Menino de 12 anos é transferido de Manaus para transplante de coração no Rio

Um menino de 12 anos, paciente da Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes (FHCFM), foi transferido de Manaus para o Rio de Janeiro, onde passará por avaliação para um transplante de coração. Elias Catique foi levado na quinta-feira (1º) ao Hospital do Coração (HCOR), unidade de referência nacional para esse tipo de procedimento.

A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) organizou toda a logística da transferência por meio do programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e da Central de Regulação do Estado. Elias foi transportado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, acompanhado por uma equipe médica especializada e por seus pais.

A secretária de Estado de Saúde, Nayara Maksoud, ressaltou o acompanhamento contínuo desde o diagnóstico.

“Esse acompanhamento, no Estado, começa ainda na maternidade e prossegue sendo feito pela nossa unidade de referência, que é a Francisca Mendes”, afirmou.

Diagnóstico precoce e cuidado multidisciplinar

O diagnóstico da cardiopatia foi feito ainda no pré-natal. Desde então, Elias é acompanhado pela FHCFM com suporte integral. Mais de 50 profissionais participam do acompanhamento, incluindo pediatras, enfermeiros, assistentes sociais, cardiopediatras, cirurgiões cardíacos, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas.

A pediatra Ana Luiza Novelleto, da Fundação Francisca Mendes, detalhou o quadro clínico.
“Ele nasceu com bloqueio átrio ventricular congênito total. Significa que o coração batia bem fraquinho. Ele fez a primeira cirurgia com dois dias de vida. Pela patologia, a gente vê que a chance que ele tinha era realmente o transplante cardíaco”, explicou.

Família deixa Tabatinga em busca de tratamento

Os pais de Elias, Josimara Batista, de 37 anos, e Albismar do Nascimento, de 42, decidiram deixar Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus) para garantir o acompanhamento necessário na capital. Josimara comentou sobre a ansiedade nesta nova etapa.

“Eu tenho um pouco de medo, o que é normal, são 12 anos nessa luta com meu pequeno. Mas acredito que daqui para a frente vamos conseguir a vitória dele”, disse.

Albismar também destacou o suporte recebido.

“São muitas pessoas para agradecer: ao Estado, à direção, aos médicos. Todos têm se empenhado incansavelmente, só vendo para crer. Não é só porque estamos recebendo suporte não, estamos falando o que a gente viveu, como fomos assistidos aqui dentro”, afirmou.

O caso de Elias também é acompanhado pelo Projeto Congênito, uma parceria entre hospitais de referência, viabilizada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). A iniciativa fortalece o tratamento de cardiopatias congênitas com capacitação de equipes e intercâmbio de experiências.

A diretora-presidente da FHCFM, Roberta Nascimento, explicou o processo:

“Ele está indo, agora, para um outro hospital de referência para dar continuidade ao plano terapêutico de transplante cardíaco, que iniciou aqui, com todos os exames e avaliações necessárias.”

A cardiopediatra Clara Crubellati informou que o projeto está em funcionamento na unidade desde 2024 e promove a troca de expertises entre as equipes do HCOR e da FHCFM. A atuação abrange tanto a parte clínica quanto a capacitação das equipes.

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