Inteligência artificial acabará com ERPs em dez anos, diz CEO da Rimini Street

CEO da Rimini Street, provedora de serviços de gerenciamento e suporte de software empresarial, Seth Ravin é categórico em sua visão sobre o futuro do ERP: nos próximos dez anos, esses sistemas deixarão de existir como os conhecemos atualmente.

“Estamos em um caminho no qual softwares de ERP não serão mais necessários dentro de uma década. O que está acontecendo é uma transformação completa na forma como pensamos a TI, especialmente os ERPs – que costumavam ser um grande pacote de software, mas que, no futuro, devem se tornar uma referência para processos que fazem o dia a dia dos negócios funcionar”, explicou.

Ravin compartilhou sua perspectiva sobre o futuro dos sistemas de ERP durante uma visita ao novo escritório da Rimini Street em São Paulo, nesta segunda-feira (23). Segundo ele, essa mudança será impulsionada, principalmente, pelo avanço dos agentes de IA. Em sua opinião, eles serão responsáveis por automatizar, cada vez mais, os fluxos de trabalho das empresas, reduzindo a complexidade dos ERPs monolíticos para um ecossistema de soluções conectadas via APIs.

Nesse contexto, a TI deverá assumir um papel cada vez mais próximo ao de uma “orquestradora” de sistemas de inteligência artificial. “Quando pensamos em IA, imaginamos uma TI estruturada em camadas: começando pelo hardware, passando pelos sistemas operacionais, a camada de dados e, por fim, as aplicações. Agora, estamos falando de uma nova camada de orquestração, na qual a IA passa a atuar, posicionando-se acima de sistemas como SAP, Oracle e outros”, observou.

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“Tradicionalmente, os CIOs eram profissionais de backoffice, responsáveis por manter as luzes acesas ou agir como bombeiros, apagando incêndios quando algo dava errado. Hoje, porém, estão sendo questionados pelos Conselhos sobre como a IA pode contribuir para os resultados da companhia. Mas isso não é algo simples no universo da inteligência artificial”, complementou Eric Helmer, CTO e vice-presidente da empresa.

Em outubro do ano passado, a companhia anunciou uma parceria com a ServiceNow, plataforma de automação de fluxos de trabalho, para se preparar para esse cenário de transformação. O objetivo da aliança é oferecer uma nova alternativa para empresas que desejam reduzir os custos de manutenção de seus sistemas de ERP e abrir espaço para inovação por meio da adoção de soluções baseadas em IA.

O Brasil serviu como laboratório dessa colaboração. Em maio deste ano, a Apsen Farmacêutica, indústria paulistana de medicamentos, adotou a solução conjunta das companhias para automatizar fluxos de trabalho. A empresa tornou-se o primeiro case global dessa parceria.

Com o projeto, a organização optou por permanecer no ECC 6, ERP da SAP cujo suporte será encerrado até 2030. Os recursos que seriam destinados à migração para o S/4 Hana serão empregados em novos projetos com a ServiceNow. A iniciativa já proporcionou ganhos de 70% em processos que antes exigiam intervenção humana. “Esse projeto já virou vitrine para nós”, comentou Ravin.

Brasil na vanguarda para a Rimini

O Brasil é, atualmente, um dos mercados estratégicos para a Rimini Street. Por ser uma empresa de capital aberto, a organização não divulga detalhes sobre o crescimento de sua operação local, mas enxerga diversas possibilidades para a expansão de seus negócios no país.

Uma dessas oportunidades, de alcance global, é a janela criada pelo fim do suporte ao ECC 6, o que tem movimentado o mercado. No contexto brasileiro, no entanto, essa transformação é acompanhada de outra mudança relevante: a reforma tributária. A alteração legislativa exigirá uma série de adaptações nos sistemas de gestão empresarial, e os clientes têm buscado se preparar para um cenário ainda incerto.

“Há muita complexidade prevista para os próximos dez anos. Os sistemas não foram projetados para operar com múltiplos regimes tributários. Nós temos expertise nessa área, e isso já está impactando nosso negócio”, explicou o CEO.

Além das oportunidades comerciais, o Brasil é hoje um dos principais polos globais de atendimento da Rimini Street. A partir daqui, a companhia oferece suporte a clientes de todas as Américas, incluindo os Estados Unidos.

O novo escritório em São Paulo já conta com um Centro de Capacidades Globais (GCC), que apoia clientes de diferentes regiões do mundo. A unidade é liderada por Eduardo Borba, ex-Sonda e SAP Labs, que se juntou à Rimini no final de 2024. Além do Brasil, apenas Índia e Malásia abrigam GCCs da empresa. O objetivo é expandir de cerca de 200 para mil engenheiros no país nos próximos dois anos.

Para atingir a meta, afirmou o CEO global, a companhia não pretende se restringir a São Paulo. “Nós vemos grupos de talentos em outras regiões do Brasil. Então, sim, espero abrir pequenos escritórios em outras partes do país”, declarou.

Fonte: https://itforum.com.br/noticias/ia-fim-erp-ceo-rimini-street/