Durante as audiências públicas que estão acontecendo, em diversos bairros de São Paulo, para debater o processo de privatização da Sabesp, a população se mostra radicalmente contra a entrega da companhia para a iniciativa privada.
A mais recente aconteceu na região da represa Guarapiranga no último sábado (27). O debate, conduzido pela a Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo foi realizado no CEU (Centro Educacional Unificado) Guarapiranga, zona sul da capital paulista.
Moradores da região compareceram em peso. O professor Jefferson Santana se colocou contrário à privatização. “Sou totalmente contra por ser um morador da periferia do Jardim Ângela, por trabalhar neste território, e por todas as vezes que eu precisei utilizar um serviço público que foi privatizado, eu percebi toda piora do serviço público. É importante que a gente preste atenção porque a água é o nosso maior patrimônio da humanidade e a maioria da população de São Paulo, inclusive, é contra a privatização deste serviço e a gente não pode deixar um serviço tão essencial na mão dos grandes empresários, que só estão preocupados com os seus lucros”, disse.
A direção do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo)participou da audiência com o objetivo de esclarecer as falácias da dupla privatista formada pelo governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes.
“O governo estadual e municipal joga com a falta de conhecimento que a população geral tem sobre o que significa um processo de privatização. Estamos firmes na luta para alertar que nem a tarifa vai baixar, nem o serviço vai melhorar com a privatização da Sabesp”, destacou a direção do Sindicato, durante a audiência pública.
Por lá a população de São Paulo foi contra a privatização e cobrou uma Sabesp mais forte para dar conta dos desafios do saneamento básico na região.
A vereadora Silvia da Bancada Feminista (PSOL), disse que na região de Guarapiranga faltam a coleta e o tratamento esgoto. “Pelo contrato atual com a Sabesp e isso é previsível que vai ter 100% de universalização até 2029. Então, esse contrato que já existe entre a Sabesp e a Prefeitura já prevê a universalização. Portanto, não existem motivos para ter privatização para poder sanar esse problema”, salientou.
O vereador Celso Giannazi (PSOL) comentou que a população de São Paulo está muito preocupada com esse processo de privatização. “A gente tem os exemplos na cidade de São Paulo de privatização que não deram certo. Ouvir a população deste território do extremo sul de São Paulo é muito importante”, disse.
“A bacia Guarapiranga, a represa, abastece quase 30% da cidade de São Paulo. E se a água for privatizada a população vai pagar um preço caríssimo em todos os sentidos. Vai aumentar a tarifa, vai piorar os serviços e a prefeitura não vai ter mais nenhum tipo de ingerência nesse processo, ela perde a sua autonomia”, opinou o deputado.

HELIÓPOLIS
Com forte participação da população, a audiência realizada no CEU (Centro Educacional Unificado) Meninos, em Heliópolis, na última quinta-feira (25), reuniu lideranças sociais e políticas da região, que externaram seu repúdio ao PL 163 de Ricardo Nunes.
O Presidente do Sintaema José Faggian criticou a proposta de privatização da Sabesp. “Essa Audiência Pública aqui no território cumpre um pouco esse papel de denunciar o crime que está sendo cometido contra o povo de São Paulo”, afirmou.
“A Sabesp é uma empresa eficiente, lucrativa, com correções sim que precisam ser feitas, mas é uma empresa do povo de São Paulo, que entrega um serviço de excelência e que não pode ser entregue ao capital financeiro para se ter lucro. Nós trabalhamos com um serviço que é essencial à vida da população, a água é vida, não pode ser tratada como mercadoria água, é um direito reconhecido pela ONU e todo ser humano, independente da capacidade ou não de pagar, tem que ter acesso a essa água”, completou Faggian.
A arquiteta e urbanista Debora Machado, representante do Cades (Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz) Ipiranga e do Movimento da Usina Ecocultural do Ipiranga, também se manifestou contrariamente à proposta. “Entendemos que a luta pelo direito à cidade passa diretamente pela questão ambiental, então o nosso movimento tem discutido amplamente sobre a importância de defendermos a água, de defendermos esse recurso, disso ser um direito para todo mundo, para chegar nas áreas mais distantes da cidade”, argumentou.
“Acho que precisamos fazer uma leitura do quanto é importante o acesso à água para que consigamos chegar nas áreas mais distantes da cidade. Precisamos entender que essa medida vai contra os interesses da população. Isso é muito grave. Se estamos falando de uma água que está entre as melhores águas do mundo, e ela vai deixar de chegar nessa população, isso é o contrário do que defendemos”, acrescentou Debora.
Representante da Associação de Moradores de Nova Heliópolis e Ipiranga, Raimundo Bonfim defendeu que a Sabesp permaneça pública. “A comunidade chamada Heliópolis, que muitos aqui conhecem, moram, habitam, tem quase 100% de acesso à água. Mas, sabe por que tem quase 100% de acesso à água? Porque a Sabesp é uma empresa pública. E, ao falar de Heliópolis, eu tenho certeza que posso me referir a quase 100% das comunidades da periferia do território de São Paulo, que as que têm acesso à água é porque a Sabesp é uma empresa pública. Porque, se fosse uma empresa privada, a população moradora desses territórios teria que pagar uma taxa muito cara e não teria acesso”, ressaltou Bonfim.
Na mesma linha se manifestou Ronaldo Coppa, representante dos empregados no Conselho de Administração da Sabesp. “Acompanhamos Heliópolis desde a sua formação e vou complementar os dados que foram colocados aqui: 99% de acesso à água, tem 1% que está em área que a Prefeitura não considera para atendimento; tem 97% de coleta de esgoto, o que esses três índices consideramos não factível; e 100% do que é coletado é encaminhado para tratamento. Então, gostaria de reafirmar que isso só aconteceu graças à questão do público: a Sabesp pública não olha onde faz os seus investimentos, ela faz onde a população necessita”, reforçou Coppa.
“A ausência dos vereadores e vereadoras privatistas na audiência desta quinta só revela o descompromisso que eles têm com o povo de São Paulo. E comprova que eles legislam para garantir seus interesses”, denunciaram os participantes.
O Sintaema frisou que “a Câmara de Vereadores comete erro histórico ao não respeitar, mais uma vez, a Constituição de 1988 no seu artigo 225: a água é um componente essencial ao meio ambiente e não é uma mercadoria que se possa dispor de modo privado em termos de soberania nacional”, ressaltou.
Os debates externos anteriores foram em Parelheiros e em Heliópolis. Em todos, a população se posicionou contra a privatização. O próximo, está marcado para o dia 2 de maio, às 11h, no Salão Nobre da Câmara Municipal.
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