Trabalhadores da Fiocruz defendem ruptura da cooperação científica com o regime genocida de Israel

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

“Defendemos que instituições de ciência brasileiras, como a Fiocruz, interrompam qualquer relação com organizações que são parte da maquinaria do colonialismo e do genocídio”, defende manifesto

Trabalhadores da Fiocruz redigiram um manifesto em que cobram do governo brasileiro a ruptura da cooperação científica e tecnológica entre Brasil e Israel. Cerca de 400 trabalhadores, pesquisadores e acadêmicos que fazem parte da Fiocruz assinaram uma declaração nesta quinta-feira fazendo um apelo para que o Brasil suspenda qualquer tipo de cooperação que possa existir com Israel no campo das ciências, pesquisas ou tecnologia. 

“Afirmamos, por meio deste manifesto, que estamos do lado das vítimas, tanto daquelas que ainda podem ser salvas quanto das que se foram e precisam ter sua memória preservada. Estar do lado das vítimas da opressão é estar ao lado da justiça e da verdade”, afirma o documento dos trabalhadores da Fiocruz.

A proposta é uma reação ao ataques do governo de Benjamin Netanyahu, qualificado como genocídio contra o povo palestino em Gaza, em especial diante da destruição e ataques contra hospitais, ambulâncias e médicos. 

“Como profissionais e cidadãos comprometidos com o direito universal à saúde e à vida, defendemos a ruptura com o regime genocida de Israel. Declarações de condenação por parte das lideranças mundiais importam, mas não são capazes de parar o genocídio. Viemos nos juntar àqueles que cobram ações concretas”, dizem.

Os trabalhadores afirmam que se somam a uma ampla campanha internacional que exige boicote, desinvestimento e sanções (BDS). “Conclamamos o governo brasileiro a romper relações econômicas e diplomáticas com o Estado de Israel, incluindo a cooperação com as forças militares e policiais brasileiras e o fornecimento de combustível a Israel”, afirmam. 

“Defendemos também que instituições de ciência brasileiras, como a Fiocruz, interrompam qualquer relação de cooperação e intercâmbio científico, tecnológico e acadêmico com instituições congêneres de Israel, pois são parte da maquinaria do colonialismo e do genocídio”, sugerem.

O grupo lembra que o “isolamento diplomático, econômico, comercial, científico, tecnológico e esportivo foi fundamental para a queda do apartheid sul-africano”. “Exigimos o mesmo tratamento para o apartheid israelense. A solidariedade ao povo palestino é uma causa e uma luta internacionalista, anticolonial, feminista e antirracista”, destacam.

O manifesto denuncia que os bombardeios às unidades de saúde e os assassinatos e prisões de profissionais de saúde expressam, de forma clara e contundente, as violações e privações ao direito fundamental à saúde praticadas pelas forças de Israel e são parte inseparável do projeto genocida que está sendo executado. 

“Após um ano, a Organização Healthcare Workers Watch confirmou a morte em Gaza de 1.200 trabalhadores em saúde, e de 384 detidos ilegalmente pelas forças de ocupação de Israel. Segundo depoimentos, houve tortura sistemática e tratamento desumano nas prisões. Foram mortos ou presos cerca de 1⁄4 dos médicos experientes”, aponta o documento. 

“O uso de tecnologias de repressão permanente nos territórios invadidos e ocupados faz da tragédia palestina um laboratório de testagem de equipamentos militares, armamento e táticas de controle e extermínio populacional, que são exportados para forças militares como as polícias brasileiras, que frequentemente reproduzem formas de violência comparáveis, especialmente contra as populações pobres, negras e indígenas nas favelas, nas periferias, no campo e nas florestas”, apontam.

“O governo de índole neonazista de Israel é um fora da lei internacional que aterroriza o Oriente Médio. Na Palestina, executa dois crimes simultâneos contra a humanidade: limpeza étnica para a usurpação de territórios e genocídio contra o povo palestino. Se nada interromper essa barbárie, não restará mais população palestina em Gaza”, continuam. 

O documento afirma que é preciso continuar a pressão sobre Israel, e seus principais apoiadores – EUA, Reino Unido e os países da União Europeia. “Uma resistência internacional solidária pode mudar o rumo desse massacre”, diz o documento. 

Lembrando dos horrores do holocausto, perpretados pela Alemanha nazista, os trabalhadores afirmam se tratar de uma questão moral e, mais que isso, de humanidade defender a vida do povo palestino. 

“Mais do que nunca, é urgente agir. Os massacres e a usurpação das terras palestinas, que ocorrem há mais de 70 anos, atingem agora um ponto de inflexão gravíssimo rumo a uma  ‘solução final’, a tentativa de eliminação do povo palestino em Gaza. O que ocorre hoje em Gaza e nos territórios ocupados já vem sendo considerado como a maior tragédia do século XXI, ‘um teste moral decisivo para a humanidade’”, alertam.

“Pelo princípio de solidariedade internacional, os trabalhadores de saúde não podem se calar diante da agressão inominável do Estado de Israel, do genocídio em curso e da tentativa de inviabilizar a vida da população palestina em Gaza”, defendem.

Fonte: https://horadopovo.com.br/trabalhadores-da-fiocruz-defendem-ruptura-da-cooperacao-cientifica-com-o-regime-genocida-de-israel/