Servidores de hospitais federais no Rio de Janeiro denunciam risco de desmonte e aprovam greve por reajuste

Profissionais aprovaram greve para impedir que o Ministério da Saúde desmembre e privatize os hospitais federais do Rio de Janeiro – Foto: Sindsprev/RJ

Servidores públicos de hospitais federais no Rio de Janeiro iniciaram uma greve nesta quarta-feira (15) por tempo indeterminado. Os profissionais lutam por reajuste salarial, valorização das carreiras e contra o desmonte das instituições federais de saúde no estado.  

A greve foi aclamada em assembleia no último dia 6, e após discussões diretas sobre a situação dos hospitais entre o governo e o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindisprev).  

Entre as principais reivindicações estão a recomposição salarial de 49%, a realização de concurso público, a prorrogação de todos os Contratos Temporários da União (CTUs), o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo e do piso da enfermagem em valores integrais, além da inclusão da categoria na carreira da Ciência e Tecnologia e a reestruturação dos hospitais que atualmente estão sucateados.

Outra questão de preocupação levantada por funcionários e também por médicos, é a proposta de divisão do complexo da saúde federal, que prevê a entrega das unidades da rede à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ao Grupo Hospitalar Conceição, ao governo do estado do Rio de Janeiro e à Prefeitura do Rio. De acordo com os servidores, o fatiamento e a privatização pioraram o serviço entregue à população.

“As assembleias têm sido marcadas pela participação dos médicos, o que é muito importante para nós porque os médicos têm um problema salarial derivado de uma gratificação não reajustada ao longo de muitos anos, o que faz com que esses profissionais às vezes recebam salários menores até mesmo que os dos auxiliares de enfermagem. Portanto, estamos com perspectiva muito positiva em relação à greve. É uma greve por direitos, por dignidade, por uma vida melhor”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ,

Durante a paralisação, apenas serviços essenciais como hemodiálise, diálise, quimioterapia e oncologia estarão funcionando nos seis hospitais federais. Consultas, exames eletivos não oncológicos e cirurgias eletivas estarão suspensos. Conforme o sindicato, as unidades vão funcionar com apenas 30% do quadro de funcionários.      

Durante a manhã, os servidores do Hospital Federal Cardoso Fontes fizeram uma manifestação. A unidade é uma das que sofrem com o sucateamento dos hospitais no Rio. Na segunda-feira, o teto do banheiro do setor de hemodiálise desabou e só não deixou nenhum ferido porque, por sorte, o banheiro estava vazio.

Segundo funcionários, “já era uma tragédia anunciada porque havia uma grande rachadura no teto”.  

Recentemente, o teto do posto de enfermagem do setor de diálise também desabou. Além disso, os servidores também relatam falta de quimioterápicos usados para o tratamento de pacientes com câncer.

“Nós queremos ter uma carreira que nos dignifique e valorize o serviço. Temos acordo de greve assinado que tinha 3 itens de pauta e o governo não cumpre. A gente não recebe valor da insalubridade, lida com doença infectocontagiosa, deveria receber grau máximo. A gente tem uma situação absurda”, afirma Christiane Gerardo.

Fonte: https://horadopovo.com.br/servidores-de-hospitais-federais-no-rio-de-janeiro-denunciam-desmonte-e-aprovam-greve-por-reajuste/