Tarcísio nomeou funcionária da Equatorial para presidir Sabesp antes da privatização

Karla Bertocco chefiou a Sabesp enquanto governo prepara a privatização – Foto: Reprodução

A presidente do conselho de administração da Sabesp, Karla Bertocco, ocupava, até dezembro, um cargo no conselho da Equatorial Energia, empresa que anunciou a compra das ações de referência da estatal de saneamento de São Paulo no processo de privatização realizado pelo governo Tarcísio de Freitas.

A presença de Bertocco nos conselhos das duas empresas demonstra o claro favorecimento da empresa de energia, e que não possui praticamente nenhuma experiência em saneamento, no desmonte do serviço público paulista pelo governo Tarcísio. A Equatorial Energia foi considerada a pior distribuidora de energia do país, segundo ranking da Aneel, e é responsável por inúmeros apagões no Rio Grande do Sul, Goiás e Piauí.

“São inúmeros os escândalos promovidos pela gestão Tarcísio neste processo de desmonte da Sabesp. Como garantir que a Equatorial não obteve informação privilegiada em relação à Sabesp?”, denuncia a direção do Sindicato de Trabalhadores da Sabesp, o Sintaema.

Outros interessados em participar da privatização desistiram ao longo do processo após limitações e regras estipuladas pela gestão Tarcísio, mostrando que as cartas estavam sendo jogadas para a empresa privada cujos proprietários são o banqueiro Daniel Dantas, do fundo Opportunity, as gestoras Atmos, Capital World Investors, Squadra Capital e o fundo norte-americano de investimentos Blackrock.

Bertocco integrava o conselho de administração da Equatorial desde julho de 2022, quando assumiu a vaga deixada pelo CEO Augusto Miranda, que renunciou ao cargo, mas permaneceu na presidência executiva do grupo.

Pouco menos de um ano depois, em maio de 2023, foi eleita presidente do conselho de administração da Sabesp, passando a acumular as duas funções. A executiva ainda é sócia da gestora de fundos Mauá Capital e membro do conselho da Orizon Valorização de Resíduos — cargos que já tinha na época e mantém hoje.

A saída da administração da Equatorial só foi formalizada em 29 de dezembro do ano passado, quando Bertocco enviou uma carta de renúncia ao conselho, 23 dias após a privatização da Sabesp ser aprovada na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Em nota, a gestão Tarcísio afirmou que Bertocco pediu desligamento da Equatorial meses antes de o diálogo com grupos interessados na privatização começar. Disse também que o conselho da companhia não participou das decisões sobre modelagem.

Fonte: https://horadopovo.com.br/tarcisio-nomeou-funcionaria-da-equatorial-para-presidir-sabesp-antes-da-privatizacao/