Um estudo recente realizado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) analisou amostras de água e sedimentos coletadas após a enchente que ocorreu no Rio Grande do Sul, entre abril e maio deste ano, e revelou a presença de metais como cádmio, cromo, cobre e níquel em níveis superiores aos permitidos por lei em diversos pontos da Bacia do Rio dos Sinos, especialmente em áreas urbanas da cidade de São Leopoldo, nos bairros Campina e Santos Dumont.
Nos dias 1 e 2 de julho, equipes de estudantes e professores da Escola Politécnica saíram a campo para realizar coletas em diversos pontos da bacia, desde Taquara até Canoas.
No total, foram coletadas 11 amostras de água superficial e 13 de sedimentos.
As coletas focaram em áreas periurbanas e urbanas afetadas pela enchente, com o objetivo de identificar possíveis contaminantes bioquímicos, como metais pesados e microrganismos, prejudiciais à saúde pública.
A pesquisa, que contou com a participação de estudantes e professores da Escola Politécnica, também detectou a presença de mercúrio em todas as amostras de sedimentos, embora em concentrações abaixo do limite legal.
Os teores mais elevados de mercúrio foram registrados nos bairros Vicentina e Scharlau, também em São Leopoldo.
No entanto, os níveis encontrados superam os valores de referência de qualidade para solos da região, indicando um risco de acúmulo do metal em futuras enchentes.
Além da contaminação por metais, as análises microbiológicas revelaram a presença de bactérias como Escherichia coli, mesófilas aeróbias e coliformes totais em 100% das amostras de sedimentos, indicando a possibilidade de contaminação por esgoto ou resíduos orgânicos.
Embora não exista legislação específica que determine os limites aceitáveis desses microrganismos em solos, esses níveis podem ser um indicativo de contaminação por esgoto ou resíduos orgânicos que foram trazidos pelas águas da enchente.
A presença de metais pesados e bactérias em níveis elevados nos sedimentos da bacia representa um sério risco à saúde pública e ao meio ambiente.
A contaminação pode afetar a qualidade da água utilizada para consumo humano e irrigação, além de contaminar o solo e a fauna local.
Diante dos resultados, os pesquisadores reforçam a necessidade de monitoramento contínuo dos sedimentos e da água da Bacia do Rio dos Sinos, especialmente em áreas urbanas impactadas pela enchente.
O acúmulo de metais e a contaminação bacteriológica podem representar riscos à saúde pública e ao meio ambiente, caso não sejam acompanhados de medidas preventivas.
A pesquisa seguirá em andamento, com o monitoramento das áreas.
*Sob supervisão de Bruno Laforé
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/bacterias-e-metais-pesados-sao-encontrados-na-agua-do-rs-apos-enchentes/