A inteligência artificial (IA) consolidou-se como a principal catalisadora de novos unicórnios no cenário global de startups em 2024, mesmo diante de uma desaceleração geral no mercado de venture capital. Dados da AltIndex.com revelam que, das 83 empresas que atingiram o status de unicórnio no ano passado, 36 eram startups de IA, representando 45% do total, um aumento significativo em relação às 22 empresas do setor que alcançaram esse patamar em 2023.
Já o investimento global em startups de IA atingiu a marca de US$100 bilhões em 2024, conforme dados da Crunchbase. Nos Estados Unidos, essas empresas captaram 35% de todo o capital de risco investido, estabelecendo um novo recorde histórico. Esse volume expressivo de investimentos impulsionou empresas desta vertente, que viram sua avaliação dobrar de valor com o passar dos anos.
Outras empresas também se destacaram nesse cenário. A Databricks, por exemplo, levantou US$10 bilhões em uma rodada de financiamento, elevando sua avaliação para US$62 bilhões. A Anthropic, apoiada pela Amazon, alcançou uma avaliação de US$60 bilhões, enquanto a xAI, fundada por Elon Musk, foi avaliada em US$50 bilhões.
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A ascensão das startups de IA também é evidenciada pela rapidez com que alcançam o status de unicórnio. Enquanto empresas de outros setores levam, em média, nove anos para atingir esse marco, as startups de IA estão alcançando-o em apenas dois. Um ritmo acelerado que indica uma maturação mais rápida dos modelos de negócios baseados em IA e uma demanda crescente por suas soluções.
Geograficamente, os Estados Unidos lideram com mais de 60% das startups de IA avaliadas em mais de US$1 bilhão, evidenciando a concentração de inovação e capital no país. No entanto, outras regiões também estão ganhando destaque. A Mistral AI, sediada na França, por exemplo, levantou €600 milhões em junho de 2024, elevando sua avaliação para €5,8 bilhões, tornando-se a principal startup de IA fora da área da baía de São Francisco. Na China, a DeepSeek impulsionou investimentos significativos em IA, com empresas como a Alibaba comprometendo mais de US$52 bilhões em nuvem e IA.
No Brasil, o cenário é promissor, embora ainda incipiente. O ecossistema local está nos primeiros passos da corrida da IA, mas já mostra sinais de vitalidade. Segundo a Sling Hub, startups brasileiras com aplicações em IA captaram mais de R$500 milhões em 2024, com destaque para áreas como saúde, finanças e produtividade.
Ainda não vivemos, por aqui, um boom de unicórnios. O que vemos é uma adoção crescente e pragmática de IA para resolver problemas reais do mercado latino-americano. Startups como Looqbox, Zetta Health e Cortex vêm usando IA generativa e machine learning para transformar setores onde os dados, historicamente, foram subaproveitados.
IA não é hype. Mas também não é mágica.
Para os fundadores brasileiros, o maior risco não é ignorar a IA — é adotá-la sem propósito, como uma buzzword. Em um mercado cada vez mais criterioso, soluções genéricas, sem clareza de aplicação, não atraem investidores.
É preciso responder com objetividade:
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Como a IA se conecta ao meu core business?
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Quais decisões ela acelera, automatiza ou qualifica?
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Que vantagem competitiva ela gera — e como isso escala?
Fundadores capazes de responder a essas perguntas com consistência e visão estratégica tendem a atrair mais atenção (e capital) nos próximos ciclos. Não por estarem surfando uma moda passageira, mas porque estão construindo com critério.
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Fonte: https://itforum.com.br/noticias/ia-catalisadora-de-novos-unicornios/