Foto: Divulgação/Polícia Civil –
Operação contra venda de CNH em Teresina e José de Freitas resultou na prisão de 17 pessoas, incluindo servidores e instrutores de autoescolas
Áudios obtidos pela Polícia Civil do Piauí revelam como servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PI) e funcionários de autoescolas facilitavam fraudes nos exames práticos para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Conforme a investigação, alunos chegavam a pagar até R$ 600 para obter a CNH. A operação, intitulada Cribelo, resultou na prisão de 17 pessoas, incluindo servidores do Detran e instrutores de autoescolas, além de apreensões de veículos e bloqueios de bens.
Em um dos áudios, uma instrutora de autoescola orienta um aluno sobre como agir durante a prova. Ela detalha que o aluno não deve estancar o carro, já que a ação seria facilmente registrada pelo sistema de monitoramento do Detran, que agora possui câmeras e dispositivos de georreferenciamento nos veículos. A instrutora ainda explica que os examinadores não podem falar abertamente durante o teste devido ao sistema de câmeras e microfones no carro, mas dão orientações discretas para os alunos, como pedir para “dobrar à direita” ou “acionar a seta”, sempre em voz baixa.
“Amanhã, o examinador não vai poder falar nada contra sobre o assunto. Eu vou passar o dinheiro para eles e eles vão facilitar, mas aí tu vai ter que fazer tudo bonitinho. Procure não estancar o carro. Aí ele vai ficar falando: ‘Dá seta, dobra à direita’, só que ele vai ficar falando baixo, ele não pode falar alto porque o carro é cheio de câmera. Se você estancar, eles não vão poder fazer muita coisa por ti […] Tu tem que ficar ligada para fazer direitinho.
Outro trecho dos áudios revela como a instrutora orienta o aluno a se manter calado durante o exame para evitar complicações. “Não pode falar nada, senão vai dar processo, então caladinha”.
No áudio, a instrutora também menciona que, caso o aluno não passe no teste, o valor pago será devolvido. No entanto, se ele for aprovado apenas na baliza, metade do valor será reembolsado. “Caso você não passe, que Deus me livre, tu vai passar. Caso você não passe, eles vão devolver o dinheiro e eu te devolvo o dinheiro. Caso você passe na baliza e fique no percurso, aí eles ficam com a metade e te devolvem a outra metade do dinheiro”.