Tarcísio gasta R$ 33,6 milhões em coletes a prova de balas reprovados em teste para policiais de SP

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Após deixar os coletes ultrapassarem o prazo de validade, governo adquiriu modelo que falhou em teste balístico realizado em novembro de 2023

O governo do estado de São Paulo anunciou a aquisição de um lote de 17 mil coletes à prova de balas, totalizando um investimento de R$ 33 milhões. A compra foi realizada pelo Centro de Material Bélico (CMB) da Polícia Militar, e a distribuição dos equipamentos teve início na semana passada. Contudo, a qualidade dos coletes foi questionada após um teste balístico resultar na perfuração de uma das amostras, o que contrariava as especificações do edital.

A empresa francesa Protecop, vencedora da licitação, tem como principal cliente o governo paulista. Sua representação no Brasil é feita por Victor Hugo Acuña Muñoz, chileno residente no país. Em resposta aos questionamentos sobre a falha no teste, Acuña afirmou que os coletes atendem rigorosamente aos padrões internacionais e nacionais de segurança. Ele explicou que a substituição da amostra ocorreu por se tratar de um teste destrutivo — procedimento padrão nesse tipo de avaliação.

A Protecop ficou em segundo lugar na disputa pelo preço. A empresa que apresentou a proposta mais barata, Coplatex, foi eliminada durante o teste de flexibilidade e não teve direito a um novo teste antes da fase balística. Já a terceira colocada, Inbra, solicitou ser declarada vencedora após a reprovação das concorrentes, mas o pedido foi negado.

Nos testes balísticos realizados sob condições controladas, diferentes amostras dos coletes foram submetidas a disparos. Uma das unidades fornecidas pela Protecop foi perfurada por completo, resultando em sua reprovação conforme as regras do edital, que previam a eliminação em caso de transpassamento.

Em 21 de novembro, o pregoeiro oficializou a reprovação da amostra da Protecop. No entanto, em reunião realizada em 28 de novembro com os concorrentes, discutiu-se a possibilidade de retestes para as empresas reprovadas.

Após questionamentos sobre as condições do novo teste, os responsáveis pela licitação esclareceram que apenas as amostras já testadas seriam reavaliadas, sem a inclusão de novas unidades. Apesar disso, a Protecop solicitou e obteve permissão para apresentar uma amostra diferente, alegando que a anterior havia sido destruída no teste. A decisão foi contestada por três concorrentes, mas seus recursos foram negados.

Em nota, a Protecop destacou que os coletes adquiridos trazem melhorias em conforto e ergonomia e atendem às normas do Exército Brasileiro e a padrões internacionais. O representante da empresa afirmou:

“Nossa experiência no setor é amplamente reconhecida, e cada colete está preparado para os riscos enfrentados pelos policiais. Os equipamentos possuem certificação pela Norma NIJ 0101.06 (National Institute of Justice, EUA) e pela Norma Técnica NT 03/2021 da Secretaria Nacional de Segurança Pública, atestando sua qualidade e segurança. A proteção dos usuários é nossa prioridade máxima.”

A Polícia Militar de São Paulo reforçou que o processo seguiu integralmente a Lei de Licitações (nº 14.133/2021) e que todos os certames são submetidos aos órgãos de controle, como a Procuradoria Geral do Estado e o Tribunal de Contas do Estado.

Fonte: https://horadopovo.com.br/tarcisio-gasta-r-336-mi-em-coletes-a-prova-de-balas-reprovados-em-teste-para-pms-de-sp/