Sumiço do Pantanal significa perder espécies raras de aves, plantas e animais

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O Pantanal é tão significativo para o mundo que, se fosse um país, ocuparia a 39ª posição no planeta com maior diversidade

É chocante o depoimento da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, durante audiência na Comissão de Meio Ambiente do Senado nesta quarta-feira. Foi uma fala pontuada de detalhes sobre o agravamento de uma situação nunca vista na história nessas dimensões, que põe 58% de todo o território sob o risco do fogo, com todas as consequências sobre a economia e a saúde da população e animais, e na qual, ao final, faz um apelo aos senadores para que aprovem o Marco para a Emergência Climática.

Um dos momentos de maior impacto no pronunciamento da ministra foi a sua afirmação, baseada em estudos científicos, de que as mudanças climáticas, associadas ao fenômeno de baixa precipitação, altas temperaturas e elevado processo de evapotranspiração, auxiliados diretamente pelas queimadas e desmatamentos, poderão gerar, de modo inevitável, o desaparecimento do bioma Pantanal.

A ministra assegurou que esse será, fatalmente, o desfecho para essa escalada de queimadas e incêndios florestais em biomas, principalmente em regiões da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal. O menor de todos os biomas brasileiros, que é um santuário de biodiversidade, corre risco de desaparecer, alertou a ministra, se forem mantidas as atuais tendências.

Ver o Pantanal desaparecer do nosso cenário, significa perder pelo menos 3.500 espécies de plantas, 650 tipos de aves, 124 espécies de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce, sendo que muitas delas já em risco de extinção. O Pantanal é tão significativo para o mundo que, se fosse um país, ocuparia a 39ª posição no planeta com maior diversidade.

É lá no Pantanal que vive o Tuiuiú, a belíssima ave-símbolo do bioma, com sua envergadura que pode chegar a 3 metros de aponta a ponta das asas, e que se encontra na categoria preocupante da Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza; é também aí o habitat da Onça-Pintada, a conhecida Rainha das Matas das Américas e do Pantanal, e sendo a única espécie presente do gênero Panthera. É um felino extremamente musculoso, podendo medir até 2,5 metros de comprimento, pesando em média entre 65 a 100 kg. Seu Estado de Conservação é considerado vulnerável pela IUCN.

Esse importante e raro bioma também acolhe o Jacaré-do-Pantanal, espécie que habita áreas alagadas da Bolívia, Pantanal, Paraguai e Argentina, animal que pode chegar a 3 metros de comprimento, e que tem gerado preocupação quanto seu estado de conservação. Também aí vive o Tamanduá-Bandeira, que embora presente em outros biomas brasileiros, tem marcante presença na Pantanal. Com suas garras fortes para abrir formigueiros e cupinzeiros, chegam a medir 2 metros de comprimento e pesar 45 quilos.

A Arara-azul-grande, considerada a maior arara do mundo, faz do Pantanal o seu reino, embora exista em outros ambientes do país e da América do Sul, inclusive na Amazônia. Pode atingir 98 centímetros de comprimento, apesar de de seu peso ficar em torno de 1,3kg. Resultante de longo esforço mundial em sua defesa, a Arara Azul subiu uma posição, saindo de “em perigo” para “vulnerável”.

A Ariranha, conhecida como “onças do rio”, graças a sua ferocidade, vive no Pantanal, mas pode também ser encontrada em outras regiões, como Amazônia. Mede 1 metro de comprimento e pesam pouco mais de 20 quilos. Uma importante serpente que habita o Pantanal é a a Sucuri-Amarela, uma espécie que pode chegar a 4 metros de comprimento, sendo as fêmeas maiores que os machos, podendo pesar até 50 kg. Seu estado de conservação é preocupante.

Outra espécie rara que aí habita é o Cervo-do-Pantanal, considerado o maior cervídeo da América Latina.