamos investindo seis vezes mais em CT&I em dois anos e meio do que nos dois governos anteriores”.

Pela primeira vez na história do PCdoB, o Comitê Central será eleito com 50% de mulheres e 50% de homens, marcando um avanço na representação de gênero no partido. Além disso, foi reforçada a importância do Plebiscito Popular, uma iniciativa que busca mobilizar a sociedade pela redução da jornada de trabalho sem corte salarial, fim da escala 6×1 e taxação de grandes fortunas para isentar de Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil.

CAPITALISMO EM CRISE

Davidson Magalhães, dirigente do PCdoB da Bahia, fez um apanhado geral do projeto de resolução que pauta os debates do Congresso, focando, essencialmente, o cenário internacional.

“O 16º Congresso do PCdoB acontece num cenário marcado por uma grave crise do capitalismo, especialmente pela perda de dinamismo das economias dos EUA, Japão e União Europeia. Esta crise tem como principais consequências as baixas taxas de crescimento econômico, a ampliação da desigualdade de renda com alto grau de pobreza e miséria e, ao mesmo tempo, o surgimento de trilionários”, afirmou.

Do ponto de vista do trabalho, acrescentou, “temos o aumento do desemprego e da precarização, de um lado, e a ampliação da riqueza financeira e do rentismo do outro. A esse quadro, soma-se o agravamento da crise ambiental”.

Em contraste com esse cenário de crise e decadência do capitalismo, pontuou, “vemos o dinamismo da economia asiática, notadamente a China, Vietnã e Índia. Portanto, vivemos o fim de uma ordem global em que os EUA passam por um período de declínio da sua hegemonia e transitamos para uma nova ordem com novos centros de poder, especialmente China e Rússia”.

Além dessas mudanças geopolíticas, Magalhães salientou que o capitalismo passa por mudanças estruturais significativas. “Os avanços da quarta revolução industrial, a inteligência artificial, a robótica, a internet das coisas, entre outros aspectos, criaram uma era digital, com processos disruptivos que impulsionaram a reorganização da produção e a circulação das mercadorias e das relações de trabalho em torno da economia de dados”.

Ele pontuou que todos esses avanços tecnológicos, sob o controle do capital monopolista, ampliam a exploração e precarizam a vida do trabalhador. Ao mesmo tempo, as chamadas big techs “concentram grande poder econômico e capacidade de manipulação ideológica, através do controle dos algoritmos, proliferando conteúdos misóginos e racistas e fomentando a fragmentação e os valores da extrema direita”.

A live teve ainda a participação da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e contou com os comentários dos secretários de Organização, Nádia Campeão, e Sindical, Nivaldo Santana, além de Pedro Campos e Renata Rosa, dirigentes do PCdoB de São Paulo, como apresentadores.

Live contou com os secretários de Organização, Nádia Campeão, e Sindical, Nivaldo Santana, além de Pedro Campos e Renata Rosa, dirigentes do PCdoB-SP, como apresentadores – Foto: Reprodução

PRÓXIMOS PASSOS

Até outubro, o PCdoB realizará debates em todos os estados, com participação das bases partidárias. O Projeto de Resolução Política, intitulado “Vitória do Brasil em 2026 – Mudanças para o Desenvolvimento Soberano”, será o eixo central das discussões, defendendo um modelo econômico alternativo ao neoliberalismo e a ampliação das políticas sociais13.

A íntegra da live está disponível no canal do PCdoB no YouTube:

Fonte: https://horadopovo.com.br/pcdob-lanca-16o-congresso-e-defende-avancar-na-construcao-de-um-projeto-nacional-e-isolar-a-extrema-direita/