Eles são verdadeiros colossos da engenharia, desafiando a física ao decolar e pousar. Os aviões de passageiros com dois andares — como o Boeing 747 e o Airbus A380 — continuam entre os favoritos dos viajantes.
Talvez pela cabine silenciosa e espaçosa, ou pelos luxos oferecidos a bordo, como suítes com chuveiro e bares. Para os entusiastas da aviação, há ainda o charme de voar no andar superior ou na icônica “parte do nariz” do avião. Mas é somente uma questão de tempo até que esses gigantes se despeçam de vez.
Há mais de 50 anos, o 747 inaugurou a era dos “jumbo jets”, tornando as viagens aéreas mais acessíveis ao redor do mundo. Hoje, no entanto, esses aviões são grandes e caros demais para a maioria das companhias.
Ainda assim, os passageiros terão a chance de voar neles por pelo menos mais uma década. Atualmente, 11 companhias aéreas mantêm aviões de dois andares em operação. E para seguir competitivas, algumas estão até investindo em melhorias, como novos assentos e atualizações no serviço de bordo.
Como será o futuro dos superjumbos?
Nenhum desses modelos é mais fabricado. A Boeing encerrou a produção do 747 em 2022, e a Airbus fez o mesmo com o A380 — o maior avião de passageiros do mundo — em 2021. Isso significa que sua sobrevivência depende dos exemplares que já estão nas frotas.
A pandemia acelerou a aposentadoria desses modelos, como foi o caso da Air France, que retirou permanentemente seus 10 A380s. “O problema do A380 não é necessariamente o tamanho, mas a baixa eficiência”, explica Brian Sumers, especialista em aviação e fundador do *The Airline Observer*.
“A Boeing percebeu antes da Airbus que o futuro estaria nos jatos de corredor único, mais leves e com dois motores. Agora, claro, ambas já sabem disso.”
Mesmo assim, atrasos na produção e restrições no fornecimento global de peças dificultam a entrega de novas aeronaves. Isso, somado à demanda contínua por experiências premium, está prolongando a vida útil dos A380 e 747.
Qantas e Etihad, por exemplo, chegaram a se preparar para aposentar o A380, mas acabaram trazendo seus aviões de volta aos céus.
A britânica Global Airlines, uma startup do setor, foge do padrão: comprou um A380 usado e planeja adquirir outros três. A ideia é operar voos transatlânticos ainda este ano com um A380 de 16 anos. Mas a viabilidade econômica do plano é questionável.
“O setor aéreo já é desafiador em condições normais. Operar com uma frota pequena e ineficiente torna tudo ainda mais difícil”, comenta Sumers.
E há mais uma reviravolta: pode-se dizer que o último Boeing 747 ainda nem entrou em operação. Dois novos 747-8 estão sendo adaptados — em meio a polêmicas — para se tornarem os futuros aviões presidenciais dos EUA (Air Force One), com estreia prevista para 2029.
Companhias que ainda operam 747 e A380
Confira as companhias que ainda voam com aviões de dois andares — incluindo aquelas com as melhores experiências a bordo (sim, estamos falando de bares, lounges, suítes e muito mais).
Air China
Uma das três únicas companhias que ainda usam o Boeing 747 (as outras são Lufthansa e Korean Air). Tem nove unidades — dois 747-400 e sete 747-8 — e, por ora, não há planos de aposentadoria.
ANA (All Nippon Airways)
A maior companhia aérea do Japão foi a última a encomendar novos A380, em 2020. Tem três unidades, que operam exclusivamente entre Tóquio e Honolulu. Além de cabines modernas nas classes executiva e primeira, os aviões são decorados com uma pintura temática havaiana chamada Flying Honu. E o mais antigo deles tem somente seis anos.
Asiana Airlines
A sul-coreana Asiana possui seis A380s. No andar superior, há uma área de lounge com sofás, exclusiva para passageiros da classe executiva. A empresa deve se fundir com a Korean Air nos próximos anos.
British Airways
Recolocou seus A380 em operação no fim de 2021 e pretende mantê-los na frota por muitos anos. Em 2025, a companhia começará a reformar os 12 aviões com uma nova suíte de primeira classe.
Emirates
A companhia de Dubai é a maior operadora de A380s do mundo, com 116 aeronaves. E deve continuar voando com eles por mais de uma década. “A Emirates foi a única que realmente entendeu como tirar proveito do A380”, diz Sumers.
Os destaques incluem suítes de primeira classe com spa e chuveiro, bar e lounge na executiva, além de um novo investimento de bilhões para adicionar cabines premium economy em 67 aviões.
Etihad Airways
Reativou seu A380 de 486 assentos em 2023. Atualmente tem seis em operação e um sétimo deve retornar ainda este ano. É famosa pela “The Residence”, uma suíte de três ambientes com sala, quarto e banheiro — uma experiência digna de jato particular.
A bordo, há também nove assentos de primeira classe com cama e poltrona separadas, além de bar e spa. As rotas incluem Nova York, Londres, Paris e Singapura (Toronto entra no lugar de NY em agosto de 2025).
Korean Air
Opera tanto o 747 quanto o A380. Mas quem puder escolher, deve optar pelo 747, que tem interiores mais modernos e acesso direto ao corredor em todos os assentos da executiva — o que não acontece no A380.
“Alguns clientes nos escolhem justamente para voar em aviões de dois andares”, diz David Pacey, VP de serviços a bordo.
Embora ambos estivessem programados para aposentadoria até 2025, atrasos nas entregas mantêm os aviões em operação. Em março, a companhia lançou um novo serviço a bordo, com menus reformulados e itens de conforto da marca Frette.
Também oferece uma das maiores áreas para as pernas na classe econômica, com 33–34 polegadas de distância entre assentos.
Lufthansa
Maior operadora mundial do 747, a alemã Lufthansa planeja manter esses aviões por mais tempo. Os modelos 747-8 vão passar por reforma, com novas suítes de primeira classe, cabine executiva Allegris e uma premium economy modernizada.
Enquanto isso, oito A380s já voltaram à ativa, com mais dois a caminho. O retorno se deve aos atrasos na entrega do Boeing 777-9. A partir do próximo ano, o A380 também terá uma nova classe executiva, substituindo o layout antigo 2-2-2.
Qantas
A aérea australiana reformou seus A380s nos últimos anos, com mais assentos premium, 70 novas suítes na executiva, uma seção estendida de premium economy com 60 assentos, além de melhorias na primeira classe e no lounge de bordo.
“O A380 sempre foi um favorito dos nossos clientes desde que começou a voar em 2008”, diz o CEO Cam Wallace.
Ele afirma que os aviões devem seguir em operação até 2032, quando serão substituídos pelo Airbus A350. Atualmente, oito A380s estão em operação, com dois adicionais voltando em 2025 — um deles para a rota Dallas–Sydney, a partir de agosto.
Qatar Airways
A Qatar Airways tem uma frota de oito A380s, ainda sem previsão de aposentadoria. Embora esses aviões não contem com a moderna Qsuite da classe executiva, oferecem bar a bordo, lounge e uma cabine de primeira classe com oito assentos.
Singapore Airlines
Opera 12 A380s, famosos por suas luxuosas suítes de primeira classe. São verdadeiros quartos com mais de 50 m², poltrona reclinável, cama separada (duas suítes podem se transformar em uma cama de casal) e portas deslizantes. A companhia não tem planos imediatos de aposentar a frota.
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Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/viagemegastronomia/viagem/por-que-voos-em-avioes-de-dois-andares-se-tornaram-cada-vez-mais-raros/